Maria - Blog Pétalas de Liberdade 25/03/2014O Inverno das Fadas Narrado em terceira pessoa, o livro nos conta a história da fada Sophia Coldheart. Ela não era uma fada comum, e sim uma Leanan Sídhe.
As lindas e sedutoras Leanans Sídhes tinham o poder de inspirar homens e mulheres, para que eles criassem obras (músicas, livros, filmes) que alcançariam enorme sucesso. A energia desse processo criativo é que alimentava a Leanan Sídhe, mas depois da obra finalizada, a fada inspiradora deixava sua vítima, que, abandonada, enlouquecia e morria na maioria das vezes.
"Muitas vezes a fada se pegou pensando se existiria uma forma de quebrar o feitiço sobre ela, mas era inútil. Ser uma Leanan não consistia em ter escolhas, era simplesmente um fato que não podia ser negado." (página 99)
Uma mocinha um tanto quanto diferente, não acham?
Sophia conheceu William, um jovem escritor, a quem ela seduziria e inspiraria a escrever um livro. Ela ganharia energia e ele teria sucesso. E depois, como Sophia já havia feito tantas vezes, ela o abandonaria e procuraria outra vítima.
Só que eles se apaixonaram verdadeiramente um pelo outro. Não era apenas a magia que fazia com que William gostasse de Sophia; e pela primeira vez, Sophia se preocupava realmente com sua vítima, ela não queria que William sofresse.
"Ele deu um longo suspiro e completou:
— Posso ficar tranquilo quanto a isso? Irá começar a deixar os sentimentos de lado em relação a esse rapaz?
— Claro, vovô. Eu nunca esqueço. Afinal, não tenho como esquecer, sei que sou uma assassina e sinto minhas veias saltarem quando estou perto dele ou o ouço nos pensamentos — respondeu Sophia, entre respirações pausadas e pesadas. — Só fiquei assustada, vulnerável,talvez, por ser Samhain.
Arawn soltou um leve riso.
__ Todos ficamos vulneráveis quando a Deusa está mais presente em nossas dimensões. Mas não se considere uma mera assassina. Você sabe que caça porque segue desígnios. Não há maldade em você, minha querida. Existe apenas o instinto de sobrevivência de que precisa, e deve ser grata por isso. Todos somos criaturas de algo maior, que nos moldou para ser o que somos.
— Em alguns momentos não me sinto uma fada, vovô! disse a Leanan, ainda engolindo o choro engasgado. — Vejo garotas como Lorena, fadas lindas do bem, cuidando da humanidade, e não consigo me comparar a elas. Pareço mais uma vampira com asas. Não sei mais se mereço viver." (página 50)
"Aquela era a primeira vez que Sophia Coldheart pensava na atitude de suas caças: elas se suicidavam! Sempre encarou a morte deles como uma consequência de atos sob os quais os mortais não tinham controle. Como parte do encantamento e não da decisão deles. Porém, analisando friamente... sim, eles se suicidavam. Na maioria dos casos." (página 191)
A fada sabia que o relacionamento dos dois tinha chances mínimas de dar certo; o pai dela era um elfo e sua mãe era uma Leanan, os dois se amaram muito e morreram em pouco tempo, o que ficou desse amor foi Sophia, que foi criada pelo avô.
Ela e William precisavam encontrar alguma forma de poderem ficar juntos, teria que haver alguma saída.
Esse é o segundo livro da Carolina Munhóz que leio, o primeiro foi "A Fada". Por ter gostado muito do primeiro, foi inevitável para mim fazer comparações entre os dois. Como eu imaginava antes da leitura, "O inverno das fadas" é bem mais sombrio que "A Fada", mas apesar de tocar em temas como morte e suicídio, não chega a ser tão mórbido/triste quanto eu temia.
Achei a história de "O inverno das fadas" boa, mas os diálogos me pareceram fracos e irreais (especialmente no início do livro). Sobre o final, fiquei com vontade de saber um pouco mais sobre o que aconteceu depois, adoraria que o livro tivesse mais algumas páginas. Assim como em "A Fada", consegui visualizar as cenas e os cenários com muita facilidade.
Sobre a parte visual do livro: as folhas são amareladas, o tamanho das margens e das letras é bom. A história é dividida em capítulos, cada um começa com o trecho de uma música (gostei disso). Achei a capa bonita.
Mais alguns trechos que gostei:
"— Mas a forma como fala mostra que você gostaria de ter sucesso com seus livros. Não é?
— Claro, tenho esse desejo! Porém, isso não é algo que me seduz pela fama e sim pelo reconhecimento cultural e social. Imagina quantas pessoas poderiam ler minhas obras e se identificar com elas. Quantas
vidas eu poderia tocar com minhas palavras. É algo muito gratificante." (página 98)
"Não era fácil ser considerado grande, porque o ego e as pessoas acabavam cobrando ainda mais." (página 252)
"— Eu só vou abandoná-la quando for minha hora — disse William.
— E mesmo assim, volto na próxima vida para lhe reencontrar." (página 281)
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