Helder 12/04/2010Aventura na China na década de 20.No começo parece que vamos ler um romance de época. Aquelas duas espanholas chegando a China na decada de 20, como todas as diferenças culturais.
Mas logo no primeiro capitulo já somos tomados pelo misterio, ao saber que ambas correm risco de morte, pois o ex marido de Elvira tinha algo que chineses perigosos e chineses ligados a realeza, estão afim de matar para conseguir.
E assim começa a saga desta mulher, que chegou a China cheia de preconceitos e que vai se emaranhando pelo país de costumes estranhos atrás de um segredo de 2 mil anos.
Os personagens desta saga são muito interessantes, como Elvira, a preconceituosa espanhola, com seu olhar colonialista, Lao Yung , o antiquario com seus segredos e conhecimentos milenares, Fernanda, a sobrinha adolescente de Elvira e Biao, seu “lacaio” chines, uma das maiores surpresas do livro.
O começo do livro já é bem agitado, pois o grupo tem que se unir para conseguir encontrar as 3 partes do mapa que indicam onde está a tumba do Imperador. São 100 paginas lidas num folego só.
Porém , diferente do Ultimo Catão, outro ótimo livro desta autora, que mantem sempre o ritmo crescente, este livro tem uma queda no meio. Sendo assim, tenho dois motivos para não dar nota 5 para este livro:
Um ponto fraco , são os “bandidos”. A intenção da autora era de que os mocinhos se sentissem perseguidos, mas isso nunca ocorre. No começo, na parte em que procuram o mapa, até existe uma certa perseguição, mas depois parece que eles desistiram. Quando você ja esqueceu que existem bandidos, eles aparecem, mas nem chegam a dar medo, pois rapidamente os problemas se resolvem.
Outro problema no livro é o excesso de didatismo. No meio, parece que a autora pretende nos dar uma aula de cultura chinesa, e enquanto eles ficam parados no mosteiro de Wudang, a história fica um pouco parada. Imagino que a autora tenha feito uma viagem a China e tenha ficado maravilhada com a cultura. E ai vem as explicações do que significa o Tai Chi Chuan, o I Ching, o Feng Shui. Muitas palavras que conhecemos, mas para as quais nunca nos aprofundamos. Mas vale a pena se acalmar nesta parte e tentar absorver um pouco desta cultura milenar, apesar de as vezes a autora cair num didatismo muito grande. Parece sempre que estamos tendo aula de chines com um europeu, que também teve aula com um outro europeu.
Mas depois desta calmaria, ainda estamos na metade do livro, e ai voltamos a ter a mesma Matilde Asensi com a criatividade do Ultimo Catão. Agora com a ajuda do Mestre Vermelho, um dos monges de Wudang, nas ultimas duzentas paginas acompanhamos sedentos este grupo desvendando os mistérios da tumba do Imperador. Saudades de Indiana Jones e até dos Goonies. Incrivel que Hollywood ainda não tenha descoberto os livros desta autora. As descrições do templo do Imperador são incriveis, assim como as provas que precisam vencer e as soluções encontradas. Novamente eu digo que morreria na primeira prova, pois todas estão associadas a milenar cultura chinesa. A parte da camara escura é sufocante, a descrição das pontes é muito legal e a solução dos espelhos e das contas espalhadas no chão também são incriveis.
Vale a pena a leitura. Tem um pouco de cultura e bastante aventura. E um bonito final também.
Arrisque-se!