Vania.Cristina 25/02/2024
Lei maior: Não ferir um humano nem permitir que seja ferido
Famosa coletânea de contos sobre robôs, de Isaac Asimov, publicados originalmente em revistas a partir de 1939. Mais tarde, em 1950, foram reunidos, organizados em ordem cronológica e publicados em livro com a inclusão de novos trechos que dão linearidade e fazem a ligação entre os contos.
Essas partes inseridas depois trazem a personagem da Dra. Susan Calvin, já idosa, dando uma entrevista a um jornalista e relembrando casos de robôs que acompanhou durante sua vida e sua carreira como psicóloga roboticista.
Cada conto é, então, um desses casos narrado por Calvin. Acompanhando a ordem estabelecida por Asimov, vamos entendendo o começo desse mundo que ele imaginou e que irá depois aprofundar cada vez mais em outros romances e contos.
Nessas histórias, vemos desde a invenção dos primeiros robôs domésticos, pela empresa U. S. Robots, até o momento em que os humanos passam a colonizar outros planetas, criam leis que proíbem os robôs na Terra e limitam seu uso a trabalhos no espaço, em asteróides e em outros planetas.
São um total de nove contos, alguns muito mais empolgantes que outros. O último deles é um tanto lento, o que deixa um certo tom de anti clímax, mas ele traz informações importantes para a compreensão desse futuro imaginado por Asimov, esclarecendo questões sobre a organização política e econômica desse planeta Terra futurista.
Conto 1: Robbie
Um casal compra um robô para trabalhar como babá e cuidar de sua filha. Robbie pertence à primeira geração de robôs e não tem a capacidade de falar, mas consegue cuidar e brincar com a criança. No começo ele é um cobiçado item de luxo, mas com o crescimento de um pensamento anti máquina na sociedade, surgem questionamentos quanto ao uso dos robôs. Segundo os fundamentalistas, os robôs estariam roubando o trabalho dos humanos e não seriam seguros. O casal tem diferentes opiniões à respeito, enquanto o homem ignora as críticas, a esposa quer se livrar do robô. Mas a criança é apaixonada por Robbie.
Conto 2: Andando em círculos
Aqui conhecemos dois dos melhores personagens criados por Asimov, Gregory Powell e Michael Donovan. O trabalho deles é fazer testes de campo em novos robôs, para avaliar se funcionam como planejado no espaço e em outros planetas. O robô aqui se chama Speedy e tem como função trabalhar na mineração no planeta Mercúrio. Powell e Michael percebem que Speedy não está executando seu trabalho e que fica andando em círculos em volta de uma reserva de selênio. Eles tem que descobrir onde está a falha e solucioná-la, mas os riscos de vida são grandes.
É nesse conto que pela primeira vez aparecem as três leis da robótica juntas, criadas por Asimov:
1 - "Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano venha a ser ferido".
2 - "Um robô deve obedecer às ordens dads por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei".
3 - "Um robô deve proteger sua própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou com a Segunda Lei."
Conto 3: Razão
Powell e Donovan estão na Estação Espacial n° 5. O robô QT-1, ou Cutie, foi montado pelos dois para alimentar o condutor de raios e ser testado por eles. Mas algo está errado. Cutie é curioso e quer descobrir de onde veio e qual é seu propósito maior. Para isso, faz uso extremo do raciocínio filosófico lógico. Chega à conclusão que seu Deus e senhor é a máquina condutora de raios.
Conto 4: É preciso pegar o coelho
Agora Donovan e Powell estão num asteróide testando o novo robô múltiplo. O robô DV-5 tem outros seis robôs obedecendo suas ordens, que são como dedos da sua mão. Eles se comunicam através de silenciosos campos positrônicos. Mas algo está acontecendo porque eles só estão minerando quando são observados. Por que?
Conto 5: Mentiroso
Estamos na Terra, nos laboratórios da U.S. Robots, e o robô aqui chama-se RB -34, ou Herbie. Ele está apresentando um defeito inconveniente: consegue ler mentes. Os cientistas devem descobrir o que causou a falha e como lidar com o problema. Nesse conto descobrimos que Susan Calvin é uma mulher apaixonada que mantém seus sentimentos em segredo.
Conto 6: Um robozinho sumido
Dra. Calvin pela primeira vez viaja para fora do planeta Terra, até uma base espacial. Ao chegar, descobre um segredo: alguns robôs NS-2, os Nestores, foram fabricados, à pedido do governo, com uma modificação na primeira lei da robótica. E um deles desapareceu se misturando a um lote de robôs idênticos que acabaram de chegar. Susan Calvin percebe o risco que estão correndo, porque apenas a primeira lei garante que os robôs sejam servis aos humanos.
Conto 7: Evasão!
A história mostra a competição pelo mercado tecnológico entre a U.S. Robots e a Consolidated Robots. Ambas empresas buscam a criação do motor interestelar que permitiria viagens entre galáxias. Nessa época, as duas já desenvolveram máquinas pensantes: robôs não humanóides altamente inteligentes. A U.S. Robots tem o Cérebro, com capacidade infinita de aprendizagem mas a personalidade de uma criança. Ele é capaz de desenvolver a tecnologia para viagens interplanetárias, mas se essa viagem acarretar algum sofrimento humano, a primeira lei da robótica impede que o Cérebro revele a descoberta e a problemática pode até destruí-lo.
Conto 8: Evidência
Um candidato à prefeitura procura a U. S. Robots ameaçando ir até a mídia e fazer um escândalo se a empresa não ajudá-lo a provar sua teoria. Ele alega que investigou o rival, o advogado e também candidato Stephen Byerley, e afirma que ele nunca come, bebe ou dorme, e que, portanto, é um robô se fazendo passar por um humano.
Conto 9: O conflito evitável
Estamos no ano de 2052. Quatro máquinas pensantes, uma em cada região do planeta, regulam a economia da Federação Mundial. Dessa forma, a economia nunca foi tão plena e deter os meios de produção não é mais uma questão relevante. No entanto, pequenos problemas começam a acontecer nas quatro regiões: produções excedentes ou deficientes, atrasos e casos de demissões de funcionários. São questões pontuais e contornáveis, mas o coordenador mundial começa a se preocupar se as máquinas podem estar apresentando problemas. Se isso for verdade, as consequências poderiam ser desastrosas para a humanidade. Isso porque as máquinas pensantes alcançaram um nível de inteligência e de auto regulação que não permite que nenhum humano seja capaz de consertá-las.