Paradigmas 1

Paradigmas 1 Eric Novello...




Resenhas - Paradigmas 1


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Cris Lasaitis 28/12/2010

http://cristinalasaitis.wordpress.com/2009/03/29/leituras-de-marco2009/

Não é porque o filho também é meu, mas essa é uma das coletâneas melhor organizadas da cena literária atual. São 13 contos de 13 autores bastante diversificados em temáticas e estilos, todos eles se encaixam de algum modo nas designações da literatura fantástica, mas aqui não existem fronteiras claras de gênero e vanguarda, a proposta é justamente gerar uma quebradeira de rótulos. Creio que a maioria dos contos conseguiu cumprir com a missão.

Reparei que muitos autores investiram na quebra dos paradigmas por meio da reinvenção mitológica e, em alguns casos, com o tempero do erotismo.

+ Jacques Barcia em O Vento, Seu Fôlego. O Mundo, Seu Coração operou a tranfiguração da mitologia indiana em uma vertiginosa epopéia onírica.

+ Roberta Nunes em Una deu vidas passadas e ares de ficção científica à saga de Lilith. Belíssimo!

+ Já Fogo de Artifício, do Eric Novello, é um inusitado conto policial onde os bandidos são personagens de contos de fadas e a loura Alice com seu coelho inseparável não é mais uma menininha…

+ Em Aqui Há Monstros, Camila Fernandes praticamente inventa um novo mito grego, um jovem náufrago vai parar em uma ilha desconhecida onde é salvo por uma misteriosa mulher cuja beleza ele jamais pode olhar.

+ E quem disse que dragões não tem nada a ver com favela e tráfico de drogas? Essa conexão inusitadíssima é mérito do Bruno Cobbi, com O Mendigo e o Dragão.

+ Um Forte Desejo, de MD Amado, conta as aventuras sexuais de uma mulher independente com uma bizarra criatura.

+ Tem ainda uma escritora chamada Cris Lasaitis com sua alegoria moderna sobre um maestro narcisista e uma melodia mágica (Sinfonia Para Narciso).

+ Leonardo Pezzella com A Lenda do Homem de Palha praticamente inventou uma lenda popular tão pictórica quanto as que povoam o imaginário da cultura brasileira.

+ O conto da Ana Cristina Rodrigues, O Templo do Amor, traz um interessante duelo entre as duas maiores forças que norteiam a nossa existência: o amor e a morte.

+ A Teoria na Prática (excelente título) é uma grande sacada do Romeu Martins ao dar sentido e quintas intenções à cultura da pasmaceira que chamamos de teoria da conspiração. Ou você não percebeu que tem alguém interessado em fazer você acreditar que camisinha dá câncer?

+ O conto do Richard Diegues, MAI-NI Expressas é uma viagem alucinante num mundo ciber-futurista-distópico onde motoboys rompem fronteiras a mil e seiscentos quilômetros por hora para entregar o seu pacote antes que a guerra comece.

+ O Combate de Maria Helena Bandeira é um altar de sacríficios ao deus Xanam, o deus do acaso e também das roletas russas.

+ E Madalena, de Osíris Reis, é um conto de terror situado entre o grotesco e o escatológico, onde não há fronteira entre os pesadelos e a realidade para uma menina de nove anos aterrorizada e violada pelos seus monstros pessoais e pela religião. Lembra um pouco um caso que aconteceu no Pernambuco outro dia…

Acho que não deixei faltar ninguém. É isso aí, criançada, parabéns!
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MarceloBighetti 19/08/2010

MAI-NI Expressas (Richard Diegues)
Conto muito bom. O cenário é extremamente bem retratado. A trama é passada através de uma narrativa com rítimo intenso. Todos os detalhes deste ambiente criado é transmitido com precisão nos parágrafos entre os diálogos. Gostei bastante.

Vento, Seu Fôlego. O Mundo, Seu Coração (Jacques Barcia)
O ambiente e a trama são extremamentes exóticos e bizarros. A narrativa é boa e o rítimo tenso. Apenas senti que a visualização ficou difícil.

Um Forte Desejo (M. D. Amado)
Parei a leitura. Este tipo de conto, envolvendo situações sexuais, não se enquadra em meus princípios. Não gosto deste tipo de leitura.

O Mendigo e o Dragão (Bruno Cobbi)
Conto muito bem bolado. A trama é narrada de uma forma bem dinâmica, com suspense na dose certa e ação não exagerada. A idéia central é extremamente original. Na minha opinião a grande falha foi revelar de antemão a figura do Dragão. Tanto o título como a mini-introdução fazem a expectativa do aparecimento do dragão estragar a grande “cartada” do final. Infelizmente a surpresa do final não aconteceu de forma marcante devido a antecipação do que estava por vir.

Una (Roberta Nunes)
Uma leitura agradável. Com uma narrativa descontraída e precisão para descrever o cenário e princialmente as formas de vida diferente é possível realmente “ver” a história. A idéia original provavelmente não tem precedentes. A única coisa que não gostei, e isto não desmerece de forma alguma o conto e sim tem relação com minhas crenças pessoais, é um leve toque de desreipeito com a divindade de Deus.

Fogo de Artifício (Eric Novello)
Parei a leitura. Este tipo de conto, envolvendo situações sexuais, não se enquadra em meus princípios. Não gosto deste tipo de leitura. O conto estava indo bem até quase o final.

Aqui há Monstros (Camila Fernandes)
A primeira parte do conto é meio massante. Mas lá pelo meio a trama toma um rumo interessante e se torna muito agradável. Um conto triste e relativamente bem escrito.

Sinfonia para Narciso (Cristina Lasaitis)
Desde que soube do livro Fábulas do Tempo e da Eternidade da autora é estou querendo ler algo da Cristina. A maneira como ela conduz a trama do conto é marcante. Com uma linguagem requintada consegue transmitir a tensão e cenário de forma precisa. O conto é muito bom mas pessoalmente não gostei do final.

A lenda do Homem de Palha (Leonardo Pezzella Vieira)
Este na minha opinião é de longe o melhor conto da coletânea. Com narrativa descontraída mas ao mesmo tempo precisa, o autor consegue levar o leitor gradativamente ao ápice da história. Todo o suspense e tensão foram perfeitos. Muito bom.

A Teoria na Prática (Romeu Martins)
Gostei da trama criada. Conto interessante
O Combate (Maria Helena Bandeira)
Mesmo com uma narrativa boa a história não convenceu muito. Alguns elementos ficaram dispersos e sem foco.

O Templo do Amor (Ana Cristina Rodrigues)
A maneira como a autora transmitiu a personalidade e conflitos dos personagens foi excelente. O cenário é muito bem retratado e o final nos faz refletir sobre os princípios pessoais de cada um.

Madalena (Osíris Reis)
Quando li a mini introdução confesso que quase não comecei a ler o conto. Isto devido ao fato do autor ter desvirtuado o papel da mulher fazendo-o de forma generalizado. Como se diz por aí “ele foi infeliz” ao escrever a introdução. Mas me aventurei e percebi que o conto é muito bom, mas infelizmente foi corrompido pela introdução. A narrativa é muito boa e toda a trama muito bem traçada. A descrição da criatura é o ponto alto do conto.
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@lecobastos 17/03/2010

Abra as portas. Quebre os paradigmas!

Que convite absolutamente charmoso para iniciar um livro repleto de contos com os estilos mais apreciados pelo meu cérebro nerd.O livro é da Tarja Editorial, organizado por Richard Diegues. Vamos aos comentários conto-a-conto:

MAINI-IN Express > Richard Diegues

Bem melhor do que o conto do quarto volume, que se passa no mesmo universo que este, teve um forte apelo de tecnologias envolvidas em uma futura empresa de entregas em que os “carteiros” são os peões em um jogo de guerra entre países da América do Sul.

Vento, Seu Folêgo. O Mundo, Seu Coração > Jacques Barcia

Eu confesso que tive que dar um “gloogle it” antes de ter coragem de comentar este conto. O autor quis trazer para o nosso contexto dois épicos indianos: Mahabharata e Ramayana. Sinceramente, ainda estou digerindo a história. Tem guerra, nomes estranhos e explosões.

Um Forte Desejo > M. D. Amado

Assim como o conto Fogo de Artifício este traz uma forte marca de sexualidade bem adulta. M. D. Amado mostrou que não existem apenas lobisomens nos dias de Lua Cheia.

O Mendigo e o Dragão > Bruno Cobbi

Fantasia urbana. Para quem gostou de Tropa de Elite é uma boa, não pra mim.

Una > Roberta Nunes

Melhor conto desta coletânea. Una é uma extraterrestre que tem como missão levar o prazer aos mais diferentes planetas. Até chegar ao Planeta Terra e ter encontrar Ada, o nosso atual Adão.

Aqui Há Monstros > Camila Fernandes

Já conhecia os textos da autora de tempos atrás. A qualidade melhorou muito e a poesia em sua escrita também. Um náufrago em uma ilha que se apaixona por uma antiga criatura conhecida por todos os apaixonados por mitologia grega.

Fogo de Artifício > Eric Novello

O conto apresenta-nos o alter-ego do autor (espero não estar errado). O mago investigador do BEAST – Batalhão Especial de Assuntos Sobrenaturais -, Ícaro que trabalha em um caso de assassinatos cometidos pelos personagens de Alice no País das Maravilhas.

O conto nos introduz na “Torre Negra” do mundo de Novello, o bar Néon Azul, que é também o título do seu próximo romance que será lançado pela Editora Draco.

Sinfonia para Narciso > Cristina Lasaitis

Já tinha ouvido falar muito desta escritora, o prazer foi meu! Bem escrito e bem trabalhado, o problema fui eu atrás do livro, que não sou apaixonado por psicologia. Mas a história de Alberto e seu amor próprio é uma poesia para ser revisitada.

A Lenda do Homem de Palha > Leonardo Pezzella Vieira

O conto é bom. Às vezes eu até prefiro que os humanos se dêem mal em algumas histórias. Essa é uma delas, sobre um espantalho e um grupo de meninos idiotas.

A Teoria na Prática > Romeu Martins

Achei que puxou muito o saco do pessoal Terroristas da Conspiração. O conto poderia ter englobado temas melhores e mais interessantes...

O Combate > Maria Helena Bandeira

Esse conto merece aplausos, me enganou bonitinho. Pensei que era uma sociedade nos moldes gregos, pura ilusão.

O Templo do Amor > Ana Cristina Rodrigues

Ao embalo da música Temple of Love, a autora de Anacrônicas, escreveu um belo conto onde luxúria e morte divide uma fina linha.

Madalena > Osíris Reis

Madalena é uma jovem. O padre é um pedófilo. Ela é assombrada por uma criatura feroz. Ele pelos próprios desejos, sem vergonha. O conto aos poucos vai tornando-se angustiante.

Mais resenhas: www.melancolicomundo.blogspot.com
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Antonio Luiz 14/03/2010

Richard Diegues (MAI-NI Expressas) - conto dinâmico, sobre super-motoqueiros que atravessam o país para fazer entregas urgentes e perigosas - como o Hiro Protagonist de "Nevasca", mas em maior escala. Interessante e bem-humorado, apesar de as velocidades absurdamente exageradas prejudicarem um pouco a verossimilhança.

Jacques Barcia (Vento, Seu Fôlego. O Mundo, Seu Coração) - uma fantasia sobre uma civilização indiana tecnologicamente avançada (um pouco como alguns esotéricos da linha "Eram os deuses astronautas" imaginam a Índia do Ramayana) e seus deuses. O exotismo é atraente, mas a descrição exageradamente carregada acaba por sufocar a trama, como em um bom prato indiano cujo gosto não coseguimos sentir por excesso de curry...

M. D. Amado (Um Forte Desejo) - talvez o conto mais fraco do livro. A protagonista e a situação na qual se envolve não convencem e a história não cativa.

Bruno Cobbi (Dragão) - bem escrito, mas estereotipado. Usou a fantasia como pretexto para contar uma história de violência urbana, mas sem unir as duas coisas de maneira convincente.

Roberta Nunes (Una) - boa ideia, mas a linguagem de conto infantil escolhida pela autora não se adequou ao tema.

Eric Novello (Fogo de Artifício) - boa trama, estranha e insólita, parodiando "Alice" em um contexto adulto e picante. A cena de sexo final deixou a desejar: podia ser um pouco mais original e bem contada.

Camila Fernandes (Aqui Há Monstros) - conto baseado na mitologia grega, delicado e bem narrado, mas pouco marcante.

Christina Lasaitis (Sinfonia Para Narciso) - a história de um músico apaixonado por seu próprio talento. Tenho alguma dificuldade em aceitar como verossímil que dois personagens do conto, apontados como razoavelmente cultos, nunca tivessem ouvido falar de Narciso e narcisismo, mas de resto é um ótimo conto.

Leonardo Vieira (A Lenda do Homem de Palha) - um espantalho que sofre com as brincadeiras dos meninos do campo, exceto um que o teme e respeita, com os resultados que se pode imaginar quase desde o início. Senti falta de uma explicação mais satisfatória da atitude única do "amigo do espantalho", que parece forçada para conduzir o conto ao fim previsível.

Romeu Martins (A Teoria na Prática) - trata-se de uma longa piada sobre teorias da conspiração. A ideia não me cativou, embora seja uma história engraçada e bem contada.

Maria Helena Bandeira (O Combate) - não gostei da linguagem, simplista e objetiva de uma maneira que não combina com o conteúdo potencialmente poderoso da história e acaba por enfraquecê-la.

Ana Cristina Rodrigues (O Templo do Amor): uma história fluente que vai muito bem até quase o final, mas o desfecho não convenceu. Não pareceu consistente com a "realidade" do conto: se as sacerdotisas eram sempre a mesma, o assassino de aluguel encarregado de "matar o amor" deveria ter percebido isso desde o início.

Osíris Reis (Madalena) - enfim, um conto de terror que realmente impressiona. Talvez tenha carregado demais no maniqueísmo às avessas, mas é uma história inesquecível. Quem a ler, nunca mais vai ver a mula-sem-cabeça da mesma maneira. Para mim, o melhor do livro.
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