Cleber Costa 29/10/2022
O algoritmo da vida
"eis aqui uma lista de coisas definidas como gratificantes: gosto doce na boca, orgasmo, temperatura moderada, uma criança sorrindo. E eis aqui uma lista de coisas desagradáveis: dor, náusea, fome, uma criança gritando. Se você fizer alguma coisa seguida por uma das coisas desagradáveis, não faça novamente, por outro lado, repita qualquer coisa seguida das coisas boas."
O trecho acima apresenta, de forma bem direta e resumida, o algoritmo que rege praticamente todas as escolhas dos animais e outros seres vivos no mundo, incluindo especialmente nós humanos. E é disso que se trata o livro de Richard Dawkins. Segundo o autor, os genes são os verdadeiros protagonistas da evolução e nós somos apenas suas máquinas de sobrevivência, ou seja, artifícios usados pelos mesmos com o intuito de se propagar através do espaço e do tempo. No jogo da vida de 4 bilhões de anos, os animais são apenas os joysticks e são os genes que estão por trás deles.
Ao longo das páginas, o autor apresenta diversos exemplos de como as relações ecológicas entre os seres vivos obedecem severamente a teoria dos jogos, onde os indivíduos adotam estratégias e escolhem diferentes ações na tentativa de melhorar seu retorno, que no caso é a perpetuação de seus genes. Essas relações funcionam como um jogo de poker de milhões de anos, em que as estratégias mais bem sucedidas vão se perpetuando até encontrar sua estabilidade evolucionária.
Ao final da leitura, aprendemos muito também sobre nossas relações humanas do presente como a violência, traição e preconceitos e como elas podem ser meras estratégias evolutivas de nossos genes. É um daqueles livros que nos fazem sentir insignificantes no mundo. Será que nossas escolhas são realmente nossas? Quais dessas estratégicas das relações humanas serão bem sucedidas? São perguntas que só com o tempo, muito tempo, teremos respostas.