Elis 27/09/2011Que mulher reclamona!— Isso não é saudável — cortou Andreo, em desaprovação. — Empregados estressados e cansados não trabalham bem e cometem erros. A senhorita precisa de umas férias, e de uma orientação do Recursos Humanos para melhorar a sua aparência desleixada.
>> Ai credo! Quando falam da lei de Murphy, não é um exagero!
Quase todos os homens na sala decidiram fazer regime, cortar o cabelo e comprar um terno novo. Afinal de contas, Andreo, com todo o seu 1,90 metro, dava o exemplo. Forte, seguro, um homem magnífico, num terno Armani lindo, Andreo impressionava o bastante para inspirar um jovem a imitá-lo.
>> Ai mopai, já no começo do livro? Meu coração não aguenta!
Pippa se afundou mais e mais no seu estado de choque, vulnerável e sensível, como tinha sido do jardim de infância até a universidade. Fracassos, por menor que fossem, acarretavam uma agonia de culpa e introspecção.
>> Coitadinha... mas o mundo da voltas... ah se dá...
— Lá em Nápoles, Andreo D'Alessio deixou muito claro que gosta de mulheres sensuais e atraentes em volta dele — argumentava Ricky, num tom defensivo. — Ele olhou horrorizado a nossa Pippa Caniço na foto do boletim e deixou claro que ela não tem o perfil para um cargo executivo. Cheryl é menos qualificada, eu sei, mas ela é muito mais apresentável...
>> Que homem detestável! Eu daria um soco na cara dele!
Por que ela não repetia aquela transformação? Poderia ir à festa exibindo o seu melhor apenas para constranger Ricky e aquele canalha machista, Andreo D'Alessio. Como podia um homem ser tão estúpido a ponto de pôr beleza na frente de cérebro nos seus negócios?
>> Adorooooo uma vingancinha... hehehe
— Obrigada. Eu não estou parecendo uma perdedora, e você não pode calcular o quanto que isso significa para mim.
>> Vá pegar o homem garota!
— Andreo... — disse Marco, maravilhado, tendo ouvido todo o diálogo, sem nenhuma reserva. — Seja lá quem for, ela é uma mágica nessas coisas. Não é um dos seus cabeças-ocas. Consiga o telefone dela para mim!
>> Bonita e Inteligente... pena ter subestimado antes ein...
— Você vai poder sempre praticar com a minha gravata, cara — brincou Andreo. Achava uma graça cativante na falta de jeito e na inexperiência que esse traço dela sugeria.
>> Gravata??? É a última coisa no meu pensamento...
— Você é muito ou pouco virgem? — sussurrou Andreo.
— Numa escala de um a dez,... provavelmente quase dez — respondeu ela, sem fôlego.
>> Escala de virgindade? Essa conversa existe mesmo?
Enojada, ferida, traída, ela se arrepiou até os ossos. Por que ele tinha mentido? Por que a fizera pensar que era somente mais um funcionário? Como pôde fazer isso? Que tipo de senso de humor doentio e pervertido esse cara tinha?
>> E essa lei de murphy trabalha bem ein...
Em vez disso, entregaria sua carta de demissão e começaria uma vida nova em algum outro lugar. Em algum lugar onde a aparência não contasse mais que a competência, e onde trabalho duro e resultados fossem recompensados.
>> Estão vendendo passagens para a Ilha da Fantasia?
— Eu fiz a minha apresentação, e aquele canalha sarcástico do D'Alessio disparou contra mim um monte de perguntas terríveis. Não pude responder, e ele me tratou como uma estúpida... É culpa sua eu não estar suficientemente preparada! — Antes mesmo de chegar ao fim da acusação, Cheryl já chorava ruidosamente.
>> Não falei que o mundo dá voltas?
— Então... Me enterre — desafiou Andreo, inclinando a cabeça, reclamando os lábios fartos e entreabertos dela, se movendo entre eles com a determinação erótica de um especialista.
>> Socorro! Incêndio!
— Eu não deveria dizer, mas o senhor D'Alessio está lá dentro com a namorada. Parece que ela voltou de um trabalho no exterior.
>> Isso vai dar um problemão... e o cara também, tem que ser muito metido a besta por achar que tudo aconteceria do jeito que ele imaginou...
Menos de um minuto depois, Pippa estava desolada, enojada diante do espelho do banheiro. Lutava para se controlar, mas não conseguia apagar da memória a imagem de Andreo e a sua namorada. Dois seres humanos lindos, feitos um para o outro. Meu Deus, como ela podia ter acreditado nele, confiado nele? Pippa Caniço... Como ela havia se permitido esquecer o próprio apelido?
>> O que você deseja, a paz mundial? Também mas agora, uma auto estima saudável para todos é realmente necessário.
— Chateado? — Pippa não podia acreditar no que estava ouvindo. — Me ajoelhar? Implorar? Para quê?
— Sexo... Para fazer sexo comigo, amore. — Andreo levantou o lençol e se deitou ao lado dela. — Não pense que eu não sei quando você me quer...
>> Como conseguimos rir dessa arrogância?
— Você não corre riscos... Você é a mulher que arruma os vestidos por cores no guarda-roupa, que coloca os livros em ordem alfabética na estante, a estante mais arrumada que eu já vi. Mas você corre riscos por mim. — Um sorriso vibrante fez o coração de Pippa quase parar.
>> Minha estante é bem arrumada também! Quer vir ver?
— Você recusou um emprego que era seu e abandonou uma carreira promissora. Você fugiu de uma relação que ia muito bem — enumerou Andreo, sem hesitações.
>> Realmente ela não parece ser nada esperta...
— Mas não tem nenhum problema! — declarou Andreo em pânico frente às lágrimas dela. — Eu não sei porque eu reclamo tanto. Eu sou louco por você. Eu sou louco pelo nosso bebê também. Eu posso perdoar tudo o que você quiser. Por favor, não chore mais, amore.
>> E o que essa mula fez para ter um homem desses? Um poço de reclamação e ainda assim ganha na loteria desse jeito.
— Você se casaria comigo de novo? — indagou Pippa, na noite em que os dois lá chegaram.
>> Pergunta boba... Mas vai dizer que você nunca fez? kkkk Eu já!