Abduzindolivros 16/04/2024
Só me arrependi de não ter lido antes, pqp que livro boooooom!!!
Prestes a se aposentar, a psicóloga roboticista Susan Calvin concede uma entrevista contando nove casos icônicos que presenciou na sua carreira dentro da U.S. Robots, retratando a evolução da robótica ao longo dos anos.
Um conto melhor do que o outro! A primeira história, ?Robbie?, é simples, bonita, e marca o início das interações de humanos com robôs, e o lobby feito para banir o uso de autômatos na Terra exceto para fins de pesquisa científica. No segundo conto, ?Andando em círculos?, são apresentadas as famosas Leis da Robótica, e as histórias seguem até o final levantando questões sobre o avanço das máquinas e o papel da humanidade diante delas.
É surreal saber que a primeira publicação de ?Eu, Robô? foi em 1950. Naquela época, Asimov já escreveu sobre discussões que são importantíssimas hoje em dia. Nos deparamos com dilemas como a substituição da mão-de-obra humana pelas Inteligências Artificiais, e hoje também vemos o quanto a ciência de dados tem se tornado uma área cada vez mais essencial para as empresas. E o Asimov já falava sobre isso há mais de setenta anos!
Os dilemas abordados em cada conto vão progredindo de acordo com o avanço da tecnologia e o aumento da complexidade entre as relações de humanos e robôs. Os enredos foram criados em torno de alguma quebra nas Leis da Robótica, e é muito divertido acompanhar a lógica por trás das soluções dos problemas.
Sim, apesar de trazer reflexões muito importantes e que ressoam com os dias atuais, os contos têm uma surpreendente pegada cômica que me amarrou na leitura!! Em especial, os episódios em que apareciam os especialistas Donovan e Powell, me arrancaram boas risadas.
Os dilemas que envolvem a Primeira Lei ? nenhum robô pode ferir um ser humano ou permitir que seja ferido por inação ? foram os que mais me chamaram a atenção e me fizeram pensar. É nítido que, em todos os aspectos, os robôs são superiores aos humanos. Tudo o que os impede de dominar os humanos é a programação da Primeira Lei em seus cérebros positrônicos, ou será que eles seriam capazes de genuinamente serem leais?
Se quisermos, podemos ir além, e substituir os cérebros positrônicos pelas Inteligências Artificiais, e continuarmos os questionamentos. Seriam capazes de compreender emoções e sentimentos? Podemos aferir comportamentos tipicamente humanos às máquinas inteligentes? São capazes de raciocinar e questionar suas próprias existências? Conseguiriam governar com justiça?
O que aconteceria com a humanidade se nosso destino fosse entregue nas mãos (e mentes) artificiais?
Cara, é de explodir a cabeça.
A linguagem é muito fluida, acessível, sério, é um livro que não consegui largar. Ainda fiquei meio incomodada com o modo como o Asimov descreveu a genial Susan Calvin ? parece que mulheres inteligentes não podem ser atraentes, mas, enfim ?, só que foi um incômodo menor que o sentido em alguns momentos na leitura de ?O fim da eternidade?.
Falando nele, foi muito bom tê-lo lido antes de ler ?Eu, Robô?, pois parece-me que a sociedade existente aqui nos contos é uma consequência dos eventos desencadeados no ?O fim da eternidade?. Ambos livros também mencionam a formação de um Império Galático (estou ansiosa para acompanhar esse desenrolar). Mas, para quem quiser começar Asimov para conhecer a escrita, ?Eu, Robô? é um excelente começo! Leve, divertido, e com poder de maravilhar pela genialidade e visões de mundo do Asimov, nada ultrapassadas.
Acho que o Bom Doutor teve permissão da Eternidade para vislumbrar o futuro e escrever sobre ele, não é possível!!
Recomendo fortemente.