A trama do casamento

A trama do casamento Jeffrey Eugenides




Resenhas - A trama do casamento


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Mariana. 03/07/2013

Um Eugenides brilhante
Maior prazer de uma vida ver DFW retratado num personagem deste livro. E chegar mais perto de saber como se sentia e quantas angústias suportava no exercício de viver um dia após o outro, sofrendo de um 'estado' psicológico terrivelmente instável e torturante.

Há outras e inúmeras razões pra ler "A trama do Casamento", dentre elas, a capacidade narrativa do autor em escrever uma história tão banal e tão interessante ao mesmo tempo. O gostinho especial vai para as várias referências literárias e artísticas que, mais que permear a vida dos personagens, todos inseridos no meio acadêmico norte-americano, é parte integrante da vida deles: o quanto um livro ou um tema podem influir na vida concreta de cada um, no modo de ver as coisas, no modo de sentir, de avaliar situações e de encontrar consolo, e, algumas vezes, um caminho.

Um parênteses aqui para dizer que não me admiraria que justamente essa particularidade espantasse alguns leitores, porque o enredo parte do pressuposto de que as referências são todas conhecidas/familiares. No entanto, acredito que, em não sendo conhecidas - o que não chega a ser um problema -, surtam, no mínimo, o efeito da curiosidade e levem o leitor a buscar se aproximar da história.

Eu, ao menos, me deliciei com as discussões filosóficas dos personagens em plena aula na universidade. É muito bom um exercício de abstração intelectual para quebrar um pouco a concretude do cotidiano. Até mesmo a grande presença do tema religião na história, terreno polêmico por natureza, traz a satisfação de, ao menos, estimular a reflexão sobre alguns conceitos, crenças e descrenças.

O comentário geral que acompanhei é de que "A trama do casamento" é o livro mais 'fraco' do Eugenides - são muitos os confetes para "Middlesex". Não saberia dizer porque foi meu primeiro livro dele, mas, em sendo assim, e, exatamente por isso, poderia dizer, com tranquilidade, que o autor é completamente brilhante.
Wagner 03/01/2017minha estante
Saudações Mariana Carniel. Excelente resenha. Um excelente Ano Novo de muitas leituras e realizações. Um grande abraço cearense.




@wesleisalgado 01/01/2022

A vida fútil de Madeleine
Particularmente não é nem de perto o tipo de leitura que me agrada. Fui enganado pela capa, premissa anos 80 e por uma das listas da revista Bula.

Acompanhamos o desenlace amoroso de Madeleine, Leonard e Mitchell no início dos anos 80. A protagonista é relegada a uma estudante de literatura mimada que não sabe nada da vida, correndo atrás de Leonard, um clinicamente diagnosticado maníaco-depressivo. Enquanto Mitchell, um estudante de religião, corre atrás de dela.

Pra mim está encaixado na seção de livros "mulherzinha", achei tudo muito fútil, personagens nada identificáveis e dramas menos ainda. É um livro de 400 e poucas páginas e eu não consegui me envolver, nem me importar com a Madeleine ou com o Leonard, na verdade torcia pela súbita explosão dos dois.

Não foi um desperdício total pelo Mitchell, e sua peregrinação pela França, Grécia e Índia. E algumas poucas explicações sobre como o cérebro de alguém que tem depressão funciona. No mais, um livro bastante esquecível.

OBS: Resenha nº 1 do desafio skoob 2022
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Pedro Bastos 19/07/2012

Tem jeito de chicklit, mas é uma história bem refinada
Antes de começar a ler "A trama do casamento", e até mesmo nas suas primeiras páginas, pensei que toda a história fosse girar em torno de Madeleine Hanna, a personagem feminina de maior destaque. Supus que fosse ser aquela velha e manjada estrutura de narrar uma trama, sempre com acontecimentos descritos em ordem cronológica e totalmente "mastigadinhos", isto é, sem muita abertura de suspense ou mistério. De fato, "A trama do casamento" não abusa desse gênero, é bem descritivo e linear, mas supera as expectativas ao encarar os pretendentes de Madeleine, Leonard e Mitchell, tão protagonistas quanto ela.

Dessa forma, Jeffrey Eugenides se aprofunda nas perspectivas de cada personagem para contar o desenrolar da história, que se passa na costa leste dos Estados Unidos no início dos anos 1980. Mais do que uma história de amor e amizade, a maneira de se narrar com base na visão dos três heróis faz com que a personalidade de cada um deles seja muito bem explorada, com foco em seus conflitos pessoais. O leitor tem a oportunidade de conhecer, profundamente, tudo o que é intrínseco à Madeleine e seu relacionamento com a família e o amor louco por Leonard; a necessidade da religião na vida de Mitchell, a qual ele tanto persiste em seguir; e as afetações e a resistência ao amor por parte de Leonard. Acho que esse é o ponto alto do livro, porque a vida dos três é tratada com pouca superficialidade, é tudo muito intenso. É como se tivéssemos a autorização para adentrar os mais íntimos desejos e pensamentos deles, incluindo preferências e fantasias sexuais. Aliás, meus elogios às cenas eróticas, descritas com uma sofisticação tremenda, sem em nenhum momento cair para a vulgaridade, mas também sem seguir aquela linha formalizada demais, que não combinaria com os relacionamentos mais carnais do que amorosos dos personagens. Isso cria uma certa cumplicidade entre o leitor e a trama, o que é muito positivo como motivação para não desistir da leitura.

Essa novela de Jeffrey Eugenides é tão profunda, tão rica em detalhes, que, em alguns momentos, enche um pouco a paciência em função de tantas informações. Na primeira fase da história, que se passa na universidade, o conteúdo discutido em sala de aula é levado a sério por muitas páginas, incluindo o leitor quase como participante, como nas aulas de semiótica, por exemplo. Há também o objeto de pesquisa de Leonard, em Pilgrim Lake, com a reprodução de leveduras. A parte mais chata, no entanto, são os encantamentos religiosos de Mitchell, que vão sendo enumerados e discutidos (teoricamente, inclusive) por toda a trama. É preciso ter muito interesse para acompanhar as frases, vírgulas e seus termos técnicos com afinco. A minha sugestão é que, quando se esbarre nestes trechos, que se pule o número de linhas suficiente para que a história tenha continuidade. São puramente informações técnicas, que não contribuem para o andamento da novela em si.

De todas as formas, "A trama do casamento" foi uma agradável surpresa e uma boa companhia nas viagens de metrô e de ônibus que eu faço. Mais do que isso, uma história inteligente refinada, ainda que digam que foi a pior das que o autor lançou até agora.
Daniel 09/11/2012minha estante
Não gostei tanto deste livro quanto voce pareceu gostar (prefiro os dois anteriores deste autor, "As Virgens Suicidas" e "Middlesex"), mas concordo com o que as observações da sua resenha: parágrafos inteiros parecem encheção de linguiça e só provocam bocejos no leitor. Jeffrey Eugenides é um escritor talentosíssimo, mas uma boa enxugada nestas 400 e tantas páginas não faria mal nenhum à obra (é o mesmo defeito do prolixo Jonathan Franzen). E há a maldita expectativa, tão grande talvez que, uma pena!, não foi correspondida, depois de dois livros tão bons. Achei que tal trama do casamento se resolveu (resolveu? mais ou menos) de um jeito meio bobo... Dá uma leve impressão de perda de tempo depois de páginas e páginas tão bem escritas.


vera 04/02/2017minha estante
Concordo que uma enxugadinha, especialmente na parte inicial, cairia bem...




Arsenio Meira 23/01/2013

Recomendo, pois Eugenides consegue superar - ao que parece - todo e qualquer tema, sem cair no ranço das inaudíveis variações (que fariam graça aos críticos acadêmicos "politicamente corretos", essa gente frustrada que mal consegue discernir o que é bom humor ou a pausa para um café.)

No romance, dificuldades afetivas e profissionais entre os personagens nos colocam em xeque. Explico. O que é verdade, desilusão ou cinismo em relação às aspirações da personagem Madeleine Hanna?

O Autor tem crédito e já se firmou. "Middlesex", livro que rendeu o Pulitzer de melhor romance a Jeffrey Eugenides, é um dos grandes livros da ficção contemporânea. Mas vale a pena a leitura de " A Trama do Casamento." Eugenides sabe traçar bem essa (tormentosa) linha divisória que demarca escolhas e destinos.
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Ivandro Menezes 26/12/2020

A trama do casamento
Esse é o meu primeiro contato com a literatura do Eugenides. A trama do casamento reconstrói os romances de casamento do século XIX, propondo as tensões entre Madeleine, Leonard e Mitchell, três formandos da Universidade de Brown, nos único dos anos 1980.

Madeleine se vê envolvida com o problemático é genial Leonard, quem mergulha cada vez mais fundo numa depressão e em surtos esporádicos e internações. Mitchell, tímido, devoto e buscando nas religiões um sentido para a própria existência nutre um amor contemplativo e não declarado por Madeleine. Ela embarca para um estágio em Pilgrim Lake com Leonard, enquanto Mitchell faz uma viagem pela Europa e Índia rumo a elevação espiritual.

A década de 1980 vai sendo reconstruída nesse campus novel, tanto em seu clima acadêmico quanto em outros aspectos. Madeleine de pesquisadora dos romances de Jane Austen e outros do século XIX, vê-se como protagonista de um deles, mergulhando no sofrimento de Leonard e anulando-se em tantos aspectos, como se o sentido de sua existência estivesse reduzido a estar ao lado dele. As coisas vão se desenvolvendo em altos e baixos até ao ponto em que ela se vê tendo de tomar uma decisão crucial.

Eugenides estrutura a escrita e o romance como os antigos romances de trama de casamento, indo desde descrições e cenas cotidianas até às tensões familiares e afetivas nas quais a protagonista se envolve. Os personagens são vívidos, convincentes e completam de forma convincente essa reconstrução do ambiente e sociabilidade da classe média escolarizada dos Estados Unidos, trazendo de modo sutil os conflitos de classe, de gênero, as fragilidades femininas e a negação dessas fragilidades masculinas (quer na doença de Leonard, na timidez de Mitchell, na homossexualidade de seu colega de viagem). Uma ascensão da liberdade feminina em contrate com os dilemas e inflexões do casamento (v. Phyllida, Ally, Madeleine).

Um livro rico em camadas, detalhes e possibilidades. Justifica, mesmo que muitas críticas apontem como sua obra mais fraca, toda a reverência que se faz a sua escrita.
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kalebe 25/06/2012

A Trama do casamento ou Nossas escolhas e a vida adulta !
Para ler o texto todo conheça o blog dos Espanadores !
http://www.espanadores.blogspot.com.br/2012/06/trama-do-casamento-jeffrey-eugenides.html#more

A Trama do Casamento narra a história de 3 universitários em seu último ano na universidade de Brown em 1982 e o momento seguinte ao da formatura. Madeleine Hanna é apaixonada por livros e no seu curso de letras se depara com autores críticos que alteraram a forma de ver o romance. Além do mais, ela é apaixonada por romances vitorianos, em uma época onde o romance está sendo desconstruído e a semiótica está chegando pra ficar. Leonard. Bankhead estuda biologia, é brilhante, mas muito problemático. Mitchell Grammaticus, que em meio a uma crise existencial vai buscar algum sentido para a vida no outro lado do mundo. O triângulo amoroso está formado.

O único problema é que Madeleine trata Mitchell como um amigo e nada além disso, diferente de Leonard, misterioso e intrigante.

Ainda que o começo do livro trate da vida de estudante universitário, entre aulas e conquistas amorosas, o livro é muito mais expressivo do que apenas um triângulo amoroso.

A começar pela própria universidade, ou nesse caso o curso de letras, que estava sendo invadido pelos franceses e pela semiótica (a descrição das aulas de semiótica 211 são divertidíssimas, quase beirando o absurdo, mas, ainda assim, próximas da realidade), em uma personagem principal que adora Jane Austen, autoras vitorianas em um mundo 'moderno', que não aceita romances de casamento, onde toda a trama girava em torno da pergunta de um milhão de dólares: com quem Emma vai se casar?
(Continua ...)
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Aline T.K.M. | @aline_tkm 23/11/2012

Jovens em busca de identidade
Uma leitura que pode ser encarada através de múltiplos ângulos. O deslocamento dos romances de casamento, do amor romântico, para a contemporaneidade através do triângulo Mitchell-Madeleine-Leonard é um atrativo da trama. As diferenças são claras, mas, ao mesmo tempo, há mais semelhanças do que imaginamos. O amor devoto e idealizado da parte de Mitchell, o problemático e racional Leonard, Madeleine como a mocinha dividida (e não só no amor, aliás).

As aulas de semiótica frequentadas por Madeleine e Leonard Bankhead enriquecem o próprio tema do livro. Porém, no decorrer da história, essa parte toda centrada na trama de casamento acaba ficando dispersa, tornando-se coadjuvante. (Mais ou menos como se a narrativa fosse recheada de extensos parênteses.) Contudo, o livro não deixa de ser delicioso em momento algum.

Um olhar atento aos três personagens-chave revela jovens recém-formados com uma intensa busca em comum: a busca por si próprio, por uma identidade. Como parte essencial de tal busca, Maddy, Leonard e Mitchell testam seus limites. Até onde é possível – ou plausível – ir em nome do que se acredita? A superproteção parental, o amor platônico, a psicose maníaco-depressiva (a qual Leonard chama “a Doença”), as incertezas quanto ao papel da religião na própria vida... Os obstáculos enfrentados se mostram fundamentais na trajetória dos personagens.

LEIA PORQUE... Cada personagem é trabalhado com maestria – especialmente Leonard Bankhead. Os questionamentos pessoais e profissionais do trio de personagens causam por vezes a sensação de nos encararmos no espelho.
Além de tudo, Jeffrey Eugenides é o autor do aclamado As virgens suicidas (que, aliás, morro de vontade de ler por ter gostado tanto da adaptação por Sofia Coppola).

DA EXPERIÊNCIA... A trama do casamento foi uma leitura gostosa e que, ao mesmo tempo, fez pensar. Além de me dar uma enorme vontade de ler mais livros do autor – a narrativa do Eugenides me encantou. Mesmo a empolgação nas descrições mais aprofundadas da semiótica e das leveduras (isso mesmo, leveduras, biologia) me agradaram.

FEZ PENSAR EM... Bandas oitentistas. A volta do Lollo, o chocolate fofinho da Nestlé (sério, tão nostálgico!). Como é bom explorar lugares desconhecidos – a mochilagem do Mitchell é bem legal!


http://livrolab.blogspot.com
vera 04/02/2017minha estante
Se voce gostou deste livro, vai amar os dois anteriores dele (mais "profundos"). Eu estava achando o livro meio chato até a 1/3 do livro mais ou menos (embora ate prendesse a atenção, estava um pouco aquem do que eu esperava) mas achei que ele melhorou MUITO depois que passou a descrever a doença do Leonard.
Acabou sendo um livro de medio pra bom, ao menos pra mim.




marypaixao 12/04/2013

Resenha postada no www.muitopoucocritica.com - @blogMPC
Madeleine Hanna está em seu último ano em Brown. Ela está terminando o curso de Letras e fará sua monografia baseada em Jane Austen e George Eliot. Leonard Bankhead é um de seus pretendentes, o gênio com sérios problemas: biológo, maníaco-depressivo, que mantém com Madeleine uma relação erótica e intelectual; Michel Grammaticus é o outro pretendente, o gênio com dúvidas sérias: teólogo, com dois sonhos - de viajar para a Índia, pra conhecer a si mesmo e a Deus, e a Madeleine, (mas ele é apenas um amigo, desde sempre).

Se você se apegar ao fato da sinopse dizer que a Madeleine tem dois pretendentes e achar que o livro não passa de mais um livro com um simples romance, por favor leia pra rever suas ideias. Eugenides me levou a uma viagem intensa pelos conceitos vitorianos das leituras de Madeleine, pelas dúvidas e certezas da fé de Michel, pelas loucuras e momentos sanos do Leonard.

Uma coisa que não ficou muito boa foi essa coisa do triângulo amoroso. Pra mim não existe triângulo, existe um relacionamento real e um relacionamento platônico. A Madeleine é incrivelmente devotada ao Leonard e desde sempre conhece o Michel e o trata como amigo. Ele é que confunde as coisas e é louco por ela. Longe disso deixar a história ruim, mas eu esperava mais sentimentos contraditórios da Madeleine, e isso não acontece.

Na verdade, ao ler a sinopse, eu esperava mais sentimentos. Bem mais. Não me desapontei com a leitura porque as personalidades dos personagens são incríveis, muito reais. A busca do Michel pelas suas respostas espirituais me fez refletir sobre coisas que nunca tinha pensado. E a luta do Leonard pela sua sanidade diante do seu transtorno e de todos os efeitos colaterais que os remédios trazem é algo que, juntando com a personalidade difícil dele, me fez sentir em uma montanha-russa com ele.

Esse livro foi uma leitura mais demorada pra mim, mas que valeu super a pena. Nunca tinha lido nada do autor, e a narrativa dele superou minhas expectativas. Recomendo a leitura principalmente para aquelas pessoas que sempre esperam mais de um romance romântico.
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/QMD/ 07/06/2013

Henrique busca seu eu.
Leonard sabe conversar e é muito inteligente, mas foi diagnosticado como maníaco-compulsivo, provavelmente por vir de uma família desequilibrada. Mitchell é um bom amigo e deseja embarcar numa viagem para a Índia para descobrir mais sobre Deus e ele mesmo. Madeleine é uma pessoa de bem com a vida que acaba de sair da faculdade e está entre esses dois amores.

Para ela, Leonard (que a ama descaradamente) parece ser um bom amante, mas a relação que os dois mantém pode acabar sendo um empecilho. Mitchell sempre foi tratado como amigo e ama Madeleine em segredo, apesar dela ainda não ter percebido isso, demonstrando somente afeto a ele.

A trama é desenrolada nos anos 80 e é numa busca pela identidade que nos damos com a maior parte das questões que o autor desenvolve, com um narrador que observa cada fato e nos lota com comentários peculiares, inteligentes. Comentários que se mostram fundamentais à medida que o livro vai avançando...

A narração de Eugenides, como disse, é ótima. O livro que tem várias aulas de ciências poderia ser cansativo, como foi, em termos, O Teorema Katherine para mim, mas a escrita do autor é tão gostosa que é impossível não se deixar levar. Uma leveza impressionante!

Uma boa alegria foi que, quando li a sinopse, imaginei que teríamos um chick-lit, mas A Trama do Casamento vai muito além disso, principalmente por termos dois homens que são tão protagonistas quanto Madeleine. Isso deu um ar diferente à história, pois não frisou somente em uma pessoa e suas dúvidas.

Cada um dos três personagens que movimentam a trama são muito bem construídos. Cada um é tão diferente do outro que você pode pensar que vai dar merda eles não se encaixam, não dariam uma boa história. Mas é justamente nessas diferenças que vemos que, cada um com seus próprios questionamentos, completa o outro. Um dos méritos do autor foi criar um cérebro para cada um e fazer o leitor visitar cada ambiente dele. Os personagens e seus dramas pessoais são muito intensos.

E com tantos questionamentos vindos do trio, é impossível não se identificar com um (ou vários!) deles, começando a analisar nossa própria personalidade, tendo como base a personalidade de Madeleine, Leonard e Mitchell. À medida que avançava as páginas, ia avançando na busca por mim mesmo, no meio dos conflitos psicológicos de Leonard, nos romances lidos por Madeleine para a construção do seu (equivalente ao) TCC e na busca por Deus de Mitchell. Profissionalmente falando, o término da faculdade também gera uma boa dose de perguntas.

A leitura da sinopse me deu a impressão de que teríamos um peculiar triângulo amoroso, mas isso não foi trabalhado pelo autor. Me senti enganado, confesso. Desde o início sabemos que tanto Leonard quanto Mitchell são apaixonados pela protagonista, mas a predileção da garota pelo personagem problemático é deixada às claras desde o início. Daí poderia surgir um drama diferente, mas não fiquei totalmente decepcionado já que o livro foi bem grandioso pra mim.

A descrição de Eugenides na maioria das cenas não é cansativa (como, principalmente, nas refinadas cenas eróticas), mas me encheu o raio da paciência em alguns pedaços do livro. Destaque para as teorias religiosas numeradas, observadas e discutidas.

CONFIRA A RESENHA COMPLETA EM http://www.quermedar.com/2013/06/trama.html
vera 04/02/2017minha estante
Só uma pequenina correção: é maniaco-depressivo (bipolar), nao maniaco-compulsivo ;)




regifreitas 04/12/2013

Demorei para escrever sobre esse livro depois da leitura, e as razões ficarão claras mais adiante. Tinha, antes, que refletir melhor sobre algumas questões, para não correr o risco de uma avaliação precipitada./ Antes de tudo...

É um livro de fácil leitura Eugenides é um ótimo contador de estórias. Mas nem por isso trata-se de um texto superficial, desses que podem ser consumidos apressadamente. Mesmo alguns dos temas apresentados pelo autor, como o início dos estudos de semiótica e desconstrucionismo nas faculdades americanas, no começo dos anos 1980, e até a pequisa sobre leveduras, apresentada por um dos personagens em determinado momento do livro, tornam-se acessíveis a completos leigos sobre esses assuntos. Confesso que gostei bem mais das partes em que o autor punha seus personagens discutindo Roland Barthes, Jacques Derrida, Umberto Eco, Lévi-Strauss, até porque esses teóricos dizem muito para alguém com a minha área de formação. Eugenides, no entanto, consegue manter a atenção e o interesse do leitor comum, mesmo em se tratando de temas tão específicos, não deixando que seu texto se torne chato ou enfadonho.

Assim, o romance acompanha a estória de três estudantes prestes a se formarem na Brown University, uma das mais prestigiosas dos Estados Unidos. Madeleine Hanna: estudante de Letras; aficionada por romances vitorianos; torna-se obcecada por Fragmentos de um discurso amoroso, de Roland Barthes, depois de conhecer e se apaixonar por Leonard. Leonard Bankhead: estudante de biologia; maníaco-depressivo; altamente inteligente e emocionalmente instável; de família disfuncional o pai os abandona e vai morar na Europa. Mitchell Grammaticus: estudante de estudos religiosos; sofre de uma paixão não correspondida por Madeleine; depois da formatura vai para a Europa e depois para as Índias com a intenção de esquecer sua frustração amorosa e quem sabe encontrar um objetivo mais elevado para sua vida./ Vale ressaltar que em momento algum a estória trata de um triângulo amoroso, pois, desde o início, o autor deixa claro que o interesse romântico de Madeleine é Leonard. Mitchell está ali para fazer o contraponto à relação do casal, mas nem por isso é coadjuvante na obra. Muitas vezes temos a impressão que se trata de três livros dentro de um único, pois Eugenides desenvolve cada personagem separadamente, sendo que os três ocupam o papel de protagonistas, alternadamente, em algum momento da narrativa. Porém, ao final, o autor consegue juntar todas as pontas e não deixa nada solto.

Em relação ao título, cabe um esclarecimento: o que a princípio poderia atrai os incautos por pensar tratar-se de uma chick lit, está longe de ser esse tipo de livro muito pelo contrário. Para quem desconhece o termo, chick lit é um gênero de literatura, dentro da ficção feminina, que retrata o dia a dia e a vida de uma protagonista, mulher (que pode variar a idade da adolescência até a maturidade 30, 40 ou 50 anos), moderna e independente, envolta em uma série de problemas sentimentais, familiares e profissionais. Geralmente são textos nos quais o humor predomina. Muito provavelmente o protótipo desse tipo de gênero tenha sito O diário de Bridget Jones (1996), de Helen Fielding.

Neste A trama do casamento, o título remete a uma disciplina cursada por Madeleine na Universidade, chamada O Romance e o Casamento, ministrada por um tal Profº K. McCall Saunders. Segundo o Profº Saunders:

[...] o romance tinha atingido o seu apogeu com o romance de casamento e nunca tinha se recuperado do seu desaparecimento. Nos dias em que o sucesso na vida dependia do casamento, e o casamento dependia de dinheiro, os romancistas tinham um tema para escrever. Os grandes épicos cantavam a guerra, o romance cantava o casamento. A igualdade entre os sexos, boa para as mulheres, tinha sido ruim para o romance. E o divórcio tinha acabado com ele de uma vez.

Assim, para Saunders, nem o casamento nem o romance tinham mais relevância nos dias de hoje, sendo que ambos estavam em vias de decadência e extinção. São esses romances femininos dos séculos XVIII e XIX, de autoras como Jane Austen, as irmãs Brönte (Emily e Charlotte), Edith Wharton, George Eliot etc., a área de interesse de Madeleine, o que acabam redundando na escolha de Saunders para ser o orientador de sua monografia de final de curso.

Em A trama do casamento Eugenides tenta jogar com questões que seriam típicas desse tipo de literatura dita feminina, dando-lhe uma roupagem atual, mas na verdade desconstruindo esse tipo de gênero. Dessa forma, trata-se de colocar o amor romântico e idealizado no centro da questão, tentando compreendê-lo à luz das teorias pós-estruturalistas em voga no período em que transcorre a estória. O autor, contudo, escolheu diluir toda a divagação teórica que o tema suscitaria, em algo acessível a um público mais amplo e menos acadêmico. E é justamente essa opção que gerou alguns descontentamentos por parte da crítica.

Alguns anos atrás Jeffrey Eugenides lançara As virgens suicidas (1993), que foi um sucesso tremendo nos meios literários, e rapidamente ganhou uma ótima adaptação para o cinema nas mãos de Sophia Copolla. Publica em seguida Middlesex (2002), que garantiria ao autor o Prêmio Pulitzer de melhor romance daquele ano e um lugar como uns dos mais promissores escritores da atualidade. Então, quando saiu este A trama do casamento, muitos críticos o consideraram um obra menor do autor, e, talvez, que Eugenides tivesse perdido o toque que o consagrara, tornando sua obra mais mercadológica. Bem, não li os outros livros, mas se esta é uma obra menor, como muitos insinuaram, quero conhecer o que realmente é o melhor do autor e do que ele é capaz!

Críticas à parte, gostei muito de A trama do casamento, sendo esta uma das leituras que entrariam facilmente na minha lista das melhores de 2013. Mas ela também me fez pensar sobre o papel da crítica, seja ela de que objeto cultural for livro, filme, peça, espetáculo etc.

Muita gente especializada escreve a respeito, em publicações respeitáveis sobre esses assuntos. E com a popularização da internet, cada vez mais pessoas publicam/postam suas opiniões na rede. Para deixar bem claro, não sou contra isso, acho muito importante a democratização do acesso à informação e à expressão do pensamento.

Contudo, quando busco informações sobre determinado autor, livro, filme pelo qual tenho interesse, procuro verificar o papel social desse crítico/resenhista/comentador. Quem é ele? Qual a sua formação? Ele tem conhecimento especializado para falar sobre este assunto? E muitas vezes não precisa nem ser especialista na área há muita gente por aí que discute literatura e cinema com propriedade e bom senso sem ter qualquer relação com essas áreas. Essas pessoas apenas gostam de ler ou assistir a uma obra bem realizada, e adoram partilhar a sua experiência com outras pessoas que se interessam a respeito. Logo, não é necessário uma formação em jornalismo ou letras para tratar desses assuntos.

Então, há que se levar em consideração dois aspectos. Aqueles textos, escritos por especialistas, que buscam aprofundar por meio de um embasamento teórico maior sua opinião a respeito de uma obra. E aqueles que leram o livro, gostaram, ou não, e querem compartilhar isso com o restante do público. Cada qual tem seu espaço no mundo virtual e deve ser respeitado em suas escolhas.

Tenho lido muitos comentários infelizes em blogs, vlogs ou nas redes sociais que acompanho, de gente que desce o sarrafo em quem emite sua opinião (geralmente contrária) sobre seus objetos de adoração sejam eles Harry Potter, Cinquenta tons de cinza, Crepúsculo, Paulo Coelho, ou seja lá o que for. E esse tipo de comentário vem geralmente sem qualquer justificativa, são somente reações emocionais e não raras vezes de baixo nível, repleta de xingamentos e ofensas sobre aquelas pessoas.

Como eu disse, qualquer um pode expressar seu parecer sobre qualquer assunto, mas sempre levarei em consideração quem julgo que sabe sobre o que está falando, ou porque realmente tem conhecimento a respeito, ou porque tenha na bagagem uma experiência considerável que lhe permita emitir sua opinião. Só achismos, sem qualquer base, não servem. Quer discutir na rede, tenha argumentos inteligentes para falar a respeito. E mesmo assim as pessoas têm o direito de concordar ou discordar da sua opinião e para isso não é preciso perder a educação.

Eu mesmo já me peguei em desacordo com muitas coisas que li, escritas por renomados experts algumas inclusive sobre este A trama do casamento. Esta é a importância fundamental da crítica, no meu entender a possibilidade de ver e pensar sobre o outro lado da questão. Li. Refleti a respeito. Não concordei. Ponto final. Cada qual civilizada e educadamente com a sua posição.

Gosto e reconheço a importância das resenhas críticas, mas sabe o que realmente importa? Vá ver o filme que lhe chamou a atenção, vá ler o livro que lhe interessa e tire as suas próprias conclusões. Só você sabe o que gosta ou não e isso realmente não é discutível. E ninguém deve interferir na sua opinião. Nem eu mesmo aqui! Agora, lançar ofensas só porque não gostou do que leu, é uma questão completamente diferente. Esse, entretanto, é o preço pago pelo acesso democrático que a net nos oferece. Mas, antes isso, do que qualquer tipo de censura.
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Mabbi 31/01/2015

Nem bom, nem ruim, mas absolutamente decepcionante.
Depois de surpreender o mundo com o romance-novela “As Virgens Suicidas”, lançado em 1993, e ganhar o prêmio Pulitzer, apenas dez anos depois, com seu segundo romance, “Middlesex" , o escritor estadunidense, Jeffrey Eugenides, parece ter perdido a mão. Confesso que ainda não li o aclamado “Middlesex”, mas depois de “As Virgens Suicidas” Jeffrey estava entre meus queridinhos, certamente um forte candidato ao seleto grupo de autores às “releituras”. Acham que me precipitei ao julgá-lo com base em apenas uma obra? Pode ser ... mas, honestamente, quem já leu o primeiro livro do autor sabe que ele merecia essa canjinha de galinha, né? (e quem ainda não leu, por favor: corra! Agarre seu exemplar e devore-o, depois me agradeça pela dica que mudará sua vida hihihihihi).

O terceiro romance de Eugenides, “A Trama do Casamento”, publicado pela Companhia das Letras, é um livro nhe, sabe como? Não é completamente ruim, mas está longe do que se espera de um ganhador do Pulitzer (maldita seja a expectativa baseada na ‘fama’ do dito cujo). Se me pedissem para definir a obra em uma única palavra, optaria por previsível. Do título ao ponto final, a obra se arrasta entre personagens desinteressantes e desenvolvimento a la “música sertaneja” (àquele em que você pode prever as palavras que seguirão).

Para dar um resume breve, posso dizer (sem spoilers) que “A Trama do Casamento” narra os dilemas pós-adolescência-e-pré-vida-adulta de Madeleine Hanna, uma jovem meio insossa (pra não dizer chata) que se forma em letras na Brown University. O trabalho final (TCC) da letrada mocinha de Eugenides é focado nos romances românticos, estilo Jane Austen (heroína – conflito – casamento – fim). Fica claro, portanto, desde o princípio que a obra de Eugenides é uma reciclagem das narrativas românticas, uma versão oitentista dos romances de Austen e cia. Como tal, a obra nos apresenta uma trama que gira em torno do coração da jovem Hanna e das dúvidas que ele impõe à moça ao insistir em balançar entre dois colegas de personalidades bastante distintas. O primeiro é o cara boa-praça, Mitchell Grammaticus, um descendente de gregos que está em busca de Deus e de um contato mais profundo com o universo místico. Eu diria que ele é o amigo colorido (meio empastelado) que não cansa de ser pisoteado pela mocinha. Já o segundo, Leonard Bankhead, é o personagem mais interessante da obra, um rapaz meio amalucado, mas, ao mesmo tempo, intelectualmente brilhante e profundamente vaidoso (as más línguas garantem que Eugenides representou descaradamente o escritor David Foster Wallace através de Bankhed, eu não de nada ...).

Deixando as fofocas de lado, preciso dizer que o livro não me cativou. A escrita de Jeffrey parece ter perdido fôlego, a obra é sufocada por um desenvolvimento arrastado, histórias paralelas irrelevantes, uma trama cansativa e surpreendentemente óbvia – daquelas que você pensa: mas é só isso mesmo??? (e a resposta é um sonoro: SIM, É SIM). Não sei o que pode ter acontecido com o autor do empolgante “As Virgens Suicidas”, mas posso lhes garantir que não encontrarão marcas suas na narrativa de “A Trama do Casamento”. Espero que ele esteja em um breve lapso criativo e logo volte a nos empolgar. Preciso muito de novos autores para futuras velhas (re)leituras.

Ficou na dúvida, ainda? leia um trecho do livro e tire suas próprias conclusões se vale ou não a leitura.

Título Original: The Marriage Plot
Tradução: Caetano Waldrigues Galindo
Dedicação: 440 páginas
Ano de Lançamento: 2012
Editora: Companhia das Letras


site: www.verbalizandooosilencio.blogspot.com
Tiago 16/08/2015minha estante
Achei Middlesex genial. Mas este eu também não me apaixonei, tanto que parei de ler. Mas pretendo retomar.


vera 04/02/2017minha estante
Ok, nao tem comparação com Middlesex e mesmo As virgens, mas é um livro bem acima da média, ainda assim. O livro não é sobre a Madeleine, é sobre os três; nenhum é protagonista e os três são, no minimo, personagens muitissimo bem construidos (especialmente Leonard). Achei impressionante a descrição das crises de mania dele. Só achei que, como li aqui em algum lugar, o livro poderia ser mais enxuto (especialmente a 1a parte, sobre a Faculdade)...




Viviane 07/09/2016

Ame-o ou deixe-o
Eugene abusa e nos presenteia com uma história em que dá uma aula de literatura, semiotica, biologia, filosofia, amor, amizade.
Recomendo porque os personagens são bem desenhados, os seus dilemas, o triângulo amoroso.
Gostei da forma que foi desenhado o personagem Leonard. Foi o que mais ficou claro pra mim.
Madeleine é meio chatinha, mas dá pra entender. Até porque, como escrevi antes, todos os personagens são bem descritos.
Mitchel realizando seu sonho de mochilar pela Europa e Índia. Cenas descritas com humor e maestria.
Li muitas críticas negativas, mas costumo ler eu mesma o livro e tirar minhas conclusões.
Então, se você me perguntar se eu recomendo a leitura? Eu respondo: SIM!
vera 04/02/2017minha estante
O livro tambem me "pegou" a partir do capitulo do Leonard (a 1a crise dele). As resenhas (inclusive a da contracapa do livro) fazem parecer bem MENOS do que o livro é. Acabei gostando bastante. :-)




Cristiane.Aiax 15/02/2017

A trama do casamento
Li , na esperança de uma estória instigante, achei cansativo
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Paulo Sousa 25/12/2020

Leitura 49/2020
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A trama do casamento [2011]
Orig. The Marriage Plot
Jeffrey Eugenides (EUA, 1960-)
Cia das Letras, 2012, 440 p.
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?As pessoas jamais se apaixonariam se tivessem ouvido falar do amor? (Posição Kindle 15).
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No início do ano, eu li ?As virgens suicidas?, o excelentíssimo romance do escritor americano Jeffrey Eugenides, um livro que busca reconstruir a adolescência de cinco amigos que nutriram mutuamente uma paixão platônica por cinco garotas excêntricas vizinhas deles e que dão cabo de suas próprias vidas. A maestria do romance, eivada de planos temporais em círculo me impressionou bastante, ao pontos de me prometer buscar outras cousas do autor.
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Findando as leituras deste ano tenebroso que foi 2020, concluo exatamente com outro romance de Eugenides, ?A trama do casamento?. Confesso que o título por mim foi interpretado pelo viés romanesco que vez ou outra me acomete (ai de mim!), e imaginei que o romance se tratava justamente dos caminhos que levam duas pessoas a se convencerem de se casar. Mas - percebi depois, enquanto avançava pelas páginas, não é um roteiro comum assim que Eugenides opera: ele traça com primor os caminhos que DESUNEM os três personagens principais da trama, Madeleine, Leonard e Mitchel, uma estudiosa do romance vitoriano, um cientista que desenvolve um estudo sobre células haploides e um especialista em religião, a cujas vidas se entrelaçam e se repelem. Madeleine, casada abruptamente com Leonard, é devassada pela doença psicológica do marido, que é amada quase secretamente por Mitchel, que odeia Leonard. Mas o romance tem muito mais que apenas esse triângulo disforme formado por eles, e aconselho sua leitura vivamente.
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Eugenides, como de costume, narra esse trio às avessas utilizando seu ponto forte que é entregar o fim, a consequência, para depois reconstruir as partes que levaram a tal acontecimento. Primoroso também é o auto grau de qualidade literária que Eugenides deu ao enriquecer o romance com ótimas referências da literatura vitoriana, da ciência e da religião (a parte em que Mitchel faz sua peregrinação pela Índia é sublime!), fazendo com que o leitor tenha em mãos mais que um mero romance, mas um verdadeiro mini-tratado enciclopédico. Vale, por me fazer terminar este ano dos diabos com um romance acima da média, um bom augúrio para o 2021 vindouro!
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Andre392 06/07/2019

O livro demonstra que Eugenides têm muitas informações sobre teoria literária, construção basilar e complexa da filosofia existencialista e noções de biologia celular. Um repertório vasto e denso sobre a construção dos personagens em uma trama bem construída. Eugenides é um excelente e versátil escritor. Entretanto, esse livro está um pouco abaixo de “As Virgens Suicidas” (o único livro que li dele até esse). Nesse livro ele peca pelos excessos do texto e pelo final do enredo, que foi “meio decepcionante”, mas não tira o mérito do trabalho.

Eu não sei o porquê, mas algumas personagens lembravam-me algumas letras da Alanis Morissette (cantora canadense). Não me perguntem o porquê dessa comparação mesmo...kkk

Leonard Bankhead: personagem bem complexo. Tive sensações ambíguas sobre a sua personalidade. Responsabilidade emocional equivalente ao zero. O que mais me irritou é que, em muitos momentos, a doença maníaco-depressiva era uma muleta para ele fazer coisas sem sentido e ser rude com Madeleine. Ele era uma verdadeira rota de autodestruição para ela. (Eu poderia dizer que a música “Joyning You” da Alanis cairia bem para tentar entendê-lo)

Mitchell Gramaticus: nunca vi personagem tão correto e tão grato pela vida como ele. Gostava muito das suas reações aos acontecimentos, sua busca por si mesmo. Tentava ser sincero consigo mesmo, apesar da paixão platônica que tinha por alguém que não valia a pena (Madeleine). Ele merecia um final “melhor”. (Acho que a música da Alanis que cairia bem seria “Thank U”)

Madeleine Hana: fútil, e romântica no pior nível. Em muitos momentos eu achei-a bitolada com seu “amor” por Leonard. Em tantos outros momentos era uma personagem desagradável. Ela tem um tipo de romantismo que a leva a um caminho de autodestruição. É aquela velha máxima: “para você amar alguém primeiramente você precisa se amar”. No final das contas ela não amava Leonard. E Leonard não se amava. ZERO RESPONSABILIDE EMOCIONAL.
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