Hildeberto 02/08/2016Ganhei "Os Crimes do Mosaico", de Giulio Leoni, no meu aniversário de 2006. Na época eu era fã dos livros de Dan Brown (em minha defesa, eu era um pré-adolescente) e uma tia minha, por sugestão de um vendedor, me presenteou com este livro. Me lembro que não consegui chegar até a página 100.
O tempo passou, terminei o colégio, fiz universidade. Organizando minha estante, encontrei este livro e pensei "Na época talvez o enredo fosse muito complexo para mim, mas quem sabe se, 10 anos depois, eu não consiga lê-lo com outros olhos?".
Estava errado. Antes da página 100 me deu, novamente, vontade de desistir da leitura. Não o fiz apenas por força de vontade, lutando contra o sono, tédio e confusão.
A proposta de enredo do livro é interessante: na Florença do século XIV, um crime horrendo é cometido. Cabe a Dante Alighieri, grande poeta e Prior da cidade, tentar desvenda-lo. Na trama, uma mulher misteriosa, um grupo de sábios suspeitos, rivalidades políticas e o poder da Igreja Católica. No desfecho, um segredo surpreendente.
Mesmo assim, o autor não conseguiu criar uma obra instigante. A começar, seu estilo de narrativa é muito confuso. Não sei se isso é efeito da tradução ou do texto original, mas, embora a linguagem não seja difícil, várias vezes tive que voltar a ler trechos que me pareciam desconexos. As personagens não são bem elaboradas. Leoni cria algumas, bem interessantes, mas não se aprofunda nelas, as deixando jogadas ao relento, sem nenhuma melhor definição ou profundidade. Mesmo a construção da personagem principal, Dante Alighieri, deixou a desejar.
Os embates filosóficos contido nas falas dos personagem possuem um certo interesse. Nada extraordinário, mas é um aspecto de alguma qualidade no livro. O desfecho da obra e a revelação do segredo salvam, um pouco, mas não completamente, a leitura - embora o modo como ele construiu o caminho até este final não tenha sido conduzido com qualidade.
Esse é um dos livros que vieram na esteira do sucesso de "O Código Da Vinci", de Dan Brown, nos meados da década de 2000. A moda já passou, vivemos em outro momento. Como um livro que seguiu tendência, já está ultrapassado. Talvez se tivesse sido melhor escrito ainda possuísse algum interesse; mas como não este não é o caso, não aconselho a leitura de "Os Crimes do Mosaico".