Lucas.Wijk 11/10/2012
Bom, como esse é um livro de contos, não tem como eu dar uma nota geral sem analisar cada conto em separado, já que são escritos por autores diferentes, então farei uma análise de cada conto, dando uma nota separada para cada um deles, e no final farei uma média sobre o livro no geral.
Iniciando pelo primeiro conto do livro, “Morte por Dahlia”, de Charlaine Harris, eu devo dizer que me senti desapontado. O conto não foi nada do que eu esperava, eu pensava que o livro traria aquelas historias verdadeiramente urbanas, com muito suspense e eventos inexplicáveis ao estilo noir, mas esse conto me deu um belo “soco no estomago”. Eu já imaginava que Charlaine Harris me traria algum vampiro em sua historia, afinal ela é autora da série que inspirou “True Blood”, mas não imaginava que junto com os vampiros ela também traria uma horda de outras criaturas. Uma coisa eu preciso deixar claro antes de continuar: eu odeio histórias que colocam fantasia demais. Na minha opinião, os autores deveriam focar em apenas um estilo, por exemplo, se o livro for de vampiros, que apareçam apenas vampiros, e no máximo um lobisomem ou um fantasma, mas colocar também demônios, bruxas, súcubos, saci Pererê etc., aí já é demais. E, pra piorar, com todos se divertindo numa festinha?! Ah não, não tem como isso me agradar, é forçar a barra demais da conta. Só esse fato já me fez detestar o conto de Charlaine Harris, e isso ocorreu também em outros contos. Mas esse não foi o único problema, além disso, a história e a narrativa da autora são horríveis! Os personagens me pareceram robóticos, sem carisma algum, e o “grande mistério” e a “detetive” do conto são simplesmente ridículos. O livro começou muito mal para mim, e fiquei com medo de me arrepender de tê-lo comprado, mas sorte que não o abandonei. Nota: 1 (horrível).
O segundo conto, “A sombra que sangra”, de Joe R. Lansdale, já me agradou logo de inicio. Um detetive durão sentado em um bar, típica cena que eu esperava encontrar neste livro. Mas ainda melhora. O mistério neste conto, ao contrário do anterior, trata exatamente do que eu gosto: o inexplicável. De longe este é o conto que mais consegue passar a sensação de medo no livro, eu simplesmente virei fã do escritor, uma pena que não existam outros contos e livros dele publicados no Brasil. A historia utiliza cenas realmente urbanas, apresenta um terror inexplicável e uma criatura totalmente “lovecraftiania”. O autor, na minha opinião, escreve muito bem, e o personagem principal, o típico detetive durão, é bastante cativante. De forma disparada considerei este o melhor conto do livro, e só por ele eu já percebi que não tinha perdido meu dinheiro! Nota 5 (excelente).
Em relação ao terceiro conto, “Coração faminto”, eu não tenho muito a dizer. Eu não gostei, mas é por mera questão de gosto, como eu disse logo no primeiro conto, eu não gosto de histórias que fantasiam excessivamente e colocam seres sobrenaturais por demais, convivendo conosco como se fossem humanos (com exceção de Harry Potter). Mas admito que a história não é ruim, os personagens são carismáticos e até mesmo o ambiente criado por Simon R. Green é bacana. Mas mesmo assim, infelizmente, o conto não me agradou nem um pouco por motivos de gosto. Nota: 2 (ruim).
“Estige e Pedras”, está aí um conto que, na minha opinião, não fede nem cheira. A história se passa na Babilônia antiga, coisa que me surpreendeu, pois pensava que este livro traria apenas os ambientes urbanos atuais. Por mais que eu goste deste estilo, Steven Saylor não conseguiu me agradar, mas também não me causou grande desgosto. É uma boa historia, traz uma situação que parece fantasiosa e uma personagem curiosa que insiste em investiga-la. Acaba que ao final descobrimos que não havia nada de fantasioso no que acontecia. A narrativa é boa e os personagens agradam, mas o conto não tem nada de excepcional, e o fato de passar nos tempos antigos o torna um pouco enfadonho. Nota: 3 (mediano).
“Dor e Sofrimento” é um dos contos do livro que tinham de tudo para estar entre meus favoritos, porém ao final ele estraga um pouco. Mais uma vez aparece o cenário tipicamente urbano e misterioso que eu esperava neste livro, e desta vez temos um detetive policial, investigando um estranho incêndio que aparenta ter sido criminoso. O conto me deixou apreensivo do inicio ao fim, gostei muito da narrativa e do suspense. Não achei as personagens muito cativantes, mas também não achei ruim. O problema do livro está no final, exatamente no final: apesar de gostar do “inexplicável”, o final da história me deixou completamente sem rumo, não deu para entender nada, além da narrativa das ultimas paginas ser confusa. Não sei se seria necessário ter lido outros contos e livros do autor S.M. Stirling para entender seu universo, mas só sei que o final do conto me desagradou bastante. Eu esperava realmente um final estranho e inexplicável, mas não do jeito que foi. Mas, como o conto inteiro conseguiu prender minha atenção e me agradou, minha nota final é 4 (bom).
Quando eu li a apresentação da autora Carrie Vaughn, já imaginei que o conto iria me desagradar, mas me enganei. “Sempre a mesma velha história” é o conto que considerei mais cativante no livro. A personagem principal é um vampiro (e há somente vampiros no conto, sem nenhum outro tipo de criatura) que encontra uma amiga humana assassinada ao visita-la, a partir daí procura investigar a causa de sua morte. A narrativa é alternada entre presente e passado (lembranças da garota jovem), e é simplesmente uma narrativa deliciosa, daquelas historias que vamos lendo e nem percebemos o tempo passar. A trama, em si, não tem nada de especial, é bastante previsível, mas nada que prejudique o conto, pois percebe-se que a autora não quis focar no mistério, mas sim na relação existente entre o vampiro e a humana (que não tem nenhuma melação como crepúsculo, pois aqui temos o vampiro tradicional). Gostei bastante do conto, admito que me surpreendi, pois não imaginava que a autora de uma série cuja a personagem principal é uma lobisomem que se chama “Kitty” iria me agradar. Nota 4 (bom).
“A dama grita” foi o conto que li com a maior expectativa, pois conheço a fama de Conn Iggulden, apesar de nunca ter lido nenhum de seus livros, porém sou louco para lê-los. A história, bem simples, narrada na forma de um relato, nos traz uma personagem bastante cativante logo de cara, um caça-fantasmas charlatão que acaba descobrindo um fantasma de verdade, a “dama”, e a partir disso se torna um verdadeiro caça-fantasmas, cuja equipe são outros fantasmas que o ajudam a encontrar solução para as assombrações em que se deparam. A história é basicamente isso, mas a narrativa é muito boa e, assim como o conto anterior, é daquelas que nem percebemos o tempo passar enquanto lemos. O conto não tem nada de assustador, ao contrário, chega até mesmo a ser cômico e o seu final é excelente! Foi meu primeiro contato com Conn Iggulden, e admito que esperava algo completamente diferente do que encontrei, mas mesmo assim o conto não me decepcionou nem um pouco. Nota: 4 (bom).
“Hellbender” é outro conto que se passa no cenário tipicamente urbano. A história, meio SciFi, se passa em universo onde existe uma população de mutantes meio homens meio lagartos, os “salamen”. A personagem principal é um detetive salaman, contratado para investigar o desaparecimento de outros de sua espécie. Achei a trama, a narrativa e as personagens bastante bacanas, mas o conto não conseguiu me prender por algum motivo que não sei explicar, achei tudo muito simples. Não é um conto ruim, mas também não é excelente. Nota 3 (mediano).
“Ladrões de sombra” foi meu pior momento com o livro. Que conto é esse?! A narrativa de Glen Cook é horrorosa, logo ao inicio do conto eu não conseguia criar as cenas em minha cabeça de tão mal escrita que é a historia. Tentei ler outra vez, com calma, mas percebi que o conto que era ruim e terrivelmente mal narrado. Glen Cook foi uma decepção para mim, este foi o pior conto do livro, estando muito abaixo de “Morte por Dahlia”. Se fosse possível eu dava uma nota negativa. A história é confusa, as personagens são totalmente sem sal e, para piorar, o autor utiliza-se daqueles ingredientes que eu odeio: a fantasia exagerada, criaturas bizarras e um universo completamente sem noção. Talvez os leitores que já estejam acostumados com o autor e suas histórias sem pé nem cabeça gostem mais deste conto, mas eu, como não conhecia nada daquela maluquice, achei uma bela porcaria. Nota: 1 (horrível).
Bom, para me sentir um pouco mais animado, logo depois do pior conto do livro, vem “Sem mistério, sem milagre” que, na minha opinião, é um dos melhores. O detetive, personagem principal, é algum tipo de alien, ao que tudo indica, faz parte de nossa cultura, sem que saibamos disso, tanto que, ao longo do conto, percebemos que essa mesma personagem foi Jesus em tempos passados. A personagem tem como objetivo manter a ordem em nosso universo, enfrentando alguma raça de criatura, os “Antigos”, que seriam os demônios conhecidos por nós. Achei a narrativa excelente, e o detetive muito carismático, senti nele uma espécie de anti-herói, apesar da sua busca pelo bem, além de ser extremamente foda! O conto ainda possui as melhores frases e diálogos do livro, como aquela que dá o seu título, “sem mistério, sem milagre”. Fiquei surpreso com a criatividade da autora e não tenho o que reclamar com relação à história. Nota: 5 (excelente).
“A diferença entre um enigma e um mistério”, seguindo a linha do conto anterior, também traz um tema relacionado à religião. O conto é muito simples, mas conseguiu me agradar bastante. A história nos mostra um detetive que investiga a morte de uma garota por um rapaz que, aparentemente, está possuído por um demônio. O detetive recebe a ajuda de um padre, uma personagem misteriosa que o acompanha em suas investigações por ordem do chefe de polícia. O conto se resume, na maior parte, em diálogos entre o padre e o detetive, que visitam cenas importantes para a solução do mistério. Eu achei os diálogos bem interessantes, e o conto conseguiu prender bastante minha atenção, mas o seu ápice é o desfecho, incluindo a última frase do livro, que é sensacional. Nota: 5 (excelente).
“O curioso caso do Deodand” é um conto bem fraquinho, o interessante é que ele nos apresenta um mistério, deixando-nos apreensivos, assim como nos livros de romance policial, porém o final me decepcionou. As personagens, um detetive e sua ajudante (narradora) não conseguiram me convencer e, para piorar, o relacionamento entre elas é muito fraco. Mas o conto, no geral, não é ruim. Nota: 3 (mediano).
“Lorde John e a peste de zumbis” foi um conto que não conseguiu me agradar muito. Achei a história muito enrolada e a personagem principal muito fraca. Lorde John, que aparentemente é uma personagem de outros livros da autora, é chamado para resolver certos problemas que vem ocorrendo numa ilha da Jamaica relacionados a escravos que trabalham lá. Coisas estranhas começam a acontecer na ilha, um cenário muito interessante, mas não é o tipicamente urbano que eu esperava dos contos deste livro. Não achei que o conto possuísse grande mistério capaz de prender minha atenção. A narrativa foi meio confusa em algumas partes e a história, em si, não é ruim, mas também não é nada excepcional. O conto não é assustador, pelo contrário, chega a ser cômico em algumas partes, e o desfecho é interessante, mas não é grandioso. Nota: 2 (ruim).
“Cuidado com a cobra” é outro conto que não apresenta absolutamente nada de interessante, mas nem por isso é ruim. Mais uma vez a história se passa nos tempos antigos, desta vez na Roma antiga, contando até mesmo com a aparição do imperador Júlio Cesar como personagem. A personagem principal é um senador de Roma que é chamado para encontrar uma cobra sagrada que desapareceu de um dos templos de Roma. Eu considerei as personagens muito cativantes e até mesmo engraçadas, me identifiquei com elas, principalmente com o senador que, a meu ver, ficou parecendo muito desleixado. Acabou que o conto me agradou mais por causa das personagens, porque a história é muito fraca e sem graça, mesmo tentando surpreender no final, não houve nada que me fizesse vibrar ao longo da leitura. Nota: 3 (mediano).
Apesar de misturar fantasias que não combinam (minha opinião), “De vermelho com perolas” foi um conto que me surpreendeu. É o primeiro conto em que a personagem principal é um lobisomem, uma criatura que não me agrada muito, mas a narrativa de Patricia Briggs me fez gostar bastante da história. O cenário é realmente urbano e a trama já se inicia com a mistura fantástica de lobisomens, bruxas e zumbis. Um pequeno suspense ronda os acontecimentos do livro, que serão investigados pelo lobisomem, que se mostra uma personagem muito competente para tal tarefa. O desenrolar da história é agradável e conseguiu prender minha atenção, mesmo apresentando diversos elementos que não me agradariam em outras historias. Nota: 4 (bom).
Por fim, “A águia de Adak” fechou o livro com chave de ouro! Apesar de não se passar no cenário urbano esperado por mim, eu amei esse conto. Desta vez eu realmente gostei do suspense apresentado, o mistério que ronda cada página da história, que não é explicado completamente (eu adoro o inexplicável), me fez ficar preso à história, junto disso, as personagens extremamente cativantes, a excelente narrativa e até mesmo o ambiente do livro fizeram com que este se tornasse um dos contos que eu mais gostei no livro. A história trata de um soldado que é incumbido de verificar as áreas próximas de um acampamento de guerra e informar qualquer evento estranho ao seu chefe (que é um completo escroto). Acontece que o evento mais estranho que o soldado encontra é uma águia torturada e morta de maneira muito suspeita próxima de uma montanha. Um veterano jornalista de guerra (a personagem mais cativante da história) o ajuda em suas investigações e é nesse meio que as coisas se desenrolam. Nada realmente grandioso chega a acontecer, e a narrativa é meio devagar, o que pode desagradar a muitas pessoas, mas eu adorei cada detalhe do conto. Nota: 5 (excelente).
Para concluir, "Ruas estranhas", apesar de decepcionar em alguns contos, isso é a exceção, pois na maior parte é um livro que consegue cumprir o que prometeu. Aqui eu encerro minha crítica. Pela média eu daria 3 estrelas para o livro, mas como eu considero que ele conseguiu me entreter bastante, mesmo em alguns contos que eu não gostei muito, minha nota final será de 4 estrelas.