Luz 26/06/2010
Aqui se faz , aqui de paga. Será????
.............. É aconselhável que o futuro leitor de "No Coração do Mar", antes que se aventure pela saga do baleeiro Essex, ao largo do Chile, na vastidão infinita do Pacífico, abalroado por um cachalote de seus 26 metros e deixando toda a tripulação à deriva, depois que a embarcação foi à pique, leia primeiro o livro de John Boyne, "O Garoto no Convés"e se inteire primeiro e antes de mais nada, sobre o navio Bounty, que ia buscar sementes de fruta pão nos mares Polinésios, para que fossem levadas para colonias inglesas e servisse de alimento a trabalhadores braçais nessas referidas colonias. Na apresentação do Bounty, conhecer-se-á o capitão Bligh que, depois de um motim entre seus subordinados mais antagônicos a suas perspectivas de comando do navio, foi abandonado com meia dúzia de correligionários de infortúnio, do aludido motim, a se enclausurarem em um único bote que foi deixado á deriva em mar alto e mar aberto, esperando que a sorte ou a benevolência de Deus, pudesse fazê-los serem salvos e resgatados. Em "No Coração do Mar", todos os tripulantes foram também lançados ao mar sem fim do Pacífico, depois que a baleeira Essex, de Nantucket, América do Norte, foi abalroada terrivel e inclementemente por um cachalote, parente da baleia, que lhes ceifou qualquer chance de defesa, depois que a sua embarcação foi a pique. Espremidos e distribuídos em três botes, com minguadas subsistências alimentares, pouquíssima, raríssima, e quase nenhuma água, a não ser da chuva ou mesmo a do oceano, indigestamente salgada, os náufragos do Essex passaram três meses tormentosos, que os levou a extremos jamais inconcebíveis, aceitando o canibalismo como única forma de sobreviver, depois que alguns homens morreram de subnutrição e exauridos pela inclemência dos fatos, sendo que depois foram ainda mais enfáticos nessa defesa da premência de alimentação, quando houveram sacrifícios que levaram a alguns deles, serem exterminados, para servirem de repasto para os amigos que debilitados, ao extremo, ainda estavam vivos. Prova incontestável aí, que se o capitão Bligh não precisou recorrer a tais extremos e conseguiu ser salvo com a maioria dos homens que estavam consigo, a notória incapacidade de conhecimento que pudesse tê-los levado a um destino melhor, o capitão Pollard, do Essex, foi de uma incompetência absurda quando passaram tão próximo às Society Island e desviaram o rumo, em busca do litoral do Chile, na América do Sul, o que fêz levar muito mais tempo e desse modo, terem de recorrer a absurdos que a natureza humana, em geral, descarta e abomina. O livro é uma prova, no geral, de coragem, de buscar sempre não esmorecer, por pior que esteja tudo, mesmo depois que os acontecimentos provarem que é justamente o contrário, ou seja, esgotou-se a última cartada e a última saída, entretanto se os poucos sobreviventes do Essex, afinal, depois de tudo que passaram, foram salvos, é piamente entendido que existe o perdão e a clemência de Deus quando purgamos nossas faltas e os nossos êrros, pois os homens que saíram, como hábito deles, para caçarem e matarem baleias e obterem o seu rico óleo, o espermacete, mesmo a custa de abaterem baleias fêmeas com seus filhotes, e depois do naufrágio da baleeira onde estavam em segurança, para a insanidade do mar, e foi lhes dado outra chance de vida, é bom saber que podemos ter esperanças do perdão divino sempre que Ele achar, que, de um jeito ou de outro, poderemos ou não, merecermos isso.