Pétala Escarlate, Flor Branca

Pétala Escarlate, Flor Branca Michel Faber




Resenhas - Pétala Escarlate, Flor Branca


7 encontrados | exibindo 1 a 7


marcilivros 29/05/2010

A quebra do gelo do coração de Sugar
Aceitem o convite do escritor, levantem-se e caminhem ao seu lado. Certamente, em alguns momentos será necessário que busquem o apoio de sua mão, pois podem escorregar nas enlameadas ruas ou nos dejetos dos estreitos becos de Londres da década de 70 do século XIX. Entrem com ele nas casas ou buracos assim chamados, onde encontrarão mulheres que já perderam esta condição, transformadas em meros depósitos de sêmen e miséria. Tomem cuidado para não cairem nos podres degraus das escadas e, por favor, dêm alguma atenção ao reformado coronel que, após ter lutado em tantas guerras fica sentado em sua cadeira de rodas, em meio a trapos, atuando como ave agourenta e cafetão. Encontrarão em casas um pouco mais organizadas, outras mulheres, em ambientes diferentes, porém na mesma condição. Não fiquem desanimados, pois este guia também os levará a conhecer belas mansões e jardins, além de pessoas que possuem outra condição de vida, mas que ainda assim, de algum modo, acabam por embrenharem-se naqueles becos. Conhecerão nesta obra Sugar, a prostituta que gostaria de matar cada homem que a usa da forma mais cruel possível assim como considera cruel o que foi feitto com ela em sua adolescência por sua própria mãe. Também serão apresentados a Agnes, esposa pura que sequer imagina que o sangramento que tem mensalmente não é obra do Demônio, mas sim porque deixou de ser menina para ser mulher e que os nove meses que passou engordando foi por conta de sua gravidez, da qual nasceu Sophie, menina de seis anos que também aparece nesta história e que terá papel preponderante na vida de Sugar. Pensam que foi Wilian, o protagonista, dono das perfumarias Rakham? Hum, este é mais um dos mistérios deste livro impressionante, que precisamos ler devagar para não nos assustarmos com o que vamos encontrando em nosso caminho. Ao concluírem a leitura, certamente compreenderão o título desta resenha.
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San... 21/01/2014

Uma longa história, passada nos idos de 1875, em Londres, Inglaterra. Um magnata da indústria do perfume se apaixona por uma prostituta e, a partir daí, o autor nos descortina um panorama abrangente, muitas vezes sórdido e hipócrita, muitas vezes inocente. Conduz o leitor ao ambiente histórico dos bordéis e tavernas, expondo personagens crus, castigados pela vida e presos a convenções e costumes de época. Interessante, informativo, triste...
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Debora 15/04/2012

Confesso que foi um livro do qual não gostei.Achei um livro lento, em que as coisas demoram a acontecer.Trata-se da história de um empresário, casado, com uma mulher muito doente e que conhece uma prostituta.Ele se apaixona por ela, a retira da casa na qual ela trabalha e a princípio a leva pra uma casa, que ele montou e mobiiou ricamente.Depois de um tempo a leva pra sua casa a fim de ser a preceptora de sua filha.Os fatos demoram a acontecer e, alguns não se desenrolam,simplesmente acontecem.A linguagem é um tanto chula e o final me agradou menos ainda.
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Ruh Dias (Perplexidade e Silêncio) 19/05/2017

Sugestão de leitura
Michel Faber consegue envolver o leitor em suas quase 800 páginas de forma eletrizantes. Usando e abusando de um narrador que é uma mistura de mestre de cerimônias com guia turístico, nos apresenta as personagens como quem conta mexericos e os locais como um morador da região.

Sugar, uma prostituta conceituada e popular (tanto pelos seus dotes na cama, como por possuir uma inteligência e cultura acima da média), se encanta por William Rackham, um desgostoso herdeiro que, após conhecê-la, ganha coragem e confiança para aceitar os negócios da família. De tão "viciado" por Sugar, William a tira do bordel, primeiro lhe dando uma pequena residência e, depois, empregando-a como preceptora de sua filha. Parece até uma história bonita, mas não, não é. Inclua nesse universo uma Inglaterra do séc. XIX e altíssimas doses de hipocrisia da aristocracia.


Dentro de seus personagens, temos três mulheres que, para mim, são as principais da trama:

Emmeline Fox começa apenas como uma coadjuvante, amiga do irmão mais velho de William. Ao longo da estória, ela vai ganhando espaço e complexidade. Torna-se uma mulher forte e à frente de sua época, chegando a questionar alguns elementos de sua própria fé, apesar de ser uma beata ferrenha;
Agnes Rackham, esposa de William, retrata a aristocracia. Egocêntrica, sempre busca estar dentro do padrão aceitável da época, mas sofre, constantemente, com as intervenções masculinas em sua vida, que sempre a trataram como uma criança a ser cuidada e amparada;
E, claro, Sugar a mulher inteligente, porém rancorosa, que aprendeu a como sorrir, como falar, como se portar para agradar ao sexo masculino, mesmo tendo total ciência de que faz isso apenas para sobreviver.

Estas três mulheres são, pra mim, as protagonistas do enredo e todas elas permeiam a vida de William Rackham, aquele homem que amamos odiar. Ele não é cruel ou manipulador; ele é, apenas, o fracasso em pessoa que, atrás da capa de "bom moço", é a união de todos os comportamentos do homem médio, sem brilhantismo mas com o ego do tamanho do Universo.

Há uma mini série, de quatro episódios, feita pela BBC, que é uma adaptação do livro de Faber. Ainda não vi, mas temos Gillian Anderson no elenco, então, a série deu uma subida na minha lista de prioridades. (:

Apesar de ter sido escrito em 2002, "Pétala Escarlate, Flor Branca" se encaixa facilmente entre as obras do Realismo com suas longas descrições. Também possui exposições cruas e sem floreios d’alma, além de misturar as críticas sociais dentro de tudo isso.

Recomendo fortemente pela sua escrita e pelas suas personagens tão vivas e cheias de falhas. Porém, aviso de antemão que temos um livro com descrições - às vezes BEM explicitas - de sexo, então se este assunto te constrange, melhor evitar a leitura.

site: http://perplexidadesilencio.blogspot.com.br/2017/05/rory-gilmore-book-challenge-petala.html
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@fabio_entre.livros 22/04/2019

Charles Dickens sem censura

Se, da mesma forma como registrou a marginalização infantil em “Oliver Twist”, Dickens tivesse escrito uma obra-prima focada na prostituição em plena Londres vitoriana, o resultado certamente seria algo muito próximo de “Pétala escarlate, flor branca”. Aliando o refinamento dos clássicos ingleses a uma prosa crua, sem os freios moralistas impostos à imprensa daquele período, Michel Faber apresenta uma história visceral e memorável.
Dividida em cinco partes, a trama se passa entre 1874 e 1876 e acompanha as vidas de um pequeno grupo de personagens que representa um espectro da vida social inglesa em suas variadas facetas. A personagem central é Sugar, uma jovem prostituta que faz bastante sucesso no Mrs. Castaway’s – o bordel no qual trabalha. Entretanto, não temos aqui nenhuma Lucíola ou Marguerite Gautier; Sugar não aceita o papel de vítima que as circunstâncias lhe impuseram. Dotada de uma inteligência incomum para as mulheres da sua “classe”, ela é uma leitora voraz e não mede esforços para obter uma ascensão social que lhe permita deixar a “má vida”. Tal oportunidade aparece quando ela conhece William Rackham, herdeiro de um império da perfumaria. Embora Sugar seja a protagonista, toda a história gira em torno da família Rackham e seus conflitos familiares, que vão desde problemas financeiros até transtornos mentais e crises religiosas. É no seio desse clã que Sugar irá se infiltrar, tomando parte numa complexa teia de sedução, traição, culpa e loucura.
O que mais me chama a atenção neste livro é a postura metalinguística do autor: Faber apresenta cenários e personagens, falando diretamente ao leitor e apelando a uma grande riqueza de recursos sensoriais, o que torna tudo muito mais crível . Outro ponto interessante, nesse aspecto, é o fato de a própria protagonista assumir ares de escritora e redigir o rascunho de um romance que trata da vida de uma prostituta homônima que detesta os homens e literalmente acaba com eles.
Entretanto, é necessário confessar: esta não é uma leitura das mais fáceis. O problema já começa pela própria edição da Record; embora seja um livro em formato grande (23x16cm) e tenha mais de 720 páginas, a fonte é muito espremida e as páginas são brancas, causando aquela sensação contraditória de que se está lendo muito e avançando pouco. Assim, enquanto normalmente eu posso ler entre 40 e 60 páginas por dia, conforme a diagramação do livro, aqui esse sistema não deu certo; por mais que eu me esforçasse, só conseguia ler entre 20 e 30 páginas no máximo, e isso acabou prejudicando a fluidez da leitura. Acredito que se a editora tivesse optado por uma diagramação mais cômoda o livro se tornaria um calhamaço tão volumoso quanto “E o vento levou”, mas fluiria muito mais rápido. Além disso, aqui e ali se encontram erros de digitação notáveis, com letras sobrando e outras trocadas; isso não é novidade em se tratando da Record, e levando em consideração a extensão do livro, acabei relevando esse desleixo na revisão.
É claro que o autor não pode levar a culpa pelos erros cometidos nas edições estrangeiras de seus livros, então disso ele está absolvido. Em termos de prosa, contudo, certas características de “Pétala escarlate, flor branca” também podem dificultar o andamento da leitura, como os longos trechos descritivos e a construção psicológica dos personagens, que rende extensos parágrafos sobre suas inseguranças e desejos em torno das mesmas questões. Quanto à linguagem, é geralmente sóbria e formal, mas opta sempre pela franqueza em vez dos eufemismos; assim, quando é necessário designar as genitálias e atos sexuais dos personagens, o autor não se esquiva de chamá-los de pau, boceta e foda, respectivamente. Isso deve escandalizar os carolas e certamente contradiz a sinopse da contracapa, que afirma ser um livro que vai encantar “leitores de todas as idades”.
Depois de todas essas considerações, vale a pena ler esse livro? Sim, indubitavelmente. Embora tenha sido publicado no início da década de 2000, tem a força desafiadora dos clássicos que nos tiram da zona de conforto. A adaptação da BBC em forma de minissérie é um espetáculo à parte; acostumado com suas produções recatadas e sóbrias de obras de Jane Austen, Dickens e irmãs Brontë, fiquei surpreso com a crueza com que a decadência moral da sociedade inglesa foi representada.
Gustavo.Romero 22/04/2019minha estante
A Record deveria ter direitos de publicação cassados em alguns casos. Imagine a qualidade de um Hemingway ou Camus nas mãos de uma Autêntica ou da Liberdade? Até da LP&M...


@fabio_entre.livros 23/04/2019minha estante
E sabe o pior? Apesar da falta de cuidado com tradução, diagramação, revisão e qualidade física, os livros dela são absurdamente caros, mais até do que da Companhia das Letras. Um exemplo disso está nos Nobel publicados por elas: enquanto os Camus, Hesse e Gabos da Record têm edições porquinhas por preços exorbitantes, os da Cia (Saramago, Llosa, Golding) são comparativamente mais acessíveis e recebem um tratamento bem melhor da editora.
Este livro do Faber, aliás, o preço sugerido no site da editora é de mais de R$ 100,00! Para ele valer isso, teria que ser uma edição ilustrada em capa dura, com notas de rodapé, galeria de fotos, anexos com documentos de época e posfácio de Ian McEwan: nada disso ele tem!


Gustavo.Romero 23/04/2019minha estante
Exatamente. Os livros do Hemingway comprei em feiras de livro, porque o preço de capa dos mais baratos é da ordem de R$ 60 (livro de 200 páginas!)




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Ana 13/09/2023

Michel Faber e seus livros com finais em aberto
Mais um livro excelente do Faber, personagens muito bem construídos e complexos, mas infelizmente acredito que o autor não sabendo como terminar seus livros opta por finais que ficam para a imaginação do leitor.
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