O Mundo de Ponta-Cabeça

O Mundo de Ponta-Cabeça Christopher Hill




Resenhas - O Mundo de Ponta-Cabeça


2 encontrados | exibindo 1 a 2


Jow 12/11/2010

A Revolução Inglesa pela voz dos excluídos!
Christopher Hill busca através de sua ótica neomarxista mostrar os “excluídos” da historiografia oficial sobre a Revolução Inglesa. O texto apresenta uma análise da História vista de baixo com pinceladas de História Cultural. É uma pioneira forma de analisar um evento que sempre foi visto pela ótica liberal ou pela ótica marxista.

Na primeira parte do texto O Pergaminho e o Fogo Hill analisa as tensões sociais ocorridas em Londres que após os cercamentos virou refúgio de suas vítimas, descritos como vagabundos e criminosos.

No item de nome Heresia de Classe Inferior, Hill começa afirmando que existia uma tradição plebéia de aversão ao clero e irreligião, onde destacam-se os “Lolardos” que contestavam a venda de missas; os “Anabatistas” que pregavam o batismo espontâneo e em idade adulta. Hill diz que teve como fonte na pesquisa sobre os anabatistas, documentos de tribunais eclesiásticos. Um terceiro grupo, ao familistas, do qual Hill declara ter mais documentação a seu respeito, eram seguidores de Henry Niclaes que dizia que Deus faz o homem e do homem faz Deus. Duvidavam os familistas, da divisão entre céu e inferno. Acreditavam os membros da Família do Amor que a humanidade voltaria, na terra, ao seu estado de inocência anterior a Queda.

A Igreja oficial era impopular e templos eram profanados, imagens incendiadas e cruzes quebradas. Bispos e Ministros da Igreja recebiam acusações e insultos, e havia uma total insatisfação com a ingerência dos tribunais eclesiásticos sobre a vida dos comuns. Pessoas eram levadas a julgamento acusadas de não guardar feriados, casarem sem licença e faltarem contra a castidade.


Analisando a Revolução Inglesa como um fenômeno mais abrangente, que a simples definição de que o movimento foi o triunfo da ética protestante e a ascensão da burguesia, ou simplesmente a Revolução Gloriosa, Hill traz à luz os excluídos pela historiografia “oficial”. O povo com suas idéias em comum, suas organizações e seus segmentos, influiu decisivamente na revolução que segundo Hill já vinha sendo gestada antes da data oficial de 1640.

Usando um conceito de classe social mais amplo, e a meu ver mais justo do que ao definição de Classe dominante e Classe dominada ou Patrão e Proletariado, Hill vê nos “descamisados” seu real valor e sua participação efetiva na contestação do poder vigente. Agora as classes subalternas não aparecem simplesmente como coadjuvantes de luxo e simples bonecos mudos na História.

Com um livro belo, justo e com um fervor incrível para mostrar ao mundo historiográfico, que o povo também tem voz, Christopher Hill escreveu uma obra fantástica, para aqueles que gostam de se aprofundar e principalmente críticar a história escrita pelas elites!
Alan Ventura 12/11/2010minha estante
Estupenda resenha, é o tipo de coisa que eu lhe falei que não me atrevo a tentar fazer!


†Raimundo† 23/02/2011minha estante
Mais uma vez se superou jow!!!
È engraçado como sempre tem um palhaço que vota não gostei!


erika.jessyka.1 08/01/2015minha estante
A resenha esta boa, mas tem detalhes na obra que se você tivesse colocado fariam sua resenha muito melhor pra me ajudar no meu trabalho!!kkkkk. Brincadeira, está muito bom, obrigado.




Nayara.Rafaelly 03/09/2020

Podemos observar a linguagem coloquial, a forma clara como Christhoper Hill escreveu “O Mundo de Ponta Cabeça”, embora seja acompanhado de muitas informações.

O autor tenta mostrar por meio de sua ótica neomarxista os “banidos” da historiografia sobre a Revolução Inglesa. É possível ver no texto uma analise na história vista de baixo com aspectos da história cultura.

A Revolução Inglesa do século XVII, que resultou no triunfo da ética protestante. Grupos sociais como os diggers, levellers, ranters e outros mais, tinham propostas bem mais interessantes, como por exemplo, uma democracia mais ampla e o fim da igreja estatal. Esses grupos, é claro, eram formados por homens e mulheres pobres, que na maioria dos casos não tinham boas maneiras ou a educação necessária para que suas opiniões fossem ouvidas e levadas a serio.

Podemos observar que o livro “O Mundo de Ponta Cabeça” é um perfeito retrato dos impulsos para uma reviravolta impar na sociedade, temida e desejada por muitos, e não a revolução burguesa a qual tanto se fala.

Hill vai afirmar que “existia uma tradição plebeia de aversão ao clero e irreligião”, ele cita exemplos de muitas seitas, como os “Anabatistas” que pregavam ser o batismo espontâneo e em idade adulta, cita também os “lolardos” que questionavam a venda de missas e outros mais.

Se levarmos a questão da Revolução Inglesa além da definição que temos (de que foi o movimento de vitoria ética protestante e ascensão da classe burguesa), Hill nos apresenta o povo, os excluídos, que foram excluídos pela historiografia “oficial”, o povo que com suas ideias em comum, o jeitinho como se organizavam, influenciaram muito na revolução que Hill diz que já vem sendo tratada desde 1640, antes da data conhecida como oficial.

Daí as classes subalternas não aparecem somente como auxiliares de luxo e simples brinquedos na história. Era necessário mudar tudo, por isso o titulo do livro refere-se ao “O Mundo de Ponta Cabeça”, eles queriam uma sociedade que os ricos não mandassem. Mas este era um processo complicado, um lado queria aumentar o lucro, desenvolver o capitalismo, eliminar leis antigas e criar novas, o outro, percebeu que quanto mais trabalhava, mais miserável continuava. A igreja tinha uma grande dominação, o povo tinha medo do castigo.

Hill cita muitos Menocchio (aproveitando o “personagem” do livro O Queijo e os Vermes), assim como Menocchio, esse povo aí sabia ler, aprenderam com o contato com outros povos em comércio, Anabatistas, Puritanos, por exemplo. Daí as classes subalternas não aparecem somente como auxiliares de luxo e simples brinquedos na história.

Dessa forma, Christopher Hill, mostra ao mundo historiográfico, que o povo também tem voz, que o povo vive e não apenas vegeta, dar para fazer uma ótima critica a historia que é escrita somente pelas elites.
comentários(0)comente



2 encontrados | exibindo 1 a 2


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR