Yuri 22/03/2024
Realidade amarga
Este foi o meu primeiro contato com o autor, não tinha conhecimento sobre seu estilo de escrita, me lembrou um pouco Bukowski, principalmente por retratar a parte marginalizada da sociedade, no entanto, uma diferença clara entre o brasileiro e o estadunidense é que este foca muito em suas experiências pessoais e Rubem tem um tom impessoal, abrangendo todas as classes sociais.
Nesse conjunto de 15 contos, o leitor encontrará um Brasil marcado pela violência na sua forma mais bruta, o impacto do conto título da obra (Feliz Ano Novo) me deixou com uma sensação amarga. Sabe aqueles jornais televisivos "gota sangue"? Em que a criminalidade é constante e que espectador fica com medo de até ir à esquina? Rubem consegue ser pior, os diálogos demonstram a tensão, as emoções de "presa" e "predador?, a face da crueldade humana sem subterfúgio, o autor não deixa de fazer críticas sociais e ao ambiente em que os personagens se encontram. Contudo, isso não é utilizado como justificativa, indivíduos podem ser cruéis só pelo prazer de ser atroz. Cada conto é um universo diferente e muito bem escrito. Nem todos os contos são sobre brutalidade, alguns são sobre amizades, trabalho e até mesmo amor.
O livro foi proibido nos anos 70, uma obra acerca da selvageria nacional não é boa propaganda ao regime ditatorial da época.