Renata CCS 02/10/2014Só tenho elogios.
Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura. (Friedrich Nietzsche)
Este é o meu primeiro Mario Vargas Llosa e estou convencida de que outros, recentemente adquiridos, vão me agradar muitíssimo.
ELOGIO DA MADRASTA é um livro bem curtinho, com enredo que gira em torno de três personagens: dom Rigoberto, viúvo e pai do pequeno Alfonso - carinhosamente chamado de Fonchito e dona Lucrécia, a madrasta do título.
Inicialmente, a preocupação do casal se o menino iria aceitar ou não a madrasta logo se dissipou, pois o pequeno Fonchito logo se mostrou apaixonado pela nova mãe. Exageradamente apaixonado. E todo esse amor, ora ousado, ora ingênuo, a entusiasma, até demais, e vai percorrendo caminhos que definirão o destino de cada personagem, criando um triângulo amoroso bizarro e, talvez, doentio.
Neste livro, Vargas Llosa faz uma viagem bem-humorada pela literatura erótica. Fiquei fascinada, de verdade, com essa narrativa tão simples e ao mesmo tempo enredada de deliciosos detalhes. Gostei demais de suas descrições, da maneira sublime de harmonizar frases simples que se convertem em perfeição.
O texto segue entremeando imagens clássicas de quadros que, imagino, foram inseridos por alguma predileção do autor. É muito envolvente a analogia que o autor faz entre a pintura e sua narrativa. Ele adapta as obras de arte para compor suas histórias, com uma sensualidade de dar água na boca, dando um toque apimentado e todo especial a trama propriamente dita. Vargas Llosa pegou uma história que poderia ser clichê e a conta de uma forma irresistível. Simplesmente brilhante!
Eu recomendo o livro para quem quiser se divertir, mas é para ser lido deixando de lado os valores familiares mais tradicionais. É necessário para que se entenda e acompanhe as peripécias graciosas e safadas de Vargas Llosa, pois ele nos apresenta uma história erótica, onde o prazer extraído do proibido pode ser, algumas vezes, mais importante que o amor.
Em resumo, é puro prazer de ler.