Mary.Astoc 08/08/2023
A lei antiga que separa gatos e andorinhas
"Desde o início dos tempos, gato com gata, pássaro com pássaro, pato com pato, cão com cadela, é a lei antiga!"
Como uma das primeiras leituras do ano (mesmo escrevendo essa crítica apenas quase seis meses depois), temos o livro "O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá" de Jorge Amado, leitura obrigatória da escola, o que por si só prejudica boa parte da experiência.
Houve inúmeros fatores que interferiram na minha opinião sobre a obra, como ser obrigada a ler em um ritmo que não é o meu e a frustração pelo único livro da tão rica literatura brasileira obrigatório pelo sistema educacional português há mais de 25 anos ser este, embora eu possa listar inúmeros outros. Independentemente disso, é inevitável não refletirmos sobre a moral que a obra nos traz. Uma moral que infelizmente se encaixava perfeitamente na época do meu pai (que nasceu próximo à publicação do livro) e nos tempos em que vivo hoje e, infelizmente, acredito que seja uma moral que se encaixará na época dos meus filhos e netos. Isso me leva a criticar a intolerância demonstrada no livro, que vai bem além da ficção. Não vou comentar muito mais aqui para evitar spoilers.
Concluo, após ler inúmeras outras críticas, que, pelas circunstâncias, acredito que não pude aproveitar tanto esse livro como deveria, e pretendo relê-lo daqui a alguns anos, quando as circunstâncias e até minha mentalidade forem outras.