Nivia.Oliveira 25/04/2023
Papillon é “borboleta” em francês, e bem simboliza esse homem, real, Henri Charrière, que por várias vezes tenta sair do casulo que o meteram injustamente, para alçar voo de volta à França. Sim ela mesma, a mãe da liberdade. De lagarta à borboleta é praticamente uma ressurreição! É isso que ele quer...viver de novo!
Ninguém consegue cortar as asas desse homem cujo “espírito não é o de um vencido”. Desde que chegou à Guiana Francesa, fugir é sua meta. Além da coragem de ser lançar no mar perigosamente, Carrière é muito inteligente e tem uma grande habilidade de articulação (savoir-vivre?), talvez por ter feito parte da fina flor do submundo, ele aprendeu que as artimanhas são feitas no coletivo, para isso, camaradagens são necessárias. Em todas as tentativas encontrou alguém que o ajudasse e soube ser generoso. Quando pensava numa fuga, pensava nela para todos, inclusive nos que ficavam.
Curioso que ele foge até dum paraíso (onde permanece numa tribo indígena num ménage à trois invejável), e volta ao inferno, tamanho era o desejo de vingança, esquecendo-se até do filho com Zoraima. A fuga é um desafio e lhe dá moral.
O livro é uma denúncia, a la Victor Hugo em Os Miseráveis: julgamentos descabidos; as condições insalubres e barbaramente repressivas dos presídios; a luz dos direitos do homem e do cidadão; o direito à reabilitação. Na pele de Dreyfus, Henri Carrière anseia pela reintegração e com sua história diz que é necessário “uma maneira mais humana de tratar os que erram”.p. 63