Alucinações musicais

Alucinações musicais Oliver Sacks




Resenhas - Alucinações Musicais


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morganarosana 31/08/2012

Um mundo musical que não conhecíamos
Estou lendo os livros do neurocientista inglês Oliver Sacks desde o começo do ano como material para criação na matéria de Montagem na minha faculdade este ano. Confesso que antes de ler os relatos do médico eu mal conhecia as síndromes e patologias das quais ele fala, muito menos sabia que as que eu pensava conhecer.
Sacks é um médico diferente dos outros, não vê seus pacientes como apenas um número. Ele acredita que o diagnóstico das doenças não é feito observando somente os sintomas e as consequências, mas observando o paciente como um todo. Em seu convívio social, como ele se porta perante família e amigos, e como estes lidam com a pessoa.
Uma de suas frase é que "não é a pessoa que tem uma doença, é a doença que tem uma pessoa".
É esta capacidade de adaptar-se do ser humano que mais atrai o olhar de Sacks, e o que ele mais saliente em seus sonhos.

Diferentemente dos outros livros que li dele; Um antropólogo em Marte e O homem que confundiu sua mulher com um chapéu; Alucinações Musicais traz mais relatos pessoais das suas relações com a música do que sobre pacientes. Ela fala sim, sobre a história de vários pacientes, mas
às vezes só pra elucidar ou ilustrar a questão sobre uma tema maior.
Vindo de uma família muito musical, Sacks relata também experiências alucinatórias musicais próprias.
Na primeira parte do livro ele trata de musicofilia (pessoas que não reconhecem tons, timbres ou ritmos da música). E também fala sobre brainsworms, aquelas musiquinhas chatas que não saem da cabeça. Fala também de amusia, ouvido absoluto, relato sobre o aparelho auditivo e o modo como escutamos e sentimos a música. Há também sinestesia musical! Pessoas que podem associar sons com cores ou gosto, elas podem sentir a música com um sentido a mais do que com a audição.
Há relatos também sobre a potência e a influência em doenças e anomalias graves como a Síndrome de Tourette, Autismo, Parkinson, a síndrome de Korsakov (amnésia irreparável, ás vezes o paciente perde a memória recente em poucos minutos e fica preso no seu próprio presente para sempre).

Todas as histórias que Sacks conta em seus livros são portas que se abrem em nosso entendimento do mundo e sobre o que é normal e o que não é normal na humanidade. Ele quebra com o nosso senso comum e mostra que mesmo com doenças graves podem ter um outro lado. E que as pessoas são adaptáveis, nenhuma doença é tão irreparável que não possa ser superada de certa forma, por um caráter forte e determinado.
Geraldo.Ferreira 16/09/2015minha estante
Sou engenheiro e gosto de música, mas também gosto muito de neurociência; esse livro me foi emprestado pelo meu professor de música e me prendeu, já estou a 70% do livro em algumas semanas.
Não conhecia nada do autor, mas seu modo de apresentar os casos e as referências, que são inúmeras, mostra o quanto ele se dedica ao que faz.
Respeito muito os médicos e fico muito impressionado com os que divulgam de maneira tão objetiva suas experiências.


fabio 28/09/2015minha estante
Parabéns pela ótima resenha!
Vou começar a ler esse livro agora ...




Filino 25/04/2020

A música não é simplesmente bela. Parece essencial às nossas vidas
Oliver Sacks escreveu uma obra instigante e reveladora. A massa cinzenta que todos nós possuímos é cheia de surpresas e "Alucinações musicais" contribui maravilhosamente para compreendermos como funciona nossa cachola.

O autor relata diversos casos interessantes, todos eles relacionados de alguma maneira à música e habilidades musicais. Aborda o ouvido absoluto (por que a maioria das pessoas não o tem?), o súbito (des)interesse por essa arte após alguma lesão cerebral, e de que forma a música parece estar de tal modo impressa no cérebro que, por vezes, parece minimizar (e até anular) efeitos de doenças neurológicas gravíssimas. Isso, pra falar apenas de alguns aspectos do livro. Certos casos parecem inimagináveis até para o escritor mais criativo de ficção. Mas o ser humano (e sobretudo o cérebro) é surpreendente.

Apresentando um vasto conhecimento científico de maneira simples (mas sem jamais ser simplório) e com uma abordagem profundamente humana na relação médico-paciente, Oliver Sacks nos traz um livro riquíssimo. E sobretudo humano.
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Tatai 03/03/2022

A princípio achei a leitura um pouco maçante, mas depois de um tempo engatei e não consegui mais parar. Cada capítulo foi um impacto diferente, uma nova descoberta, e diversas comprovações do poder e importância da música.
Tô genuinamente muito impressionada com a dimensão da influência da música no cérebro humano. Me choca demais perceber como o cérebro processa ela é de forma totalmente à parte da linguagem. Porém o que mais me marcou foi saber que, mesmo apresentando distúrbios que afetam a fala, audição, memória, raciocínio, consciência, etc, as pessoas ainda são capazes de serem afetadas pela música e reagir de forma muito positiva à ela.
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Thaisdv 24/02/2024

O título deste livro me chamou muita atenção logo de cara, pois tenho muito interesse em música, e quando fui pesquisar, vi que era um livro que relacionava a música com a neurociência, então de imediato peguei para ler. Para quem tem um entendimento básico na neurociência esse livro traz uma leitura muito fluida e interessante. Ele se torna um pouco complexo de resenhar, pois se trata de diversos estudos de caso e exemplos. Contudo, tentarei abstrair ao máximo a proposta do Oliver com ele.
A música está presente em nossa vida desde o momento que nascemos e boa parte do que ouvimos pode ficar gravado no nosso cérebro pelo resto de nossa existência. A música tem a incrível capacidade de nos acalmar, animar, consolar e emocionar, e nos ajuda a obter organização e sincronia. De todas as artes, a música é a que menos busca por um significado ou interpretação, embora seja a que é mais intimamente ligada às emoções, ela é totalmente abstrata, não tem nenhum poder formal de representação. Por exemplo, em uma peça de teatro podemos aprender sobre, ciúme, traição, vingança, amor, mas a música instrumental, nada nos diz sobre essas coisas. A música pode ter uma perfeição maravilhosa, formal, matemática e pode ser dotada de ternura, pungência e beleza. Mas ela não precisa apresentar um significado, pode-se recordar uma música e dar vida à imaginação, simplesmente porque gostamos dela.
Os processos neurais que fundamentam a criatividade não tem relação com a racionalidade. E assim, às vezes ouvimos músicas na nossa cabeça que surgem arbitrariamente, e geram um efeito positivo pois alivia o tédio, alegra o espírito e torna-se gratificante, pois acaba tendo os mesmo efeitos da música real. Para acessarmos essas imagens mentais musicais precisamos de sistemas extremamente sensíveis e refinados, muito além dos existentes em primatas não humanos. Estes sistemas envolvidos são muito sensíveis à estimulação de fontes internas, como a memória, emoções e associação. Embutir palavras, habilidades ou sequências em melodia e métrica, é uma exclusividade humana. A utilidade dessa capacidade para ajudar a lembrar grande quantidades de informação, especialmente em uma cultura pré-letrada, decerto é uma razão de as habilidades musicais terem florescido em nossa espécie.
Com o advento das técnicas de imageamento cerebral foi possível visualizar o cérebro de músicos e compará-lo ao de não músicos, onde foi demonstrado em pesquisas que o corpo caloso, que liga os dois hemisférios cerebrais, é maior em músicos profissionais, e que uma parte do córtex auditivo, o plano temporal, apresenta um aumento assimétrico nos músicos dotados de ouvido absoluto (que é a capacidade de distinguir imediatamente o tom de qualquer nota). Apontaram também um volume maior de massa cinzenta nas áreas motoras, auditivas e visuoespaciais do córtex bem como do cerebelo. As mudanças anatômicas do cérebro tem alta correlação com a idade em que a pessoa começou o seu treinamento musical, bem como, com a intensidade da prática e ensaios.
Existem duas categorias de percepção musical, uma envolvendo o reconhecimento de melodias, e a outra, percepção de ritmo ou intervalos de tempo. Deficiências na percepção de melodia podem ser originadas por lesões no hemisfério direito, mas a representação do ritmo é mais disseminada e robusta, por isso envolve tanto o hemisfério esquerdo quanto muitos sistemas subcorticais nos gânglios basais, cerebelo, entre outros. Existem outras formas de amusia e cada uma envolve bases neurais específicas.
Nietzsche interessou-se a vida inteira pela relação entre a arte, especialmente a música, e a fisiologia e fez associações entre o poder de estimulação do sistema nervoso de um modo geral dentro de um episódio de depressão fisiológica e psicológica. Também falou dos poderes propulsores dinâmicos da música, ou seja, sua capacidade para evocar, impulsionar e regular o movimento. E assim a música tem o extraordinário poder sobre pacientes pós-encefalíticos, podendo despertá-los em todos os níveis, deixando-os alertas quando estavam letárgicos, dar-lhes movimentos normais quando estavam congelados e, incrivelmente, proporcionar-lhes vívidas emoções e memórias, fantasias, identidades completas, coisas que seriam inacessíveis.
A neurociência da música, em especial, concentra-se quase exclusivamente nos mecanismos neurais pelos quais percebemos a altura, os intervalos tonais, a melodia, o ritmo etc., e até bem recentemente dedicava pouca atenção aos aspectos afetivos de apreciar música. Embora a musicalidade, como uma habilidade perceptiva, provavelmente tenha um considerável componente inato, a suscetibilidade emocional à música é mais complexa, pois pode ser bastante influenciada por fatores pessoais tanto quanto neurológicos. Quando uma pessoa está deprimida, a música pode “perder a graça”, mas isso em geral é parte de um embotamento ou retraimento da emoção.

Para muitos de nós, as emoções induzidas pela música podem, de fato, ser avassaladoras. Muitas pessoas são tão sensíveis à música que não podem ouvi-la ao fundo enquanto trabalham; ou eles prestam atenção total à música ou precisam desligá-la completamente, pois ela é poderosa demais para permitir-lhes concentrar-se em outras atividades mentais. Dentre todas as artes, a música é a única que é ao mesmo tempo completamente abstrata e profundamente emocional.
A musicoterapia pode ser muito eficiente como tratamento para pacientes com demência, porque a percepção, sensibilidade, emoção e a memória para música, podem sobreviver até muito tempo depois de todas as formas de memória terem desaparecido. A familiaridade com alguma música faz aflorar emoções e associações esquecidas e reabre a oportunidade do paciente ter acesso a estados de espírito e memórias a pensamentos de mundo que pareciam ser totalmente perdidos podendo melhorar também o humor, comportamento e até a função cognitiva, persistindo por horas ou dias após terem sido desencadeados pela música.
Existem áreas específicas do córtex que alicerçam a inteligência e a sensibilidade musicais, e pode haver formas de amusia quando acontecem danos a essas áreas. A resposta emocional a música, ao que parece, é muito disseminada e provavelmente não apenas cortical, mas também subcortical, de modo que mesmo com uma doença de Alzheimer a música ainda pode ser percebida, desfrutada e gerar respostas. Não é necessário possuir conhecimentos formais de música para apreciá-la e responder a ela nos níveis mais profundos. A música é parte do homem, e não existe cultura humana na qual ela não seja altamente desenvolvida e valorizada. A música não é um luxo para pessoas com demência, é uma necessidade, e pode ter um poder superior a qualquer outra coisa para devolvê-las a si mesma e aos outros, pelo menos por algum tempo.


site: https://medium.com/@thaisdovalle94/resenha-alucina%C3%A7%C3%B5es-musicais-oliver-sacks-6664bb5fa16f
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Ana Clara 08/10/2020

Alucinações musicais
Todos os musicistas ou aqueles que tem uma relação profunda com a música deveriam ler esse livro. Ele é essencial para entender os processos da música com o cérebro e sua relação com algumas doenças.
Oliver Sacks escreve de forma cativante e por isso o Livro se torna muito interessante. Não é uma leitura fácil, mas passa longe de ser cansativo ou muito difícil de entender.
A cada nova história eu me surpreendia conhecendo novos casos sobre a música que talvez nunca conheceria.
Mais do que recomendo!
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Ingrid145 03/12/2023

Fascinante!
Ah, o cérebro! Que órgão fascinante! Adorei conhecer o poder quase sobrenatural da música para o tratamento de algumas doenças. Fantástico!
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Eduardo.Mathias 10/03/2021

Música: uma ferramenta humana essencial
O livro relata casos de distúrbios neurológicos e suas relações com a música
Sem ter uma linguagem acadêmica ou um teor muito científico, Oliver Sacks saca como a música pode interagir com seus pacientes, com ele próprio e conosco.
Única crítica seria a quantidade de notas de páginas que essa edição tem, acho que dificulta a leitura onde as vezes nem precisava das mesmas
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Henggo 02/09/2022

Instigante imersão em nós
Eu tinha uns 5, 6 anos quando quando me lembro de ter escutado a música que ainda hoje, com 34 anos, ressoa em minha mente: "Lindo Balão Azul" do Guilherme Arantes. O que eu sentia lá atrás? Não sei descrever em palavras. Mas recordo de um sentimento que me acostumei a chamar de "música para deitar no chão". Quando ouço uma música que me abraça, enerva, eleva, instiga, tenho vontade de deitar no chão e sentir. E este livro é uma imersão científica nesses sentimentos.

É tocante (com o perdão do trocadilho).

Aos 17 anos, em uma cirurgia de apendicite que se complicou, eu tive uma parada cardíaca e vivenciei uma EQM (Experiência de Quase Morte). Ao chegar ao capítulo sobre esses relatos e como isso afeta a percepção musical, a identificação foi completa. Olivver Sacks tem uma capacidade que o diferencia: falar de ciência sem pender para o academicismo.

Compreender o que eu vivenciei lá atrás e como isso me afetou foi mágico.

Livros como este, além dessa imersão individual, proporcionam também um quase estudo antropológico, pois nos ensinam a ter empatia pelo diferente e a reconhecer similaridade no que parece distante do nosso "comum". Somado a isso, são obras assim que me fazem questionar o motivo de algumas pessoas odiarem ciência e atacarem esse saber. A ciência responsável, com método e comprovação, muda vidas, derruba muros, traz conhecimento, abraça a diversidade. O estudo do Oliver é um exemplo disso.

Ler este livro foi um presente. Eu amo música, tenho coleção de trilhas sonoras e adoro brincar com edição de áudio. Aqui, portanto, tive a oportunidade de mergulhar na minha paixão e entender os mecanismos mentais por trás dela - e os diferente distúrbios a ela relacionados.

(Confesso que alguns foram meio assustadores.)

Se você gosta de música e quer compreender mais sobre essa intrigante arte, recomendo este livro. Será uma viagem inspiradora.
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Franciele Müller 30/08/2016

Sacks como sempre, trás vários casos que fogem do comum. Um bom livro para psicólogos pois trás casos de psicossomática relacionados à música e trás vários transtornos físicos que são raros e que podem ser confundidos com transtornos psicológicos.
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Antonio Cesar 03/10/2016

Narrado com propriedade por um grande médico neurologista, também um grande escritor mas sobretudo por uma pessoa de grande sensibilidade, a obra é um passeio impressionante pelos transtornos mentais relacionados com a música. Uma leitura que traz situações trágicas, as vezes cômicas mas indubitavelmente prazerosa. Imperdível
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Hipocampo 22/03/2021

Mundo "impercebido"
Uma fabulosa coletânea de estudos em neurociência descontraída e interessantíssima. Mas atenção o livro requer um tanto de conhecimento em neurofisiologia, neuroanatomia e neurociências!
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JsvD: 03/09/2022

A música além do que se ouve
O livro é muito bom, mas é um pouco complexo, é importante ter bastante atenção e anotar alguns termos pra não se perder. Pelo título eu imaginei que a história seria outra coisa, porém não me decepcionei nenhum pouco com a leitura. Essa obra apresenta muito conhecimento para um leitor comum.
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Carina143 31/07/2023

Sou grande fã do trabalho de Oliver Sacks já há muitos anos, e esse era o livro dele que mais queria ler. Finalmente consegui e apenas me arrependo de não ter lido antes. Apesar dos termos técnicos eventualmente usados, é um livro que explica muita coisa pra pessoas como eu, que não são médicas ou trabalham na área da saúde.
Apesar de chamar Alucinações Musicais, o livro trata de diversas condições e doenças e suas relações e/ou respostas à música.
Durante a leitura sentia uma constante sensação de "caramba, quanta coisa existe no mundo e a gente nem faz ideia".
Amei.
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jungesartur 12/09/2023

Dom-delírio
Só tirei uma lasquinha da nota pq não é assim "o livro da minha vida", mas fiquei tipo espantado com a fluidez, com a engenhosidade do autor na escrita, ele que é um neurologista, mas que é também um escritor, até me comovi com algumas das histórias e ao invés de grifar, coloquei um coraçãozinho do lado de algumas passagens. A relação da música com a memória... Eu queria desde o início ter catalogado as patologias/alucinações/transtornos, ou até dons-delírio, a título de estudo, pra satisfazer o bibliotecário e auxiliar o professor que me habita, mas só tive essa ideia pra lá da metade do livro e não rolou.
Oliver é um profissional muito humano, curioso/interessado, e é impressionante poder entender um pouco mais dos aspectos neurológicos/cerebrais, suas correspondências com as nossas experiências de mundo, conscientes e inconscientes.
Há dores e perdas por um lado, alegrias e até ganhos (emocionais, intelectuais, afetivos) por outro, entre esses tantos fenômenos sempre ligados pela música (para também não fugir ao tema desse livro).
Li em 5 dias (feriadão).
Recomendo. É quase uma coletânea de contos... É literatura da vida real, casos-contos-reais, é sobre histórias fantásticas e musicais.
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Rafael 04/02/2024

Espantosa relação entre música e cérebro
Denso, bem técnico mas vale demais a leitura! Nunca imaginei como a música pode ter tantas implicações no nosso cérebro e como ela é uma arma poderosa pra resistir a tantas doenças.
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