Mad Jr 25/08/2012FantasmaEditora: Companhia das Letras
Páginas: 206
Ano: 2012 - 1ª reimpressão
ISBN: 978-85-359-2102-1
O Delegado Espinosa está às voltas com mais um caso: um estrangeiro é morto e saqueado em plena Avenida Copacabana de madrugada, e tinha os primeiros seis dígitos de seu número de celular escrito na palma da mão. Ninguém viu nem ouviu nada, e a única pessoa que ele acredita ter alguma informação sobre o ocorrido é Princesa.
Princesa é uma moradora de rua bastante obesa, porém, diferentemente dos outros moradores, Princesa não incomoda ninguém, espera pacientemente alguém se compadecer de seu sofrimento e agradece a quem lhe trouxer um pão com manteiga e um café com leite. A única amizade que Princesa se permite ter é com Isaías, que cuida de uma obra abandonada, juntamente com seus cachorros, e que também acha que Princesa esconde alguma coisa.
Espinosa quer informações para chegar ao assassino do estrangeiro e sabe que Princesa é a peça chave, mas também sabe que ela, assim como vários moradores de ruas, são frágeis e correm riscos.
Uma coisa que me impressiona nas histórias de Garcia-Roza, além da qualidade de escrita, é na facilidade em te fazer aceitar uma história de assassinato entre estranhos e sem-tetos, quando o padrão do romance policial se resume a pessoas de classe, velhos sovinas e parentes ambiciosos, dentre outros cenários mais bem conhecidos do público policiaresco.
Além disso, não é somente um romance policial com pistas e despistes, tem algo mais... Tem uma crítica velada ao mundo de hoje, a indiferença das pessoas com o que acontece ao outro, o descaso do poder público com uma situação que de acordo com a nossa legislação não poderia nem ocorrer: pessoas ao relento nas Avenidas do Brasil a fora.
Quando falamos em romance policial no Brasil, vemos que não temos muitos caminhos a seguir: dos mais afamados, além de Garcia-Roza, só Rubem Fonseca (mestre da arte no Brasil) e Jô Soares (fraquinho) escrevem com certa regularidade... Temos muitos romancistas policiais brasileiros que não vingaram, um exemplo é Joaquim Nogueira, o qual só escreveu dois romances e sumiu. E também contamos com um sem número de novas promessas, e essas sim, quem sabe, um dia, mas enquanto isso, a arte policiaresca no Brasil será sempre monopolizada por uns poucos.