Su 18/05/2016
Me interessei por esse livro devido ao meu trabalho, faço a mediação de uma criança autista em uma escola. E, ainda assim, não compreendia muito bem o que significava possuir o transtorno do espectro autista.
Logo na introdução, a autora aborda a questão da visão estereotipada que se tem das pessoas autistas. Muitos por falta de informação pensam que todos aqueles que são diagnosticados com autismo apresentarão os mesmos comportamentos, o que não é a verdade. Tudo dependerá do diagnóstico e do acompanhamento que será feito durante a sua vida. Por isso, é muito importante o diagnóstico precoce.
Ana Beatriz nos informa que as pessoas autistas são verdadeiras, divertidas, honestas, amorosas e humanas. Para alguém com autismo é muito difícil mentir, pois elas não conseguem entender a razão de se contar uma mentira, nem mesmos aquelas sociais. Isso pode levá-los a serem facilmente ludibriados. Também não compreendem a linguagem figurada, devido a sua interpretação literal do que é dito.
O livro é dividido em quatorze capítulos. Sendo eles: O que é autismo?; Cérebro masculino e autismo; O que é espectro autista?; Meu filho tem autismo e agora?; Escola e amizades; Autismo, emoções e relacionamentos; Autismo e talentos; História do autismo; A origem da questão; Diagnóstico do autismo; Tratamentos do autismo; Legislação e autismo; Trabalho e vida futura e Para que floresça o mais que humano em nós.
Ler esse livro foi fantástico. Entender um pouco melhor a forma que as pessoas autistas veem o mundo facilita muito o relacionamento com elas. Livro indicado para quem conhece, e também, para quem não conhece, alguém com autismo. Afinal, é muito importante que as pessoas se conscientizem e entendam que aqueles que possuem autismo são iguais a elas, apenas encaram o mundo de forma diferente.
“Quando jogamos uma pedrinha em um lago de água parada, ela gera várias pequenas ondas que formam camadas mais próximas e mais distantes do ponto no qual a pedra caiu. O espectro autista é assim, possui várias camadas, mais ou menos próximas do autismo clássico (grave), que poderia ser considerado o centro das ondas, o ponto onde a pedra atingiu a água. Esse espectro pode se manifestar nas pessoas de diversas formas, mas elas terão alguns traços similares, afinal todas as ondulações derivam do mesmo ponto.
O que precisa cair por terra é que o autismo tenha somente uma forma. É comum ouvirmos de profissionais: "Ele não tem autismo, pois olha nos olhos." Isso é um mito, muitos olham e fazem muito mais. Não se trata de um tudo ou nada, mas de uma variação infinita que vai desde traços leves, que não permitem fechar um diagnóstico, até o quadro clínico complexo com todos os sintomas.”
“Crianças com autismo são seres humanos de "verdade", existem e jamais devem ser um fardo em nossas vidas. O que elas realmente precisam e merecem são famílias e pessoas que as valorizem e as amem por serem exatamente como são. Elas entram em nossas vidas, na maioria das vezes de forma inesperada — nós alienígenas para elas e elas estrangeiras para nós. No entanto, elas têm o dom de persistir e esperar, e assim o fazem: esperam por nós, por nosso momento de consciência mais profunda, no qual entendemos que também existem seres humanos que precisam de "Fadas Azuis". Não para que se tornem crianças de "verdade", mas sim para que possamos escolher se queremos ser pessoas melhores ao abraçarmos esse desafio, que transcende, em muito, nossas "misérias individualistas". Essa é uma aventura que não tem fim, tal como o conhecimento advindo dela, uma ciranda da vida, do amor, aos moldes do criador/criatura, na qual a partir de um determinado ponto, de onde não podemos mais regressar, os papéis se alternam de tal forma que é impossível saber quem é a "Fada Madrinha" de quem.”
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