Marcos606 24/04/2023
Em 1759, Smith publicou seu primeiro trabalho, Teoria dos sentimentos morais. Didático e analítico alternadamente, ele estabelece a base psicológica sobre a qual A Riqueza das Nações mais tarde seria construída. Nela, Smith descreveu os princípios da “natureza humana”, que, junto com Hume e outros importantes filósofos de seu tempo, ele tomou como um dado universal e imutável do qual as instituições sociais, bem como o comportamento social, poderiam ser deduzidos.
Mostra que nossas ideias e ações morais são um produto de nossa própria natureza como criaturas sociais. Ele argumenta que essa psicologia social é um guia melhor para a ação moral do que a razão. Identifica as regras básicas de prudência e justiça necessárias para a sobrevivência da sociedade e explica as ações adicionais e benéficas que permitem que ela floresça.
Interesse próprio e simpatia. Como indivíduos, temos uma tendência natural de cuidar de nós mesmos. Isso é apenas prudência. E, no entanto, como criaturas sociais, explica Smith, também somos dotados de uma simpatia natural – hoje diríamos empatia – pelos outros. Quando vemos os outros angustiados ou felizes, sentimos por eles – embora com menos intensidade. Da mesma forma, os outros buscam nossa empatia e sentem por nós. Quando seus sentimentos são particularmente fortes, a empatia os leva a conter suas emoções para alinhá-los com nossas reações menos intensas. Gradualmente, à medida que crescemos da infância para a idade adulta, cada um de nós aprende o que é e o que não é aceitável para outras pessoas. A moralidade decorre de nossa natureza social.
A justiça também. Embora sejamos egoístas, novamente temos que descobrir como viver ao lado dos outros sem prejudicá-los. Isso é um mínimo essencial para a sobrevivência da sociedade. Se as pessoas forem além e fizerem o bem positivo – beneficência – nós o acolhemos, mas não podemos exigir tal ação como exigimos justiça.
Prudência, justiça e beneficência são importantes. No entanto, o ideal deve ser que qualquer pessoa imparcial, real ou imaginária – o que Smith chama de espectador imparcial – tenha total empatia com nossas emoções e ações. Isso requer autocontrole, e nisso reside a verdadeira virtude.
A moralidade, diz Smith, não é algo que devemos calcular. É natural, construído em nós como seres sociais. Quando vemos pessoas felizes ou tristes, nos sentimos felizes ou tristes também. Sentimos prazer quando as pessoas fazem coisas que aprovamos e nos angustiamos quando acreditamos que estão fazendo mal.
É claro que não sentimos as emoções dos outros com tanta intensidade quanto eles. E por meio de nossa empatia natural com os outros, aprendemos que um excesso de raiva, tristeza ou outras emoções os aflige. Então, tentamos controlar nossas emoções para alinhá-las com as dos outros. Na verdade, pretendemos moderá-los a ponto de qualquer pessoa típica e desinteressada – um espectador imparcial, diz Smith – simpatizar conosco.