Anna Laitano 29/06/2013Uma prova do talento dos autores nacionaisCapa linda, diagramação caprichada... Eu realmente queria muito ler este livro. Ainda assim, quando comecei, acabei enrolando a leitura, passando outros livros na frente. Quando finalmente tomei vergonha na cara e peguei pra ler de verdade... Que decepção comigo mesma por não ter lido antes!
A história se divide em três narrações: Olívia, Sophie e outro personagem, que não sabemos quem é no começo do livro. O mais interessante é que os três narradores têm suas histórias paralelas, mas que se cruzam em alguns momentos. É delicioso quando você vê as histórias que parecem tão diferentes se conectando, e a visão de outro personagem sobre determinado acontecimento. Foi algo bem construído mesmo.
Agora, algo que me encantou infinitamente foi a descrição dos cenários que Gabrielle nos trás. Eu nunca fui a Belo Horizonte e, ainda assim, quase pude visualizar cada lugar. Não entenda errado, não é uma descrição minuciosa, daquelas que chega ao ponto de ser entediante. Ela nos passa a quantidade necessária de informações para que você consiga se situar e imaginar com facilidade.
No quesito romance, alguns momentos não consegui evitar associar
Angellore com
Crepúsculo (o primeiro livro da série mesmo). Mas, apesar de já imaginar o que ia acontecer, e de estar torcendo por um futuro triângulo amoroso, confesso que gostei.
Lendo a sinopse, lembro de ter pensado que Olívia era a principal, mas, lendo o livro, considero Sophie como sendo. Portanto, achei que esta personagem foi mais bem construída do que a outra. Ainda assim, ambas são interessantes. Só gostaria de ter conhecido melhor um pouco da história da Olívia, assim como conheci da Sophie. E então temos Nicolae, o misterioso e sombrio. Ele tinha tudo para ser o tipo de personagem para o qual eu torço o nariz, mas algo no humor irônico dele me conquistou.
Outro ponto importantíssimo em uma ficção é o desenvolvimento da mitologia que sustenta a obra, e novamente Gabrielle fez isso muito bem. Na medida do possível (já que estamos tratando de uma série), tudo ficou bem explicado, coerente e plausível. Diferente de algumas séries, no primeiro volume de
Angellore, “Sussurro Noturno”, não são apenas levantadas questões que só serão respondidas depois, algumas coisas já são explicadas, e eu agradeço muito por isso. Também tem aquela nota de interligação com a realidade, da qual sou simplesmente fã. Aliás, por falar em ser fã, adorei como a autora não forçou um vocabulário exagerado, como certos autores nacionais que já vi, que usam palavras que nem professores de português usam.
Finalmente, gostaria de repetir que
Angellore foi surpreendente. Dos livros nacionais atuais que eu li, este ainda é o melhor. As porções de ficção, romance e suspense são apresentadas nas doses certas, e em diversos momentos eu me vi pensando: “Esse livro poderia virar um filme, ficaria muito bom”. Em minha opinião, Gabrielle mostra o potencial da literatura brasileira e, portanto, eu recomendo a leitura. O único ponto negativo é que, assim como eu, você ficará ansioso pela continuação.
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