Ari Phanie 22/05/2022592 páginas de muita luta (comigo mesma) e tédio.
Eu já sabia que não sou muito fã de livros que abordam teologia cristã. A não ser que metam muita ficção (como Dan Brown fez), e mesmo assim isso me cansa eventualmente. Mas com esse livro descobri que eu gosto menos ainda de teologia cristã medieval. Quando envolve a Inquisição eu até curto, mas apenas se é do ponto de vista de fora da Igreja. É claro que eu sabia que o livro se passava em uma abadia e que os personagens eram monges franciscanos, e também sabia que havia um tipo de suspense envolvendo assassinatos, e principalmente, que era um grande clássico. Foram esses dois últimos pontos que me motivaram a ler. Mas se eu tivesse a menor ideia de quantas discussões teológicas eu teria que suportar, passaria longe dele.
Isso quer dizer que o livro é ruim? Para mim, foi. Mas se você não tem problema com essa temática, é provável que não ache isso. No entanto, não foram apenas as discussões teológicas que me irritaram. A escrita densa e rebuscada não é o meu estilo preferido, e eu considerei isso um ponto negativo já que tornou a leitura muito mais enfadonha. E para além desse problema, o autor é prolixo. Ele se estende em descrições desnecessárias que não acrescentam nada de relevante, e só fazem a leitura ficar mais arrastada e desagradável. E até mesmo as descrições de investigação dos crimes ficam cansativas porque se prolongam em detalhes que não são realmente relevantes. Outra coisa que pra mim foi chato: as frases em latim. Sim, há tradução para as mais longas, mas no final do livro. Como se não bastasse a dificuldade de conexão com a história, ter que interromper a leitura o tempo todo para ver a tradução de uma frase me cansava ainda mais.
Os personagens também não entusiasmam. A maioria são velhos glutões cheios de certezas sobre tudo e vícios, e extremamente hipócritas. E quanto ao narrador, o Adso, ele é apático e ingênuo ao ponto de ser obtuso.
O que salvou esse livro de levar uma nota ainda mais baixa foram apenas duas coisas: o personagem Guilherme, que é inteligente e sensato, e faz a linha Sherlock Holmes. No começo, achei forçada a perspicácia dele, mas logo o personagem surpreendentemente me cativou. Ele enxerga as coisas sem a névoa do fanatismo religioso, sabendo que não se encaixam apenas nas categorias: “divino” e “profano”. O outro ponto foi a crítica à hipocrisia desses grandes homens religiosos, devotos e virtuosos que escondem ou ignoram grandes pecados e comportamentos de libidinagem e perversidade que são condenados nos outros. As mulheres são descritas como os mais malignos seres, mas no entanto, os atos mais perversos e condenáveis da história vieram desses santos homens. Não há nada mais realista do isso. Os “homens de bem” são sempre ótimos exemplos do que há de errado no mundo, religiosos ou não.
Quanto ao final, o mesmo não me surpreendeu, nem satisfez. O assassino era apenas um louco com motivações filosóficas e espirituais delirantes, e eu fui imaginar algo como uma seita. Bom, não era isso e a culpa é toda minha. Enfim, esse era um dos livros que eu mais tinha vontade de ler, um livro do qual eu esperava demais e acabou não sendo nada do que imaginei, e fiquei decepcionada. Por isso, não vou dizer que a culpa é completamente do livro porque não foi. Ele só não atendeu minhas expectativas e acabou sendo uma experiência desanimadora. Toda vez que eu abria o livro, só pensava que deveria abandonar ele. Mas não abandonei leituras piores, então fui na força do ódio. Infelizmente, não era pra ser.