Diana 15/03/2024
Machado de Assis discute preconceito de classe e cor em A Pianista
Machado de Assis, grande autor brasileiro, responsável por escrever um dos meus livros favoritos da vida (Dom Casmurro) e de alugar um triplex na cabeça de cada leitor, traz um conto reflexivo, mas esperançoso em A Pianista.
As questões de classe e cor parecem que evoluíram, mas apenas na superfície. Se não época em que foi escrito, a fidalguia era calculada por títulos e proximidade da corte portuguesa, hoje ela é escondida em orgulho exacerbado de origens europeias, mesmo que todo brasileiro seja apenas mais um latino ao pisar fora do país.
Ele também se esconde em questões mais banais, como a blogueira que só sai com um homem que possa prover seu transporte e seu momento de lazer. Ou a música ostentação que classifica pessoas de acordo com sua conta bancária. E a cor então? Ela, muitas vezes, define se sua vida importa o suficiente para comoção nacional ou para ser contabilizada em algum índice estatístico qualquer como total de vítimas de feminicídio, infanticídio ou uma violência qualquer.
Machado fez do problema um conto de esperança, onde um pai preconceituoso é vencido pela determinação do amor verdadeiro e da obstinação da nova geração. É clichê e o desfecho é previsível, mas todos temos o direito de sonhar. Ele criou um final feliz e eu torço para me livrar, no mínimo, das minhas próprias hipocrisias.