Cailes Sales 14/07/2016Sophia Coldheart é uma fada, mas não qualquer fada, ela é uma Leanan Sídhe, conhecida como a “fada-amante”, criatura extremamente bela, de pele clara, cabelos dourados e luminosos. Uma Leanan tem o poder de inspirar artistas, fazendo com que estes produzam verdadeiras obras-primas, tornando-os famosos por seu trabalho. Contudo, enquanto a fada instiga tais pessoas, ela suga sua energia vital aos poucos, através de seu encantamento, deixando os artistas cada vez mais apaixonados e dependentes, e estes acabam por cair em uma profunda depressão ou chegam ao ápice da loucura, terminando, por fim, a cometer suicídio.
Encantar e seduzir é algo que uma Leanan Sídhe não pode controlar, faz parte de sua natureza, como também, é através da energia proveniente dos artistas que a criatura mágica mantém-se viva. Sophia, nossa protagonista, apesar de amar o êxtase ao sentir seus amantes criarem obras inspiradas por ela ou quando se relaciona intimamente com eles, muitas vezes, se enxerga como uma vampira, uma sugadora de vidas.
“As Leanan Sídhes eram diferentes, iam em busca de amor; e por isso Sophia Coldheart tinha um dilema. Confusão de sentimentos. Não sabia se desejava ir em busca de mais um amor. Mas era forçada pela sua natureza a isso. Sempre parecia ser forçada a alguma coisa” p.10
Mesmo com essas sensações ambíguas, Sophie necessita de um novo amante, alguém para inspirar, enquanto renova suas energias. Desse modo, a Leanan encontra William, um escritor iniciante, que assim como os demais, logo se encanta pela bela criatura, sem saber ao certo, se ela é real ou apenas fruto de seus sonhos. Desde o primeiro encontro, a fada sente algo diferente naquele artista, seus sentimentos ficam mais confusos e ela entendi que se apaixonou verdadeiramente pelo rapaz, o que não poderia acontecer, já que o mesmo está fadado a morte, a partir do momento em que a conheceu, assim como todos os outros.
Carolina Munhóz construiu uma obra fundamentada na mitologia celta, creio eu, mais especificamente a Irlandesa e Escocesa, trazendo para nós leitores (principalmente para mim, até o momento leiga no assunto) um mundo mágico muito bem ambientado. A autora ainda nos presenteia, no início de cada capítulo, com um trecho retirado de uma determinada música, o qual se relaciona com a narrativa que se segue, eu particularmente gostei muito dessa ideia.
Contudo, apesar dos pontos positivos, infelizmente não me apaixonei pela história, pelos protagonistas, nem pelo romance. Simplesmente não consegui amar o casal, sentir as emoções de ambos, mesmo durante as declarações de amor, e isso não é devido a, inicialmente, William se apaixonar por Sophie em decorrência do encantamento, mas sim, pela construção do sentimento real. A relação entre eles não me convenceu, penso que em apenas uma cena senti o amor entre eles e isso acabou me decepcionando, já que o romance é o foco da trama e o mesmo não parece verossímil e muito menos apaixonante.
A diagramação do livro está muito bonita, as letras em um bom tamanha e os trechos das músicas no início dos capítulos, numa fonte diferenciada, dá um charme especial à obra.
Apesar de não ter me encantado pelo livro, o indico para aqueles que gostam de fantasia e queiram conhecer mais um pouco sobre a mitologia que envolve as fadas. Quem sabe vocês não se identificam mais com a história do que eu?
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