Juliana 07/11/2013
Danna é uma garota solitária. Ela perdeu seus pais em um acidente de carro quando ainda era muito nova e, por isso, vive com a avó. Ela sobreviveu graças à proteção de Gabriel, um arcanjo que a segurou no momento da queda e que a tem guardado durante toda a sua vida. Ela se torna estudante de artes e, posteriormente, uma pintora muito talentosa, cuja arte desperta o interesse tanto de homens quanto de seres celestiais.
Os seres do mundo espiritual querem saber, a todo custo qual a origem de sua inspiração e o porquê de sua arte revelar, ainda que ela não saiba, os mistérios das dimensões a que apenas os seres celestes possuíam acesso. Por isso, Danna está sujeita a diversos perigos, pois tanto anjos quanto demônios estão à sua caça.
Este é o enredo principal da trama, indicado inclusive na sinopse do livro. Gabriel é o encarregado de proteger Danna e ao mesmo tempo, procurar o objeto sagrado, que foi retirado de seu lugar e escondido em alguma dimensão entre o plano físico e o espiritual.
Para isso, Gabriel mantém-se firme em sua missão de observar Danna constantemente. Durante esta fase de observação, somos levados a conhecer mais de Danna, sua vida, sua rotina e até mesmo seus envolvimentos amorosos e o sofrimento em face de decepções com Alex, o primeiro rapaz que ela ama de verdade e com quem perde sua virgindade.
Essa observação constante acaba afetando de modo negativo Gabriel e sua missão, pois, a partir de um certo momento ele passa a ter curiosidade sobre diversas coisas que são restritas apenas aos seres humanos e às quais ele, como ser celestial, não podia ter acesso. A curiosidade e a proibição acabam instigando Gabriel a tomar atitudes cada vez mais humanizadas e ele acaba, por fim, expondo-se no plano físico, quando, ao mesmo tempo em que tenta levar ao fim a sua missão de arcanjo, não consegue se desvencilhar da atração que sente por Danna.
A sinopse do livro nos desperta bastante curiosidade ao ler a trama. Porém, ao longo da história, percebemos que o foco está muito mais sobre a vida amorosa de Danna, envolvida com Alex em um primeiro momento e, posteriormente, com a participação de Gabriel, que durante a maior parte do livro participou muito mais como um narrador e espectador, do que como um personagem ativo no enredo. Até mesmo a questão chave a que se propõe o livro, que é a grande batalha a ser travada entre os seres celestiais, não tem a importância que deveria.
Há sim, a narração de uma relação bastante humanizada entre os arcanjos, que em diversos momentos apresentam diálogos, sentimentos e ações que são próprios dos humanos, como inveja, ira, dúvidas e erros.
Apenas mais para o fim da história é que a grande questão envolvendo o objeto sagrado é tratada com um pouco mais de atenção, mas ao mesmo tempo, o livro termina sem grandes conclusões a respeito disso e a respeito do romance entre Danna e Gabriel também.
As descrições constantes do livro são concentradas às descrições dos personagens e seus sentimentos, os ambientes são descritos de forma superficial, sem possibilitar que durante a leitura seja formado, na mente do leitor, o cenário onde a história se desenvolve. Do início do livro até o meio, mais ou menos, onde há a efetiva exposição de Gabriel ao plano físico, sendo visto por Danna e passando a fazer parte de sua vida não apenas como observador e protetor, percebi que a narrativa “corre”, deixando de narrar alguns fatos, para apenas mencioná-los brevemente quando necessário. Apenas quando a história atinge seu ápice é que a narrativa assume uma velocidade normal e os acontecimentos são levados ao conhecimento do leitor na profundidade adequada.
Pelo que o final do livro oferece, fica claro que haverá continuação, para que os conflitos iniciados nesse volume possam ter a chance de serem finalizados.
Os livros que envolvem temática de anjos ou outros assuntos que envolvam o plano espiritual, não são do tipo que mais gosto. Tenho uma linha de pensamento e de crenças muito divergente de toda a literatura envolvendo anjos como personagens literários que tem sido produzida por aí. Isso não me impediu de ler Danna e achar que, como um romance e, crendo ser uma série que terá mais coisas a acontecer, é um bom livro. Não compartilho da cosmovisão transmitida pela autora na sua narrativa, mas consigo, no momento da leitura, fazer esta divisão e considerá-lo, apenas, como o romance de literatura fantástica que é.
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