Quando conheci a editora Prumo no final do ano passado esse foi um dos primeiros livros deles que vi e que fiquei com vontade de ler. Adoro fantasia, principalmente livros com magia e seres encantados, por isso foi com alegria que escolhi este como o primeiro livro da parceria com a editora. Uma sinopse que a primeira vista não apresentada nada diferente, mas Leah Cypess construiu um mundo interessante para uma história criativa, gostosa de ler, de personagens marcantes e final surpreendente.
A Mutante é um ser de séculos que por um feitiço muito antigo é ligada ao reino de Samorna. Há séculos sua tarefa é proteger o rei, sua família e seus interesses. É uma força da natureza, que pode mutar na forma de qualquer animal. Isabel era o nome que ela usava já há muitos anos. Algo terrível havia acontecido da última vez que esteve na corte, a memória dela estava comprometida e ela estava na floresta de Mistwood há muitos anos e na mesma forma quando o príncipe Rokan veio ao seu encontro. Ela poderia ter mutado para um pássaro e fugido. Seu poder em Mistwood era ilimitado, aquela era sua floresta. Mas não o fez. Foi capturada facilmente e assim que a pulseira tocou sua pele sentiu o feitiço agir. Sua obrigação era proteger Rokan de qualquer mal. Ele era o atual rei de Samorna. Estava sendo questionado pelos nobres do norte e Isabel ajudaria na sua proteção. Era mais uma vez a "Mutante do Rei". Mas Isabel não está bem, não se recorda de como saiu da corte e sente que tem muita coisa errada escondida, um segredo que muda tudo e para piorar seus poderes estão diferentes. O ar da corte trouxe algo inquietante para sua mente e ela precisa descobrir o que é para proteger Rokan.
Essa é a trama central do livro. O retorno da Mutante para a corte, os mistérios sobre seu passado e a possível trama de assassinato contra o novo rei. A narrativa é uma mistura bem dosada de mistério, intrigas e suspense que tem a base da trama em seus personagens. A escrita de Leah Cypess é lírica e em vários momentos notamos o quanto a história é ligada aos personagens, suas emoções e sentimentos. Algo que delimitou bastante isso foi o fato de a Mutante não ser humana. Ela não deveria sentir pena, raiva, e muito menos se afeiçoar pelas pessoas, mas a corte estava mudando isso. Aliás, a corte é uma das coisas que enriqueceram a história. Com descrições ricas e precisas a autora ambientou muito bem sua história e todas as cenas do castelo acrescentou ao ar de intriga da trama. É uma trama que flui e instiga o leitor atrás do que vai acontecer. O que aconteceu com Isabel anos atrás? O que Rokan esconde dela? Quem está falando a verdade e quem está mentindo?
São várias perguntas e a sensação permanente de que este ou aquele personagem está mentindo. E apesar do foco maior ser em Isabel todos os outros personagens secundários foram bem desenvolvidos, mostrando nuances próprias. Os personagens que surgiram no meio do livro foi uma surpresa, não esperava aquela pessoa e menos ainda a reviravolta final sobre o tal personagem e sua irmã. Outro ponto que merece elogio é a ambiguidade que a autora manteve até o final. Clarisse irmã do rei foi o tempo todo de uma dualidade que ficou difícil prever qual seria seu papel na trama toda.
Leah Cypess amarrou tudo muito bem em um final que só não satisfez mais porque não "explicou" tudo o que poderia da bomba que ela soltou nas páginas finais. Foi surpreendente e ao mesmo tempo fechou todas as pontas. São poucos os autores que conseguem unir seus personagens tão bem em um só centro de ação e fechar a história bem. Leitura rápida que passa sem você nem perceber. Estou ansiosa pelo próximo livro, que por sorte a editora lançou recentemente, apesar de que saber que são histórias independentes. O mesmo mundo, mas outro reino e apenas alguns personagens em comum. Espero um próximo volume que desenvolva mais o que ficou nesse final. O tão esperado romance que ficou na última página.
A edição da Prumo está perfeita, com uma fonte extremamente agradável e a divisão das quatro partes da história ficou muito bonita. Só achei um pouco estranho o castelo da capa, mas ainda assim ficou boa. É uma história que daria um belo filme, mas mais adulto. Intriga, uma mutante, assassinato, personagens ambíguos e principalmente um cenário belíssimo, de época. Vai dizer (...)
Termine o último parágrafo em: http://www.cultivandoaleitura.com/2012/09/resenha-magia-de-mistwood.html