Coruja 14/06/2012Catei esse livro no meio das minhas pesquisas para o especial Um Estudo em Sherlock, aproveitando um cartão presente que tinha ganho para fazer o pedido (e lá vai mais um que fura a fila. Por isso é que nunca termino de ler a interminável lista do que está à espera na estante...). Não cheguei a prestar muita atenção na sinopse, de forma que mirei no que vi e acertei no que não vi.
A despeito do título, esse livro não tem muito a ver com a obra de Doyle. Ainda que o autor seja, obviamente, um admirador do detetive, e cada uma das partes do livro comecem com uma citação holmesiana, O Diabo e Sherlock Holmes não é um romance policial ou uma coleção de ensaios sobre o personagem; mas uma série de matérias que o autor escreveu ao longo dos anos para diversos jornais, histórias reais sobre obsessão (e esse é o principal tema), crimes e vidas.
Sou uma pessoa suspeita para falar, porque muitos dos temas que aparecem ao longo das histórias que o autor nos relata no livro me fascinam. O livro inteiro é narrado em primeira pessoa e, a despeito da forma confortável, familiar com que Grann nos conta suas histórias – como quem conta causos em torno de uma mesa de bar – ele é capaz de manter uma distância de seus personagens que nos permite julgar por nós mesmos aquilo que ele nos apresenta.
Do acadêmico que possivelmente reencenou os atos de um conto de Holmes ao professor cuja vida é dedicada à caça de lulas gigantes, de erros judiciais tremendos a máfias dentro de prisões de segurança máxima, há de tudo um pouco.
Não são histórias felizes, contudo – e fique avisado disso. Há um tom de melancolia nos sonhos e obsessões dos homens que transitam pelas páginas de Grann. Nostalgia, inocência ou corrupção, esperança e decepção se cruzam nelas.
Todas as histórias relatadas no livro são reais... e é nessas horas que você se dá conta do quanto a realidade pode muitas vezes ser tão ou mais estranha que a ficção.
(resenha originalmente publicada em www.owlsroof.blogspot.com)