Dhay 30/01/2014
“Trata-se de uma história de pessoas comuns durante uma fase terrível. Uma época que desejo de todo o coração, que nunca, nunca mais se repita.”
Uma época distante e ao mesmo tempo tão próxima. Tempos terríveis e opressores onde tudo que restava para a maioria dos europeus e a todos os judeus era a busca por sobrevivência. Este é o tema retratado no outro lado do Diário de Anne Frank, a história desta vez é repassada pelos olhos de Miep, a mulher que ajudou com todas as suas forças a esconder a família Frank e Van Daan no “Anexo’’, assim chamado pela própria Anne.
“Foi demais o que aconteceu com meu país nesses últimos cinco anos. Muitos foram levados. Quem sabe quantos não voltarão nunca mais?” – Henk.
Época desastrosa e perturbadora, opressora e poder tomado “a marra”, custando vidas, famílias, liberdade e felicidade. Sabe... Lembrar-se da segunda guerra mundial é fazer uma psicológica viagem da Alemanha para a Polônia, da Polônia para a Holanda, e desta para a China, pois sempre me vem à cabeça o Holocausto, Anne Frank, os campos de concentração e as bombas atômicas jogadas sobre Hiroshima e Nagasaki. Isso tudo para que? Vinte milhões de mortos, seis milhões sendo judeus, para que? Apenas para manter uma “raça-pura”, ou para recuperar uma “Alemanha Perdida”? Ou para intimidar e obrigar a destruição dos “inimigos” com uma bomba nuclear, que até hoje está estampada às cicatrizes da terrível radiação no povo Chinês? Desastres horríveis, incalculáveis causados por homens manipuladores... Eles sabem manipular, as pessoas deveria ter a mesma ideologia de Karl Marx que sempre defendia como o povo era forte, apenas tinham que se unir, juntos conseguiria derrubar qualquer poder opressor. Mas é bem mais fácil aceitar, aceitar ser mandado, aceitar ser manipulado e alienado. E é exatamente isso que aconteceu nessa época. Hitler era sim um manipulador, ok, conseguiu tirar a Alemanha do caos causado na primeira guerra mundial? Sim, conseguiu. Restaurou toda a economia e a política alemã, mas a conta a pagar viria depois. É revoltante pensar em como apenas um homem pode manipular uma nação inteira. Isso é evidentemente estampado no Livro “O menino do Pijama Listrado”, pois a irmã de Bruno odeia os judeus, mas quando Bruno questiona o porquê, ela não sabe. Apenas os odeia. E diz pra ele, que ele também deve odiar, simplesmente porque os alemães são “superiores”... Enfim, isto é uma conversa entre duas crianças que eu li e nunca mais saiu da minha cabeça. O poder de persuasão e alienação política é muito grande.
“Fomos submetidos nas mãos dos selvagens opressores alemães. Por cinco longos anos perdemos o contato com o mundo. Fomos profundamente humilhados, dobramos os joelhos, vidas inocentes foram interrompidas.” - Miep
Voltando ao livro... Miep após a primeira guerra mundial foi mandada de Viena à Holanda, a fim de ser devidamente alimentada e fortalecida. Já em Holanda ela foi adotada e acabou morando lá sua vida toda.
Na sua juventude ela conheceu o Otto Frank, e passou a trabalhar para ele. Então, foi desta forma que ela teve acesso tanto a Família Frank, quanto a Família Van Daan, duas famílias de Judeus. O Anexo serviu de esconderijo para as duas famílias por durante dois longos anos, e só foram descobertos por traição. Não se sabe quem, mas até a policia da época quando o Diário de Anne Frank foi publicado passou a investigar o caso.
Comida cada vez mais escassa, mas era Miep quem alimentava as sete pessoas que vivia dentro do anexo. Desta forma frequentemente ela vagava por uma Amsterdã cada vez mais precária e povoada por Nazistas em busca de alimentos e outros produtos para os refugiados.
A intenção aqui não é vangloriar Miep, embora ela seja merecedora disso. Mas é demonstrar como algumas atitudes fazem toda a diferença. Por mais que ao final da guerra sobrou apenas o Sr. Frank vivo se não fosse por ela todos estariam mortos e não teríamos conhecimento da incrível história do Diário da Anne, já que foi a própria Miep que apanhou todos os manuscritos dela quando eles foram pegos pelos Nazistas.
Um livro incrível vale realmente a pena ler. Não é do tipo de leitura que se devore em um dia. Pelo menos comigo não foi assim, pois necessitei meditar, analisar e repassar em minha mente todos os acontecimentos descritos.
E para completar a frase escrita no título “(...) É tarefa de todos nos, pessoas comuns do mundo inteiro tornar esse voto uma realidade.”
site: http://palavrasperdidasemmusica.blogspot.com.br/2014/01/resenha-o-outro-lado-do-diario-de-anne.html