Natalia.Eiras 20/12/2014Resenha publicada no blog Perdidas na Biblioteca Eu fiquei curiosa em relação a este autor, quando vi uma matéria na revista Superinteressante sobre os 10 escritores nerds que nós precisávamos conhecer. Como uma nerd assumida, lá fui eu começar a "caçar" os livros desses autores, e durante uma troca de livros pelo skoob, tive a oportunidade de adquirir este livro.
Confesso que ele não é nada do que eu esperava. Imaginava um livro sobre deuses e com alguma aventura. Porém, me deparei com uma história muito doida!
Fat Charlie, que apesar de ter o apelido de Fat (gordo) não é gordo, esta de casamento marcado com Rosie. Durante os preparativos para a cerimônia, Rosie pergunta para Charlie se ele não vai convidar o pai para o casamento, e Charlie logo afirma que adoraria não convidar o pai, pois o mesmo passou a vida inteira de Charlie fazendo-o passar vergonha. Inclusive, o apelido de Fat Charlie, foi o pai dele que colocou.
Rosie se nega a acreditar que Charlie terá coragem de deixar o pai de fora da cerimônia e pede que ele ligue para uma vizinha, já muito idosa, que morava na rua em que Charlie cresceu e peça o telefone do pai para ela. Porém, quando Charlie entra em contato com esta senhora, ela lhe informa que seu pai morreu e que ele precisa viajar para a Flórida para o enterro. Uma mistura de tristeza (afinal, o pai dele morreu) e felicidade (por nunca mais correr o risco de passar vergonha por causa do pai) toma conta de Charlie, e ele viaja para o enterro.
Chegando lá, a velhinha (que não vive sem uma caneca de café nas mãos) leva Charlie para a casa do pai após o enterro e revela que o pai dele era na verdade um deus, e que ele tem um irmão que foi mandado embora quando ele era pequeno.
Como assim ele foi mandado embora? Porque ele nunca viu o irmão? E como assim o pai dele é um deus? Deuses podem morrer de infarto?
A velhinha lhe diz que se ele quiser encontrar com o irmão, basta ele pedir para uma aranha encontra-lo e ele aparecerá. Uma noite, Charlie encontra uma aranha em seu apartamento, e meio que de brincadeira, pede que a aranha leve um recado ao irmão dele: Ele gostaria de conhece-lo.
Pronto! No dia seguinte, Spike esta parado em sua porta, ansioso por conhecer o irmão. Mas Spike é um deus, e como um deus, faz apenas o que quer, logo, ele decide levar o irmão para "sofrer" adequadamente com a morte do pai deles. O "sofrimento" inclui bebidas, mulheres e música!
Um deus sabe como sofrer a dor de uma perda, não?!
No dia seguinte, Charlie esta com uma garota na cama, uma baita ressaca e muito atrasado para o trabalho, mas esta tudo bem... afinal, seu mais novo irmãozinho decidiu ir trabalhar no lugar dele, e garantiu que ninguém notará a diferença entre eles (mesmo eles não sendo gêmeos... coisas de deus!)
Só tem um pequeno probleminha... Rosie!
Ele tinha um encontro marcado com Rosie e quem acaba indo neste encontro é Spike!
Spike sempre achou que as mulheres fossem apenas objetos descartáveis, mas com Rosie as coisas parecem um pouco diferentes, e o que seria apenas uma visita rápida para conhecer o irmão, pode ser prolongada para conseguir ganhar o coração de Rosie. Afinal, isso não deve ser tão difícil quando Rosie pensa que esta saindo com o noivo e não com o irmão dele, certo?
Esse é o começo de uma história muito doida, onde teremos a disputa dos irmãos pela Rosie e pela casa (já que Spike se recusa a ir embora). Como Spike é um deus, Charlie precisa utilizar artilharia pesada contra o irmão, ou seja, precisa da ajuda de um outro deus.
Charlie vai até o começo (ou o fim. Depende de que lado da montanha você aparece) do mundo, onde os deuses vivem para tentar encontrar alguém que o ajude a se livrar do irmão.
Charlie e Spike são filhos do deus Anansi (A aranha), que segundo a mitologia africana é o deus das histórias. Na verdade, é um deus que engana todos os outros deuses com sua lábia e por isso, nenhum outro deus quer ajudar Charlie. Todos tem ressentimentos com o pai dele. Porém, uma deusa decide ajuda-lo, mas não sem antes pedir algo em troca.. .e essa troca pode se mostrar muito perigosa, tanto pra Charlie, quanto para Spike.
O livro mistura a mitologia africana, com a história de Charlie, porém, Charlie não é um personagem que nos cative. Ele tem uma vida medíocre; trabalhando em uma empresa que não gosta; atura uma sogra que ele odeia; a noiva quer casar virgem e ele não vê a hora de que essa espera acabe e ainda tem que lidar com o fato de que o irmão dele é mil vezes mais descolado e charmoso do que ele.
Durante a história, vamos acompanhando Charlie na descoberta de quem realmente é Spike, seu pai e até ele próprio, mas essas descobertas acabam ficando enroladas no meio da história dele com Rosie e das velhinhas doidas da Flórida que mais parecem um quarteto de bruxas do que qualquer outra coisa. Acabamos que ficamos sem torcer pelo personagem. Na verdade, nós passamos a torcer pelo Spike (como eu disse, ele é bem mais charmoso que o irmão), o que mostra um contrassenso na história, já que o "mocinho" é Charlie!
Eu achei a história muito confusa; com muitos elementos e não me apeguei aos personagens, mas, isso não quer dizer que o livro seja horrível. Ele só é... fraco.
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