z..... 05/07/2017
Iracema - Cinco Minutos (A Obra-Prima de Cada Autor, Martin Claret, 2005)
Já li os dois, mas faz tanto tempo que nem lembro direito. Separei hoje um tempinho para curtir o "Cinco Minutos". Em linhas gerais, é o primeiro romance de Alencar (1856), a narrativa é no formato de confissões amorosas em cartas, tem poucas personagens e texto curto como um conto. Acredito que o aspecto mais marcante é a valorização melodramática romântica. O narrador se apaixona por uma desconhecida que não viu direito, mas sentiu a beleza e ficou embevecido em uma condução. Estranho, mas é isso mesmo. Daí para frente passa a cultuá-la amorosamente, relatando suas paixões para uma amiga através de carta. Continuando a saga, descobre a identidade da amada e que é correspondido. Há um desencontro em viagens, valorização de uma paixão em que se morre de tanto amor (o que achava que ia acontecer), reencontro dos apaixonados, cura de enfermidade a partir do beijo de quem se ama (eita!), casamento e, enfim, final feliz. Ah, e o encontro entre essas apaixonadas almas ocorreu devido o atraso de uma condução no início da história (imagina em quantos minutos...).
A parte referente à Iracema leio depois.
Em 04/08/17
Hoje terminei a leitura. Curioso que dessa vez a história não me transmitiu um romantismo mavioso como da primeira vez. Na real, Iracema parece amar em uma entrega maior que a de Martim. Por ele, renuncia a vivência em sua aldeia, os legendários Tabajaras, onde se destacava e era guardiã de um segredo místico, reforçando sua posição diferenciada. Em um confronto entre Tabajaras e Pitiguaras fere o líder de sua aldeia para salvar o amado (subtendendo uma morte), se dispondo também, algo que pasma, a matar seu irmão Caubi caso representasse ameaça.
Evidentemente estou vendo a obra fora do contexto que ela quer representar, mas na minha leitura não se ressalta hoje aspecto que seja mais impactante que isso. Ah, e o Martim parece que ama mais o Poti que a esposa, ao ponto de deixa-la só em um momento de grande fragilidade e necessidade de ajuda, ao qual sucumbiu.
O romance não me comoveu também pela visão do indígena extremamente submissa ao europeu, chamado de cristão (ironia para o que, principalmente portugueses e espanhóis, aprontaram por aqui, como nos mostra "O paraíso destruído" do Frei Bartolomé de Las Casas). Prefiro o "Ubirajara", com suas formidáveis marandubas em disposição guerreira.
Af! Pode estar fora do contexto, mas dessa vez foi o que vi na leitura.