LeonardoGS89 28/09/2022Vale a pena lerContos fortes, o livro foi publicado em 1964, em um contexto histórico no qual Moçambique passava por uma guerra pela independência de Portugal, daí pode-se surgir algumas possíveis interpretações dos contos que vão para o lado da crítica política e social, como também da distinção de classe e do racismo, o conto que dá título ao livro é de uma potência muito grande. Narrado em primeira pessoa por um garoto chamado Ginho, mas não quero nem comentá-lo aqui, pois vale a pena curtir a surpresa por inteiro, o conto inédito em livro ?Rosita, até morrer?, apresenta uma escrita totalmente diferente dos demais porque com muito sentimento vamos lendo a carta que Rosita escreve para seu ex-namorado que a abandonou grávida e o que é mais tocante é que ela não teve oportunidade de estudar muito, então a carta está escrita cheia de ?erros? e discordâncias gramaticais, outros contos que gostei bastante foram: ?A Velhota? que é sobre um rapaz que depois de ser agredido, decide ir até a casa da mãe e dos irmãos mais novos. Lá, ele se sente dividido entre contar aos irmãos pequenos sobre a brutalidade que enfrenta e um fiapo de esperança de que o futuro seja diferente para os irmãos, que talvez eles não se revoltem como ele ao ser humilhado ou que talvez os mais novos vivam numa época melhor, sem sem tantas humilhações, "Papá, cobra e eu" volta a ser narrado pelo protagonista do primeiro conto, em cuja propriedade há uma cobra que está causando problemas para a família, e veremos a aproximação do menino com o pai, que lhe dará sábios conselhos que talvez ele só compreenderá quando for maior e o conto e ?As mãos dos pretos" que traz a curiosidade de um garoto em entender o motivo de as palmas das mãos dos negros serem mais claras que o restante do corpo, curiosidade que gera muitas histórias com visões diferentes, algumas bem racistas, mas é a explicação da mãe que mais vai tocar o garoto, mas os outros contos também são ótimos, vale muito a pena ler.