Livrissimu 28/03/2020
E SE ADÃO E EVA FOSSEM ROBÔS?
"Ele não pode deixar de ser fiel, carinhoso e bom. É uma máquina – feita assim. O que é bem mais do que pode dizer a respeito dos seres humanos."
Considero esse livro uma ótima indicação para aqueles que ainda não se aventuraram pelas veredas da ficção científica e assim desejam, ao passo que incorpora as principais facetas do gênero. Há, então, uma premissa científica que serve como o fio condutor e desencadeador dos conflitos ( a tecnologia robótica), mas tudo isso é potencializado com questões mais profundas e reflexões em torno da essência da natureza humana (aqui se dá pelo conflito das leis primordiais da robótica, parte da programação positrônica dos robôs).
Cada conto do livro focaliza em um robô distinto e aproveita para expandir o mundo e as tecnologias aqui propostas. Quase sempre as intenções do autor parecem ser criticar as ações da humanidade, ao mesmo tempo que elogiar sua essência. Vez após vez somos levados a pensar que os conflitos robóticos que vão surgindo têm a ver com uma vontade dos robôs de serem independentes, de se vingarem ou rebelarem-se, de conquistarem seus mestres e assumirem seus postos como uma raça em tudo superior. Mas no fim, retornamos ao mesmo lugar: pois as leis com que são criados são invioláveis, privando-lhes o livre arbítrio.
Os robôs desse livro são mais fortes, resistentes e mesmo mais sensatos do que a maior parte dos seres humanos de hoje em dia. Mas ainda, nunca poderiam superar os humanos, pois nunca poderiam fazer o que bem entendessem, pois foram programados como servos. Ao propor que os robôs não podem desobedecer as três leis da robótica, podemos inferir a maior definição de humanidade para Asimov, isso é, a LIBERDADE. Liberdade para amar, bem como para odiar; para curar, bem como para ferir; para abençoar, bem como para amaldiçoar.
Se Adão e Eva fossem robôs, eles nunca teriam pecado e teriam permanecido escravos perfeitos no Éden.
site: https://www.instagram.com/p/B9-DfpxD-rD/