Luciano Luíz 22/03/2019
Se tem algo que se tornou comum no mercado editorial é o termo utilizado em títulos de livros de história de uma forma compacta. Muitos autores publicam coisas que começam com “Uma Breve Qualquer Coisa”. No entanto, se bem me lembro o primeiro (ou quem realmente se destacou) foi GEOFFREY BLAINEY com seu UMA BREVE HISTÓRIA DO MUNDO (que não li).
Livros escritos por historiadores geralmente são produzidos mais especificamente para historiadores. Usam duma linguagem científica ou então ainda quando mais popular, são obras chatas ou didáticas demais e não ficam tão interessantes (mesmo que o tema o seja, mas a qualidade da escrita não ajuda). O primeiro que li de Geoffrey foi UMA BREVE HISTÓRIA DO SÉCULO XX. Não gostei, apesar de conter boas informações, mais parece um livro escolar que me foi empurrado goela abaixo e eu tinha de digerir de todas as maneiras possíveis. O segundo foi UMA BREVE HISTÓRIA DAS GUERRAS e este foi horrivelmente ruim. Tudo nesse volume era cansativo: a qualidade da narrativa e o conteúdo. Apesar do título guerra, a obra em verdade mais se assimilava a uma breve história da paz.
Depois destes dois livros, achei que não mais teria interesse por outros títulos do historiador. Porém, leitor tipo rato de biblioteca como sou, acabei mergulhando de novo em busca de uma aventura, fosse do que fosse. Aí me deparei com UMA BREVE HISTÓRIA DO CRISTIANISMO. Não vou mentir, fiquei com receio, pensando que seria mais um livro desastroso. No entanto, foi surpreendente.
Aqui a narrativa de Geoffrey está muitíssimo mais elaborada (simples, mas competente e simpática). Sua escrita se deu bem com o tema e o livro em hipótese alguma fica lento ou mesmo chato em quaisquer páginas. Ele soube abordar o assunto com uma qualidade que possivelmente deve estar presente em outras obras (assim espero).
A linguagem é completamente acessível. O autor percorre dois milênios da história apresentando o cristianismo com uma gama de detalhes profundos. Mesmo sendo um livro da série Uma Breve História, a quantidade de informação é respeitável.
A obra é fundamental para quem gosta de estudar religiões independente de seguir alguma, ser agnóstico ou ateísta.
O que não gostei foi de algumas partes onde é mencionado “outros historiadores”, mas não há nomes. Fica apenas assim: “Segundo um historiador...”
E desse jeito o livro fica um pouco sem sentido na questão de pesquisa. Outra coisa que ficou vaga foi a questão da Inquisição. Ela é mencionada somente uma vez em uma curta frase. O curioso é que este livro contém muitas coisas más relacionadas ao cristianismo e apenas a Inquisição foi simplesmente deixada de fora. Talvez porque o autor pretenda lançar uma possível BREVE HISTÓRIA DA INQUISIÇÃO? Sei lá...
No entanto, além de atrocidades cometidas em nome de Cristo, há também muitas coisas boas praticadas. Ali vemos até mesmo esportes criados em meios religiosos como o basquete. Há também a luta contra o racismo, o preconceito com as mulheres, vemos a Reforma Protestante, a origem de diversas seitas (crenças menores no início), muitas informações sobre Jesuítas, Franciscanos, o Islamismo, etc. e tal e principalmente, pessoas que empreenderam suas vidas em prol de outras com amor ao longo dos séculos até o início do 21.
Enfim, esse é um livro que compensa ter na estante.
L. L. Santos
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