O Teatro do Carniceiro

O Teatro do Carniceiro Jonathan Kellerman




Resenhas - O Teatro do Carniceiro


3 encontrados | exibindo 1 a 3


VicBanger 18/09/2020

Entre tantos personagens religiosos, o pecado do excesso.
Estava empolgado para ler O Teatro do Carniceiro. Uma colega havia me indicado há vários anos, cheia de empolgação. No entanto, afirmo que a minha empolgação não se resumiu à indicação feita pela colega, pois já havia lido Um Coração Frio e Billy Straight (ambos do Kellerman) e tinha gostado bastante dos dois trabalhos. Depois de anos, voltei, enfim, ao universo de Jonathan Kellerman.

O início de O Teatro do Carniceiro me soou interessante (com toda a preocupação do autor em pincelar elementos históricos e locais de Israel), mas percebi um princípio morno de condução narrativa. Achei interessante essa sacada de explorar o lado mais pessoal dos personagens, mas, naquele contato inicial, também torci para que o excesso de descrições e divagações não prejudicasse a coisa. E aconteceu o que eu mais temia...

Na parte de trás do livro, vejo: "[...] o veterano inspetor policial Daniel Sharavi e sua equipe altamente treinada penetram fundo numa cidade fervente de paixões religiosas e políticas para caçar um assassino [...]" E em meus pensamentos, após várias páginas, reflito: "Putz, se essa é a equipe treinada, imagina a equipe destreinada..." Porque devo dizer que esse grupo de investigadores foi um das mais incompetentes que já vi em um romance policial... Páginas e páginas se passaram e os envolvidos pouco se reuniram para falar sobre o andamento da investigação.

(E nem vou falar sobre o profissionalismo de um policial que transa logo de cara com uma depoente desesperada - desespero causado pela notícia de um câncer que consome o seu moribundo esposo; ou seja, exemplo duplo de profissionalismo: não satisfeito em chifrar uma testemunha, o policial mete o corno justamente quando descobre que o cara estava com câncer - uau!)

O grande pecado de O Teatro do Carniceiro esteve no excesso de elementos que pouco acrescentaram à investigação. Em muitos momentos, o romance nem parecia ser romance policial, e sim uma narrativa sociológica sobre a Israel oitentista. E se a intenção do autor foi a de criar um ambiente favorável para que o leitor criasse empatia em relação aos personagens, creio que ele não foi muito feliz...

Na terceira parte do texto, finalmente conseguimos ver os personagens demonstrando algum sinal de vida - não estavam soando mais como meros ornamentos de uma cultura distante; soavam como policiais que realmente buscavam a solução para uma série de assassinatos. E mesmo quando acertou, o Kellerman também errou... Se o autor havia passado tanto tempo desenvolvendo a cor local de Israel nas partes 1 e 2, o natural seria esperar por um desfecho com melhor desenvolvimento; mas o que recebi foi um "tchau" apressado, com um ritmo fora do tom. De qualquer modo, o clímax agrada: verdadeiramente brutal, sádico; um fechamento mais que justo para um antagonista tão repugnante, se me permitem dizer.

A única coisa realmente consistente em O Teatro do Carniceiro ficou por conta do desenvolvimento do assassino. Os capítulos que acompanharam a perspectiva da criatura são verdadeiramente arrepiantes (não pude deixar de sentir um embrulho quando o antagonista fez uma "experiência" com um gato, por exemplo) e convincentes; o cuidado foi tão grande que o autor fez questão de narrar com detalhes o desenvolvimento da peculiar vida do sujeito, tudo com uma abordagem digna de um psicólogo (algo que o Kellerman realmente é, aliás), acompanhando os anos entre a infância e a vida adulta.

Enfim, entre tantos personagens religiosos, a ironia reside no fato de que o Kellerman caiu no pecado do excesso. Ele trouxe tópicos importantíssimos, como a questão do racismo, das religiões, dos costumes de diferentes povos etc., e o livro foi muito mais sobre esses tópicos que sobre os assassinatos em si - a investigação serviu como um apêndice na narrativa. Não senti uma união sólida entre a narrativa social e a literatura de gênero; essas duas faces estavam lá, mas nunca se encontravam de verdade. Em minha "resenha" para A Garota no Gelo, elogiei o livro em questão e falei que este se trata de um trabalho sem grandes pretensões, mas justo e realmente satisfatório; falei também que um livro justo soa muito mais interessante que um livro com pretensões que ecoam no nada. E aqui está: O Teatro do Carniceiro tem muitas boas ideias, mas boa parte de suas pretensões parecem ecoar no nada. Ele parece querer chegar em algum lugar grandioso, e muitas vezes sugere boas referências. Mas, no final, o que temos aqui é uma obra perdidinha no deserto.
comentários(0)comente



Fimbrethil Call 29/09/2009

Muito bom!
Esse livro é muito bom! o primeiro livro do Jonathen Kellerman que eu li, e realmente adorei. Mostra todo o processo de investigação, mas também a vida particular do detetive, a tensão existente entre israelenses e árabes em Israel.
Recomendo a leitura.
comentários(0)comente



3 encontrados | exibindo 1 a 3


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR