Henrique Fendrich 06/09/2019
Laé de Souza é um homem cheio de projetos. E com ele tenta chegar até os jovens, fazer com que eles, de alguma maneira, se sintam atraídos pelos livros. E faz isso usando o gênero mais propício para essa aproximação, ou seja, a crônica. “Acredite Se Quiser” é um dos livros com esta proposta. De fato, um jovem, adolescente mesmo, não teria dificuldade alguma com a leitura de suas crônicas. Só que também é preciso dizer que elas não são nenhum primor do gênero.
Como tanta gente, Laé de Souza também tenta colocar humor em episódios cotidianos, muitas vezes criando pequenas histórias ou causos, mais próximos do conto – essa poderia ser uma definição sobre o Fernando Sabino, por exemplo. Mas nem o humor é dos mais engraçados e nem as histórias divertem muito. Por vezes, o cronista também defende um ponto de vista que, mesmo sendo correto, não é lá muito original ou inventivo quanto se esperaria de um escritor. Há algumas experiências interessantes, como as histórias sobre uma nova descida de Jesus na terra, mas em geral o resultado não causa maior divertimento.
Laé também criou alguns personagens e os tratou como se fossem reais, expediente bastante explorado e bem sucedido desde Machado de Assis, com destaque para Nelson Rodrigues. Mas o Pastor Queixada, criado por Laé, não tem a mesma força, e talvez pelo que haja de caricato e senso comum nele – não pareceu que o escritor conhecesse o seu universo. Também há algumas crônicas típicas, incluindo aquele sobre falta de assunto, que promove reflexões até pertinentes e curiosas sobre a relação com o leitor. E uma ou outra crônica com boas sacadas.
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