Fran RW 13/05/2012"Pagu" - Lia ZatzO que me fez querer ler este livro foi uma frase presente em um livro de história que tenho aqui, na última página de um capítulo entitulado "A Crise do Populismo". Eis a frase, que se encontra entre parênteses no original: "Pagu foi presa e torturada pela polícia getulista". Ao lado, uma imagem da "intelectual ingajada", como se refere a ela o autor.
Sabendo alguma coisa sobre o que foi o governo Vargas, não me foi preciso muito para subentender o porquê da perseguição a Pagu, ainda mais estando a imagem dela, com a legenda supracitada, num capítulo de livro de história em que a ditadura getulista é um dos temas. É interessante como às vezes tão simples palavras podem despertar tamanho interesse, pois para minha curiosidade não bastava: eu precisava saber quem foi Pagu.
Na biografia de Patricia Galvão (era assim que Pagu se chamava) escrita por Lia Zatz, quem conta a história é Telma, personagem fictícia criada pela autora. Telma encontra documentos sobre a jovem que foi um escândalo na década de 1930, e começa a narrativa da vida desta, com o objetivo de "contar direitinho" a história de Pagu.
Nascida em São João da Boa vista, interior de São Paulo, em 1910, "foi muitas coisas: escritora, jornalista, poeta, desenhista, tradutora, diretora de teatro. Militante revolucionária". Sempre indignada com a sociedade paulista da época, queria ser diferente. E foi. Tão diferente que gerou polêmica. Casou-se ainda muito jovem mas amou e foi amada pelo marido de sua melhor amiga, a famosa pintora Tarsila do Amaral. Também muito jovem ingressou no Partido Comunista Brasileiro e por causa dele foi para a cadeia inúmeras vezes. Numa éoca em que mulher nada podia, ela fez a diferença.
E apesar de não fazer, necessariamente, parte importante da história do Brasil, há em Pagu uma figura representativa da força feminina, na busca por seus direitos. Não estou sendo feminista nem ela o foi, mas se por algum motivo deve ela merecer prestígio, é certamente pelos olhos que abriu e pelas pessoas que influenciou.
Um livro bom para entender uma parte importante da história do Brasil. Sem se falar no esmero com que foi feito. Quase todas as páginas têm no fundo desenhos feitos por Pagu ou imagens do Brasil da época. Fica minha recomendação.
(17/07/2011)
pessoalmentefalando.blogspot.com