gabrieltborba 22/09/2023
Uma sociedade apegada a promessa de um plano.
A trilogia “Fundação” de Isaac Asimov, composta por “Fundação,” “Fundação e o Império,” e “A Segunda Fundação,” oferece uma narrativa intrigante que se desenvolve em um formato consistente de escalada de tensões, culminando em resoluções que, à primeira vista, podem parecer improváveis. No entanto, essa aparente simplicidade nas soluções não deve ser um desestímulo para os leitores. Pelo contrário, revela a habilidade do autor em contar uma história cativante, onde cada detalhe meticulosamente descrito nos faz acreditar que a Fundação poderia, de fato, existir ou existirá.
Uma interpretação interessante que emerge da trilogia é a ideia de um plano que atravessa gerações e séculos, criado pelo personagem Hari Seldon. Esse plano, destinado a salvar a galáxia, pode ser comparado, de uma perspectiva mais ampla e abstrata, com os conceitos de plano de salvação frequentemente encontrados no cristianismo, de forma semelhante, porém em menor comparação, a escrita fantástica de Tolkien na saga de “O Senhor dos Anéis”, talvez seja pelo tamanho que enredo é nos apresentado, em propensões gigantescas, que põem em jogo o destino da humanidade/sociedade, tais como as histórias presentes no Velho Testamento, nos apresentando a promessa de redenção da humanidade através do plano de Salvação, que vemos posteriormente se cumprindo no Novo Testamento, na Pessoa de Jesus Cristo.
As soluções aparentemente simples para os desafios enfrentados pelos personagens podem, a princípio, surpreender o leitor. No entanto, essa simplicidade é uma característica distintiva do estilo de escrita de Asimov, que baseia suas tramas na inteligência e na lógica de seus personagens, criando reviravoltas surpreendentes e inesperadas que mantêm o leitor envolvido.
Embora os saltos geracionais na narrativa possam, em alguns momentos, desconectar o leitor da continuidade da história, essa é uma assinatura do autor que permite explorar as implicações de longo prazo de suas ideias. Isso nos desafia a considerar as consequências de ações e decisões ao longo de séculos, criando um panorama mais amplo e complexo da trama.
Em última análise, “Fundação” é uma obra que vale a pena ler, independentemente de amar ou odiar seu desfecho. Ela encapsula a perseverança de uma sociedade que busca redimir uma galáxia através de um plano ambicioso e de uma promessa. A trilogia nos leva a refletir sobre o significado do propósito e da determinação na sociedade e na história humana, tornando-se assim um clássico da literatura de ficção científica.