Marina 21/03/2021Um dos livros mais bem escritos que já liDe uma sensibilidade imensa, o livro tem uma linguagem íntima (apesar de não ser fácil), e nos transporta para a realidade de Pecola Breedlove, uma menina negra crescendo nos anos 1940 nos EUA, cuja infância é entremeada por uma série de acontecimentos tristes.
Seu desejo pelo ?olho mais azul? marca profundamente a narradora, Claudia, outra menina negra que foi sua colega de escola, mas o racismo também aparece de forma mais bruta, estando na raiz dos traumas dos personagens que cercam Pecola e contribuem para as inúmeras violências que sofre a personagem.
Pecola é o resultado mais extremo da convergência de inúmeras dores e histórias produzidas pelo racismo.
Várias histórias mexeram muito comigo, chorei inúmeras vezes lendo. Uma das que mais me tocou foi a da mãe de Pecola, Pauline Breedlove, e de como sua vida levou à relação de distanciamento e crueldade que mantém com a filha, paralela à submissão e amor que ela nutre pelas crianças brancas de quem cuida.
O medo, a culpa, o ideal formado a partir de uma branquitude imposta, as estratégias de sobrevivência, a dor, a busca pela compreensão e por amor, o talento da autora em humanizar até os personagens que cometem os atos mais grotescos fizeram desse livro um dos melhores que já li.