PseudoEstante 17/11/2012
Resenha elaborada pelo colaborador Kadu Sousa!
****
Todo mundo tem um certo interesse em saber como funciona o Google. Um programador talvez queira investigar sua poderosa ferramenta de busca, enquanto um jornalista tenha mais curiosidade em seus produtos e funcionários. Entretanto, os mais deslumbrados somos nós, pessoas comuns que usam seus serviços todos os dias, mais preocupados em encontrar nossos resultados do que propriamente em seus mecanismos.
Tal curiosidade se revela rapidamente quando é anunciado um novo serviço ou produto, sendo o exemplo mais recente o Google+ e o Google Glass. A popularidade da rede social foi quase instantânea, muito antes até de seu lançamento, enquanto pouco se sabe sobre os óculos de realidade aumentada, mas muito se espera.
Entretanto, o meu interesse sempre foi saber como é trabalhar em um dos escritórios, famosos por serem enormes, bonitos, completos e provavelmente um dos melhores e divertidos locais de trabalho. Então, pode-se dizer que tive muita sorte quando recebi o convite para resenhar o livro de Douglas Edwards, o funcionário número 59 do Google.
As confissões feitas no livro são uma espécie de auto-biografia do ex-diretor de marketing do consumidor e gerenciamento de marca, sobre seu dia a dia de trabalho com os googlers de 1999 à 2005. Como ele coloca logo na introdução, não há a preocupação de explicar polêmicas atuais sobre a privacidade, censura ou monopólio, pelas quais a empresa vem sendo criticada atualmente; somente o interesse em contar como foi os primeiros anos da startup que logo se tornaria uma das mais importantes do ramo, tal como os tombos e acertos do autor, que acabou “acidentalmente” se tornando um milionário.
Nele você encontrará, por exemplo, como eram as reuniões, os almoços e as festas que eles promoviam lá dentro, sempre num tom engraçado e atraente, além de descobrir as esquisitices e genialidades de cada funcionário, ou como eles lidavam uns com os outros e com os muitos problemas que surgiam.
Em uma das minhas partes favoritas, Douglas conta como eram as entrevistas de emprego com Sergey Brin, um dos fundadores. Sem pecar na descrição e no humor, ele revela o gênio e a personalidade de uma figura tão importante quanto Steve Jobs, que gostava de aparecer nas entrevistas todo despojado, fazer perguntas difíceis e desafiar os entrevistados, até quando resolvia aparecer fantasiado de vaca para o Halloween e distraidamente “acariciava uma teta de borracha”.
Porém, um poderia ficar preocupado logo no começo com os termos técnicos e expressões da área de informática comuns a esse tipo de leitura. Assim como eu, você descobrirá no decorrer do livro, que Douglas também não era um expert no assunto como seus companheiros, mas sabe como ninguém traduzir essa linguagem de uma forma simples, divertida e bem atraente, principalmente para os nerds. Frequentemente o autor faz uma comparação entre os funcionários e um personagem de um filme, como Senhor dos Anéis e Star Wars, e várias referências a cultura pop.
Quanto ao livro em si, a Editora Novo Conceito fez um ótimo trabalho. Tanto a capa quanto os vários detalhes do livro foram perfeitamente arranjados para parecer um produto do Google, tornando a leitura agradável.
Por fim, gostaria de deixar um dos vários trechos do livro que me chamaram atenção, principalmente por revelarem um pouco da ambição do Google e de como é trabalhar lá dentro. Se você também tem o interesse de saber mais sobre sites como o Orkut e YouTube, dentre alguns erros e acertos, não deixe de forma alguma de ler esse livro.
“...o Google contrata pessoas realmente brilhantes e inseguras, e então lhes põe tanta pressão que não importa o quanto elas trabalhem, elas nunca serão capazes de se considerar bem-sucedidas.”