Julia G 23/07/2012O Diário Serial - Igor Castro"Morte. O único destino que todos temos em comum. É interessante pensar como a morte alcança a todos. [...] A única certeza absoluta da vida é a morte.
[...]
Eu tenho contato com a morte desde pequeno. Ela me persegue. Excita-me. Faz-me pensar mais nas coisas deste mundo, e de como algumas pessoas não mereciam levar a vida que levam. Ou ainda, que certas pessoas deveriam se encontrar com a Morte mais cedo. Mas, quem sou eu para determinar os que devem ficar e os que devem partir? Eu não tenho esse direito.
Certo, me perdoe. Eu menti. Se eu não puder dizer a verdade em meu próprio diário, onde direi? [...] Caberá a mim julgar quem não merece estar onde está, viver, sorrir, amar. Sinto-me como... como... um juiz!" (pág. 9)
O intenso movimento de turistas na cidade de Florianópolis comprovava a chegada do verão. As praias lotas e o trânsito caótico, tudo indicava que aquela segunda-feira seria mais um dia comum na central da DEIC. Não fosse uma caixa de isopor deixada na parte central da cidade, talvez tivesse sido mesmo um dia normal.
Dentro da caixa, uma caveira humana, com vestígios de sangue, junto a um crucifixo e um bilhete:
"Um por dia irá morrer, até que a justiça se faça valer. Hoje, EU sou o JUIZ"
É oficialmente o primeiro registro de serial killer na Ilha da Magia, fato que se confirma com o primeiro e brutal assassinato. Agora, os policiais Rodrigo e Gomes precisam correr contra o tempo para pegar esse maníaco. Juntando as peças, os responsáveis pela investigação percebem que o criminoso deixa em suas vítimas pistas que indicam quem será o próximo alvo. Todos os que foram mortos têm alguma ligação com o assassino, algo talvez infímo e que esteja sendo imperceptivelmente ignorado.
O Diário Serial, escrito por Igor castro e publicado pela editora Dracaena, conta uma história surpreendente. Apesar de a capa e a sinopse darem a entender um thriller assustador, o livro está um pouco longe disso; é um suspense instigante e inteligente, que se refere mais a encaixar as peças do quebra-cabeça e matar a charada, do que ao terror dos assassinatos. As cenas de morte contém certa crueldade e bastante sangue, mas nada com o que não se possa lidar; nesse caso, a insanidade do assassino se sobressai ao restante, colocando os detalhes menos "tranquilos" em segundo plano. Essa insanidade é bem ressaltada, por exemplo, nos trechos transcritos de seu diário, onde o culpado por todo esse sangue derramado, ainda desconhecido para o leitor, narra o prazer que lhe dá tirar a vida de alguém.
Rodrigo e Gomes mostraram ser policiais bastante inteligentes. Além de tentar acompanhar seus pensamentos e descobertas sobre o serial killer, me agradei dos personagens e torcia por eles durante a história. Um possível romance de Rodrigo até começou a se delinear na narrativa, mas alguns acontecimentos impediram que se concretizasse.
O livro é muito bom, a escrita é envolvente e os mistérios nos deixam grudados na história, principalmente para querer conhecer o assassino e, especialmente, o porquê de fazer tudo o que fez. Acabei descobrindo quem seria algumas páginas antes da revelação, mas isso não tirou o brilho da história, que teve um final bem elaborado e, mesmo que nos esmoreça um pouco, já que o autor acaba dando alguns poucos detalhes a mais antes da hora, foi arrebatador.
A Editora também está de parabéns pela diagramação do livro; a capa é impactante e tem tudo a ver com a história; os revisores fizeram um ótimo trabalho e as páginas amarelinhas com fonte no tamanho ideal facilitam a leitura. É impossível não elogiar a qualidade perceptivelmente maior a cada livro que leio da editora, o que mostra o trabalho sério que faz.
Indico a obra a todos que gostam desse gênero literário.