gleicepcouto 22/06/2012Ação, emoção e o melhor: inteligente www.murmuriospessoais.com
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Parasita Vermelho (Intrínseca), de Andrew Lane, é o segundo livro da série O Jovem Sherlock Holmes. O autor, que sempre gostou do personagem de Sir Arthur Conan Doyle e tudo sabia sobre Sherlock Holmes, aceitou o desafio de imaginar e escrever sobre como seria o detetive mais famoso do mundo, quando adolescente. Juntou algumas poucas pistas que Doyle deixara sobre o personagem e foi criando a partir daí, mas sempre com intuito de preservar as características originais da criação de Doyle.
Nesse volume, Sherlock vai ter que cruzar o oceano, em direção à enigmática América. Isso porque um assassino perigoso que todos pensavam estar morto está escondido na Inglaterra, mas com planos além mar. Com a ajuda de Mycroft (seu irmão), Amyus, Matty e Virginia, e muitas vezes, sozinho mesmo, o jovem Holmes vai ter que correr riscos para conseguir evitar uma catástrofe que pode tomar proporção mundial.
Mais uma vez, Andrew Lane acerta. Sua narrativa detalhista, mas de extremo bom gosto, mostra que ele brinca com as palavras e coloca cada uma delas em seu devido lugar. Novamente somos transportados para a Inglaterra de 1.800 e bolinhas, mas também para a América. Sem parecer escola da Tia Teteca, de quebra, o autor ainda nos dá uma aula de história sobre a Guerra Civil Americana.
O livro já começa tenso, cheio de ação. Andrew as descreve muito bem, fazendo com que você entre nos becos com Sherlock Holmes, seja capturado, fique angustiado até ele descobrir uma saída inteligente praquela confusão. Adrenalina pura.
Mas aí também reside um deslize. Fiquei cansada. Esgotada. O livro foi ação do início ao fim e senti falta de uma pausa para me recuperar de certos acontecimentos. Andrew poderia ter balanceado melhor e intercalado as cenas de ação com as demais. Vejam bem: as cenas de transição até existem, mas não são mais extensa que uma ou duas páginas e logo após elas, dá-lhe ação! Não há quem aguente. Nem o jovem Sherlock Holmes.
A presença mais constante de Mycroft deu um gostinho especial. Gosto tanto do irmão do famoso detetive. Ele também é inteligente, irônico e demonstra pouco seus sentimentos. A diferença entre ele e Sherlock é basicamente a intempestuosidade. Sherlock por vezes age no impulso (pudera, é jovem aqui e ainda tem muito o que aprender); enquanto que Mycroft é mais prudente e burocrático.
Os amigos da aventura anterior da série (Nuvem da Morte) ainda estão aqui e continuam fazendo bem o seu papel: um tutor, um melhor amigo, o primeiro amor. A história emocional do mundo de Sherlock fica fechadinha com a presença deles.
Gostei também foi de como ele imaginou como teria surgido o interesse de Sherlock Holmes em violinos e também em tatuagens; assim como o interesse que Sherlock sempre demonstrou pelas Américas. Foi de modo sutil e me fez acreditar que realmente poderia ter acontecido desta forma. Acho que Sir Doyle ficaria orgulhoso do trabalho de Lane.
O autor também deixa a sua marquinha ao inserir um encontro inusitado entre Holmes e Ferdinand Graf Von Zeppelin, responsável pela criação de dirigíveis em forma de balão.
O que continua me impressionando é a pesquisa apurada que Andrew Lane faz para escrever cada detalhe da obra. No final, em Notas do Autor, ele relata as pesquisas e dá ainda mais opções de consulta, caso o leitor queria se aprofundar naquele assunto. Gente, o cara pesquisou MUITO. Aplausos pra ele, que merece.
Aplausos não só pela pesquisa, mas pelo todo que ele tem feito nessa série. São ótimos livros, com ação e emoção, e de modo inteligente (o que não costumamos ver por ai na literatura jovem atual). Andrew Lane está mantendo a lenda de Sherlock Holmes viva. O mundo literário estava precisando mesmo.
O próximo livro da série se chama Gelo Negro, também será lançado pela Intrínseca, mas ainda não tem data certa.
Parasita Vermelho (Red Leech)
Autora: Andrew Lane
Editora: Intrínseca
Ano: 2012
Páginas: 320
Valor: $30 a $40
Extra: Ação inteligente do início ao fim, respira fundo e se joga!