Annie 23/12/2014Envolvente e encantadorEncontrei este livro quando procurava um presente de natal para um amigo (curiosamente, acabei comprando este presente pra mim, rs)."A história de Buda em mangá" é um mangá longo (para os padrões de mangás, quero dizer) e subjetivo, pois mostra diretamente a mente do príncipe Sidarta em relação aos problemas da vida (como a doença e a velhice).
O mangá se inicia no início da idade adulta do Príncipe Sidarta, herdeiro do reino de Kapilavastu. Este local (atualmente o centro-nordeste da Índia) era muito próspero e a família real tinha tudo o que poderia desejar. Todavia, o príncipe herdeiro era um rapaz muito inteligente e logo começou a questionar o sentido da vida: por que vivemos?
As pessoas não vivem por viver. Pense nisso. Alguém anda só por andar? Andamos sempre para algum lugar. Existe sempre um destino a atingir. Certo? A vida também deve ter um propósito final. Por mais dolorosa que seja, temos de vivê-la até atingir esse propósito. Tem de haver um objetivo que nos faça gritar quando chegamos: "sou perfeitamente feliz! Não me arrependo de nada na vida!". O que devemos buscar de fato? Para que vivemos? (pgs. 33-34)
Os súditos percebem que o príncipe está inquieto, mas nada parece diminuir a intensidade de seus pensamentos: o rei, seu pai, dá-lhe tudo o que poderia querer, como conforto, instrução, diversão, uma esposa, um harém e até mesmo deixa que ele viaje o reino para que seja mais feliz; a princesa lhe dá um herdeiro saudável, um filho. Entretanto, não conseguem evitar que ele se aprofunde mais e mais naquelas reflexões.
Sidarta: Tenho três desejos. (...) Primeiro, quero que não me deixe ficar velho. Segundo, quero que cuide para eu nunca ficar doente. Terceiro, quero que faça meu corpo não morrer nunca. (...) Rei: Não diga bobagem! Isso é impossível e você sabe disso!Sidarta: A velhice, a doença e a morte destroem qualquer felicidade. O que quero é ser feliz de verdade, poder dizer "que bom que nasci um ser humano". (pgs 115-116)
Um dia, ele encontra um asceta, uma pessoa que busca o caminho da iluminação. Como suas ideias são muito parecidas, Sidarta percebe o que estava procurando durante toda a vida e, apesar de todas as tentativas de seu pai de dissuadi-lo, ele abandona seu lugar como príncipe, filho, esposo e pai e decide se tornar um asceta.
A partir deste ponto, acompanhamos todas as privações e dificuldades por que passou para que buscasse a iluminação, a verdadeira felicidade.
É um livro muito querido: as ilustrações são maravilhosas (como uma apaixonada por mangás e graphic novels, tenho certa experiência. E neste último ano devorei li mais de 200 mangás!), muito bem feitas. A história segue uma linha cronológica muito suave, cheia de questionamentos e reflexões. Além de atribuir uma nota excelente ao escritor, devo também elogiar o trabalho do tradutor. Tenho estudado japonês nos últimos tempos e sei o quanto é difícil transformar as frases daquela língua em algo com tanto sentido como neste livro.
Só posso dizer o quanto adorei esta edição: a capa é excelente, as páginas têm o padrão dos mangás (este foi produzido em parceria com a JBC, que é uma editora bem conceituada em se tratando deste estilo)! Recomendo com louvor.
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