spoiler visualizarlahmot 19/09/2023
Neil Gaiman, meu querido, grande figura e ilustre autor, mestre das mitologias, indivíduo o qual tenho como uma de minhas figuras paternas, essa trama, que é leve e ao mesmo tempo cheio de vertentes como uma teia de aranha, não me decepcionou.
A escrita do Neil Gaiman é muito engraçada com seu característico humor britânico, e somos trazidos para esse universo através de diversos pontos de vistas diferentes, desde o nosso protagonista, Charlie, a até mesmo o de um fantasma (ou nesse caso, chamado de duppy).
Charlie é aquele protagonista "homem comum" que vai ser introduzido junto ao leitor e aprender a lidar com a situação um tanto absurda tal qual as lendas africanas que nele são reais. Todos os personagens são muito carismáticos, desenvolvidos e importantes para a trama, mesmo aqueles que no começo eu torci o nariz, como o Spider. A mitologia africana em Filhos de Anansi é incrível, e eu que nunca tinha ouvido falar dessas histórias antes, adorei conhecer as lendas do Tigre e da Aranha.
O vilão caricato da história, o homem branco levando vantagens, teve aquele final incrível e inesperado que eu adorei e só não ri alto porque eu leio em público. As senhorinhas conhecidas de Anansi que ajudam o Charlie conforme vai tudo indo por água abaixo são a melhor parte do livro e minhas personagens favoritas, eu sem dúvidas almoçaria na casa delas e ainda traria potes pra levar as sobras pra casa. Faço menção honrosa à fantasma que eu não esperava que se tornasse uma personagem na história, a lenda não prometeu nada mas entregou tudo.
Há um pedaço específico, lá pelo começo, e perto da metade do livro, que eu me irritei um pouquinho, que foi toda aquele situação envolvendo o Spider e a vida do Charlie. Me incomodei por ele, e graças a isso achei o Spider um chato por boa parte do livro, mas conforme o enredo foi caminhando, a má visão que tinha dele foi se dissipando (e ele pagou pelo que fez né, então menos mal). Talvez por isso também não comprei muito ele terminando o livro com a Rosie, mas meh.
Grandes momentos do livro que me marcaram foi: o pai do Charlie puxando uma roda de pagode no hospital (na verdade não era pagode, mas fica mais engraçado se a gente imaginar que seja); o Charlie fazendo discurso no enterro de uma velhinha aleatória; toda a saga do limão (?) e todas as cenas em que as senhorinhas aparecem.
Eu não li Deuses Americanos, o que é estranho, eu sei, já que Filhos de Anansi é um spin off, mas eu consegui aproveitá-lo mesmo assim. É absurdo, hilário e contagiante como a batida de uma música que não sabemos de onde vem, mas quando nos damos conta, estamos batendo os pés no ritmo.