Resenhas - A Filha do Otimista

Eduardo 09/09/2012

primeira impressão de eudora.
Apesar de achar em geral meio frio o enredo do livro, ele tem partes mto amáveis, como estas citadas no histórico.

"Foi só uma tentativa de Laurel. Mas ninguém podia consolar Miss Adele Courtland. Ela sempre queria consolar o consolador."

isso é a vida, é gente, humano. é algo familiar mas cujo acesso é um tanto inacessível, pq não tem em qualquer livro. na maior parte a gente vê a superfície da vida. Welty ao mesmo tempo que vasculha a vida interior de seus personagens, como fez tão fortemente a nossa clarice, também não se limitava a isso, não descuidava das outras partes de seu enredo tão bem amarrado: descrevia muito bem todas as cenas, onde cada detalhe ou cada personagem secundário parece ter importãncia para o todo, e assim, vida. Eu gostei, preciso dar uma olhada nos contos, pq dizem que lá está o seu melhor.

Claire Scorzi 30/03/2021

Beleza impressionista
Ler A Filha do Otimista foi meu primeiro encontro com Eudora Welty, sobre a qual lera em "Ler, Viver e Amar em Los Angeles" - a heroína deste livro chama-se Eudora, a Dora, em homenagem à escritora, e fala dela.
Aviso ao leitor: evite a introdução ao romance. Entrega boa parte da trama e ainda faz interpretações que acabam nos influenciando. Leia depois, se quiser. Dito isso, ao terminar o romance e voltar à introdução para ler inteira, questionei algumas interpretações. Coisas de leitor...
O enredo simples foca em um pai idoso, uma filha viúva e a segunda esposa do pai, além de toda uma comunidade que rodeia a família numa cidadezinha do Sul dos EUA. Há ciúmes, medo, incompreensão, memórias dolorosas e talvez sufocadas, símbolos e metáforas, algumas claras, outras não.
Minha leitura foi curiosa porque de inicio tive uma suspeita, praticamente certeza, sobre uma das figuras do livro, pus de lado e tentei ver a situação dessa personagem desagradável do ponto de vista dela - tentei lutar contra meu preconceito contra a criatura; e, quando acaba, eu estava certa, e somente achei que a descoberta do mau procedimento dela aparece como algo chocante e inesperado, quando achei que, lendo a cena, qualquer leitor atento pensaria o mesmo que eu pensei.
A Filha do Otimista tem seus encantos, mas devo dizer que eles não são logo visíveis, e que precisei avançar na leitura para percebe-los; são como um mosaico ou uma tela impressionista, talvez, que você precisa olhar de longe para então enxergar sua beleza; esta faz-se de um acumulo de cenas, de diálogos, de imagens, somente ai criando seu poder.
Vale como um 3.5.