Nádia C. 17/03/2016Você sabe simNenhuma comentário meu faria jus a real sensação de ler Miranda July, encontrei uns traços "lispectorianos", como momentos de epifania com acontecimentos corriqueiros, porém Clarice nunca foi tão estranhamente cômica. Miranda leva a estranheza que existe em cada um como um pelo encravado e fala tudo com absoluta tranquilidade. Miranda faz o esquisito comum. E na verdade é, mas o mundo tem medo de expôr suas esquisitices. Miranda não. E cada conto você se envolve mais e mais com aquele universo cheio de gente como você, que desdobra suas estranhezas, faz de colcha de cama e diz, vem deitar também. Você começa a se perguntar quais são as suas pequenas estranhezas escondidas. Começa até a querer escrevê-las também. Pensei, como seria a minha vida contada por Miranda July? Ela iria perceber coisas que os outros não percebem. Ela iria me ver por dentro de verdade, Ela iria me ver. Ela não acharia estranho o fato de eu ficar inventando cenas malucas na minha cabeça. Ou qualquer outra mania nojenta que eu venha a ter. É claro que você sabe do que estou falando. Você pensa que não, você pensa que eu nunca sonharia casar com o príncipe William ardentemente, ou decidir ser figurante de cinema pra fugir do tédio do casamento, mas você sabe sim do que estou falando. Se não sabe, ou pensa que não, Leia Miranda. Se eu tivesse que escolher uma propaganda eu diria Leia Miranda, assim como Compre Batom.