Marcela 18/11/2012
Por trás de uma capa metafórica, uma história surpreendente.
Devo confessar, de início, que mais me chamou a atenção para este livro foi a capa e o nome "Tempest". Pensava eu que este título remetia diretamente à tradução do mesmo (em português, "Tempestade"), até porque temos, na capa, várias nuvens escuras e alguns raios, que reforçam essa imagem inicial. Bom, era isso o que a autora (ou a editora e, creio eu que tenha sido esta) tinha em mente: confundir os leitores e instigá-los a saber cada mais.
A história de Tempest é baseada em um tema bastante complexo de ser abordado: a viagem pela quarta dimensão, ou seja, o tempo. Há diversas histórias espalhas por aí que tratam dessa mesma temática e, cada uma vem para alterar a concepção anterior que já temos. Senti muito isso quando estava lendo Tempest pois, antes, já tinha lido "A Mulher do Viajante no Tempo" de Audrey Niffenegger, em que Henry - o dito viajante - diferente de Jackson, não pode levar nada material consigo, inclusive, roupas (ele sempre aparece nu, literalmente "caminhando contra o vento, sem lenço e sem documento"). Mas, deixemos Henry DeTamble de lado e falemos sobre Jackson Meyer...
Sendo um jovem de 19 anos que faz faculdade e tem uma namorada, Jackson poderia ser um cara comum, normal, como qualquer outro. Mas ele descobriu, há alguns meses, que podia voltar alguns minutos no passado, mesmo que isso não alterasse nada em seu futuro (ou no presente). Ou assim ele pensava até então. Jackson então compartilha o seu segredo com seu melhor amigo nerd, Adam, que passa a ajudá-lo com experimentos para averiguar qual é a extensão de seu "poder". No começo, Jackson é quase tão leigo em relação à sua capacidade quanto nós, leitores. Vamos descobrindo, pouco a pouco, juntamente com ele, o que ele pode ou não fazer. E isso sempre nos surpreende.
Até então, tudo em sua vida seguia certo ritmo de tranquilidade. Eis que homens misteriosos invadem o dormitório de Holly, sua namorada, e a matam na frente dele, em outubro de 2009, o seu "atual presente" (perdoem-me pela redundância). Desesperado e confuso, Jackson acaba saltando no tempo até 2007 (um tempo muito além do que ele tinha conseguido até aquele momento), mas desta vez, não consegue voltar para o futuro, ficando então, preso naquela linha temporal e tendo que tocar sua vida e se virar com o que pode. Jackson, agora, está disposto a fazer o possível para evitar que Holly seja assassinada novamente.
Até ai, tudo poderia não passar de uma historinha adolescente sobre um cara fora do comum e uma garota normal, como vemos quase sempre nos romances sobrenaturais que tanto fazem sucesso hoje. Mas se engana quem pensa isso. Tempest vai muito além do convencional, mesclando (muito bem, por sinal) elementos do romance jovem com uma grande carga de informações típicas de uma história policial, em um roteiro da ficção científica. Julie Cross consegue esquematizar com maestria todo um "universo alternativo" para inserir o contexto de sua obra. Cria não só um protagonista determinado que vai amadurecendo com o decorrer da história, como também toda uma rede de tramas que se relacionam diretamente com essa capacidade de "saltar no tempo". O "Tempest", que dá nome ao livro, não é apenas o significado de "tempestade", como sugere a capa, mas uma organização secreta da CIA que combate os chamados "Inimigos do Tempo", saltadores que querem, digamos, "dominar o mundo".
Obs (nota rápida): A história é tão, mas tão interessante, que já teve até seus direitos de filmagem comprados pela Summit. Notei que aqui, poucas pessoas parecem conhecer esse livro e isso é realmente uma pena. Divulguem-no!
Para finalizar, sem entregar o enredo da história com lotes e mais lotes de spoilers, devo dizer que o final só me fez ansiar mais ainda pela continuação... E, o mais interessante: não é um daqueles "finais em aberto", que deixam na cara a continuação. É um final realmente conclusivo, mas que deixa aquela centelha de "o que vai acontecer?" e nos faz querer "saltar no futuro" para conhecê-lo.