O Ingênuo

O Ingênuo Voltaire




Resenhas - O Ingênuo


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Renata Lohani 20/10/2020

Um livro diferente pra mim.
Achei a leitura bem rica, com textos ótimos e com temas que são válidos na atualidade, principalmente sobre religião... a hipocrisia haha
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Julinhafox 22/10/2020

"A leitura eleva a alma e um amigo esclarecido a consola"
Segunda leitura de Voltaire.
Gostei bastante desse livro, mais do que do Cândido.

A narrativa contada é envolvente, tomada de críticas e ironias sobre a sociedade, nossas crenças e idelogias, questionando-as sempre e em sua origem.

"Pois, nada tendo aprendido na infância, não aprendera preconceitos. E seu entendimento, não tendo sido curvado pelo erro, permanecera em toda a sua retidão. Via as coisas como são, ao passo que as ideias que nos inculcam na infância fazem com que as vejamos, durante toda a vida, como não são."
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Mama 13/06/2023

Voltaire e sua habilidade para criticar a sociedade
Ingênuo é um livro que apesar de ser triste, na minha opinião, é muito bom! Traz uma crítica sagaz ao clero da época na qual Voltaire viveu, bem como aos valores sociais e o comportamento do homem entre os seus. Ingênuo é um rapaz que é índio e acaba parando na França, onde encontra pessoas e aventuras que o mudarão para sempre. Um livro inteligente e curtinho. Vale a pena a leitura.
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BetoOliveira_autor 14/06/2020

Voltaire e as estátuas de perversos
Um conto extenso, quiçá uma noveleta, seja lá qual classificação literária conferem os acadêmicos ao texto O Ingênuo, o fato é que Voltaire nos brinda com uma narrativa poderosa, denunciadora da hipocrisia que permeia todas as instituições da época (críticas cabíveis ainda hoje), em especial as religiões, em realce a Igreja Católica. E não é só isso, a trama é rica, cheia de ações, viradas, embelezado de diálogos profundos, surgindo temas como natureza humana, destino, verdade, justiça, vaidade, cobiça, vício e virtudes.

Seguem abaixo alguns trechos e frases que eu acabei pinçando durante a leitura. Antes de cada excerto, deixo um meu pequeno e modesto comentário.

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Achei esse texto atual diante dos recentes episódios de pessoas negras, nos EUA e no Brasil, revoltarem-se com a violência racista, e destruírem estátuas e monumentos que homenageam homens do passado cuja atividade era praticar crueldades e violência contra negros e quaisquer outros que desagradavam os poderosos. Voltaire já criticava a idolatria de pessoas monstruosas.

"A História, com efeito, não é mais que o quadro dos crimes e das desgraças. A multidão de homens inocentes e pacíficos sempre se apaga nesse vasto cenário. Os principais papéis estão com os ambiciosos e os perversos."

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Nesse trecho o protagonista hurão, o Ingênuo, contrapõe o companheiro de cela de prisão, um jansenista, adepto da graça eficaz. Justificava ele que a condição dos dois estarem presos injustamente era o propósito de Deus, da providência. Recebeu uma inteligente resposta do colega. Vejamos parte do diálogo no cárcere.

"-É fora de dúvida - disse ojansenista ao hurão, que Deus deve ter grandes desígnios a teu respeito, pois te conduziu do lago Ontário à Inglaterra e à França, fez-te batizar na Bretanha, encerrando-te depois aqui, para salvação de tua alma.

-Palavra - retrucou o Ingênuo, - creio que foi apenas o diabo que se meteu no meu destino. Meus compatriotas da América jamais me tratariam com esta selvageria; eles não têm a mínima idéia disto. Chamava-lhes selvagens; são, de fato, criaturas bastante grosseiras, ao passo que os homens daqui são uns refinados patifes. Sinto-me, na verdade, muito surpreso de ter vindo do outro mundo para ser trancafiado neste, em companhia de um padre; mas penso no prodigioso número de homens que partem de um hemisfério para serem mortos no outro, ou que naufragam em caminho e são devorados pelos peixes: não atino quais sejam os graciosos desígnios de Deus a respeito de toda essa gente."

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Nessa passagem, lemos uma crítica à Igreja Católica e sua vaidosa e criminosa visão de ser a possuidora da" verdade", a ponto de a Inquisição matar na fogueira quem não seguisse a verdade.

"A verdade brilha com a sua própria luz, e não se alumiam os espíritos com as chamas das fogueiras."

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Por fim, nesse excerto Voltaire, um dos filósofos iluministas mais marcantes, usa da narrativa para atacar a superstição seguida infantilmente pelas nações e povos.

"Imagino que as nações foram por muito tempo como eu: só se instruíram muito tarde e, durante séculos, só se ocuparam do momento presente, muito pouco do passado, e jamais do futuro. Percorri quinhentas ou seiscentas léguas do Canadá, sem encontrar um único monumento; ninguém, por lá, sabe o que fez seu bisavô. Não será esse o estado natural do homem? A espécie que habita este continente parece-me superior à do outro. Há séculos vem ela ampliando o seu espírito, por intermédio das artes e dos conhecimentos. Será porque têm eles barba no queixo e Deus a recusou aos americanos? Não o creio, pois vejo que os chineses quase não têm barba e cultivam as artes há mais de cinco mil anos. E, se possuem quarenta séculos de anais,- é forçoso que a nação já estivesse unida e florescente há cinqüenta mil anos.

0 que principalmente me impressiona na história antiga da China, é que tudo nela é verossímil e natural. 0 que mais me admira é que nada tenha de maravilhoso.

Por que será que todas as nações se atribuíram origens fabulosas? Os antigos cronistas da história de França, que não são antigos, fazem provir os franceses de um Francus, filho de Heitor. Diziam-se os romanos descendentes de um frígio, embora não houvesse na sua língua uma única palavra que tivesse a mais remota. relação com a língua frígia. Os deuses haviam habitado dez mil anos no Egito e os diabos na Cítia, onde haviam engendrado os hurões. Antes de Tucidides, não vejo senão romanos semelhantes aos Amadis, e muito menos divertidos. São, por toda parte, aparições, oráculos, prodígios, sortilégios, metamorfoses, sonhos interpretados, e que ditam o destino dos maiores Impérios e dos menores Estados: aqui animais que falam, ali animais que são adorados, deuses transformados em homens e homens transformados em deuses. Ah! se é necessário que haja fábulas, que estas pelo menos sejam o emblema da verdade Amo as fábulas dos filósofos, rio com as das crianças, odeio a dos impostores. "

Enfim, leitura sobejamente recomendada. Bora lá!
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Marcos Nandi 26/05/2023

O livro é muito bom, divertido, e no final muito triste KK.

No início no livro há uma frase que informa ser uma história verdadeira retirada dos manuscritos de um padre. Não duvido, já que a história é crível.

Voltaire, obviamente, fez uso do protagonista para criticar de forma bem mordaz o clero (jesuítas e papa) da época. O livro se insere na onda do indianismo característicos dos romances franceses do século XVIII.

O protagonista, chamado de Ingênuo que depois de batizado, teve seu nome alterado para Hércules é um hurão, pelo que entendi, uma etnia indígena da América do norte. O personagem é honesto e sincero, porém, nada burro. Ainda acho que essa ingenuidade é um disfarce para poder criticar de forma contundente os costumes da época com a desculpa de ser um bronco, mas enfim!

O Ingênuo aparece numa província francesa através dos ingleses que chegam na província para vender gêneros de seu país. A partir disso, começa a história que não vou adentrar em detalhes para não dar spoiler.

É um livro engraçado, mas com muitas questões filosóficas. Vale a leitura.
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MF (Blog Terminei de Ler) 29/01/2022

A cada leitura de Voltaire, fico cada vez mais impressionado com seu afiado e bem-humorado sarcasmo. Crítico da hipocrisia de seu tempo, a França do século XVIII, tanto na esfera política, religiosa e cultural, iluminista e defensor das liberdades individuais, Voltaire usava com maestria a sátira e a ironia como instrumentos transmissores de suas ideias, e isso aparecesse com maior ou menor peso em seus escritos, conforme a respectiva obra. Em “O ingênuo”, novela escrita em 1767, conhecemos o personagem que responde pela alcunha do título, um hurão que chega à Bretanha onde é acolhido por uma comunidade local e, após ser convertido e batizado no catolicismo, encontra todo tipo de dificuldade quando se apaixona por sua madrinha.

site: https://mftermineideler.wordpress.com/2022/01/07/top-2021-melhores-livros-lidos/
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Amanda 15/01/2024

Maravilhoso e épico!
"O Ingênuo fazia rápidos progressos nas ciências, e sobretudo na ciência do homem. Esse rápido desenvolvimento de seu espírito era devido quase tanto à sua educação selvagem como à têmpera de sua alma. Pois, nada tendo aprendido na infância, não aprendera preconceitos. E seu entendimento, não tendo sido curvado pelo erro, permanecera em toda a sua retidão. Via as coisas como são, ao passo que as ideias que nos inculcam na infância fazem com que as vejamos, durante toda a vida, como não são"

"A leitura eleva a alma, e um amigo esclarecido a consola. O nosso cativo gozava dessas duas vantagens que antes não havia suspeitado. ?Sinto-me tentado ? disse ele ? a crer nas metamorfoses, pois fui transformado de bruto em homem?


O "bom selvagem" é retratado de uma maneira diferente, apesar das semelhanças gerais. Engraçado e reflexivo, este livro nos faz ótimos questionamentos e nos faz pensar muio no eurocentrismo. Gosto como Voltaire escreveu sobre política, religião, cultura e filosófia em frases tão bem compostas.
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