A Linha Tênue

A Linha Tênue Rubem Cabral




Resenhas - A Linha Tênue


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Sergio Carmach 24/01/2017

Inteligente, surpreendente e (muito) divertido
O público em geral costuma preferir romances a contos. Os primeiros representariam o gênero literário autêntico, o único capaz de proporcionar um verdadeiro entretenimento, enquanto os segundos seriam uma espécie textual menos relevante e interessante. Confesso que eu mesmo pensei assim até certa idade, antes de tomar contato com autores – inclusive independentes – que foram aos poucos me abrindo a mente. “A Linha Tênue”, uma coletânea com 29 histórias curtas e incríveis, ratifica de forma contundente essa mudança de impressão que me assaltou há tempos.

O livro de Rubem Cabral – ao contrário do que faz crer a aura intelectual da sinopse exposta no Skoob – não toca apenas a inteligência do leitor, mas o arrebata por completo, da razão à emoção. Se os contos do livro fossem transformados em episódios televisivos, dariam uma série – extraordinária – com um quê de “Amazing Stories”, mas detentora de características que a tornariam ainda mais instigante: “A Linha Tênue” é surpreendente, criativo, livre de clichês desgastados, resvala em questões filosóficas envolvendo metafísica, devir, destino... Um dos inúmeros momentos marcantes do livro está em “Aconteceu na Lapa”, no qual o leitor – em meio a uma narrativa forte e cheia de devaneios oníricos – pode se pegar refletindo sobre a forma como a realidade se apresenta, se ela poderia ser diferente e, se sim, por que não é. Contos fantásticos e de além-túmulo, com abordagens variadas e sempre desapegadas de quaisquer crenças, também permeiam a obra e fazem a mente do leitor viajar.

Na contracapa de “A Linha Tênue”, encontramos as palavras perfeitas para definir essa coletânea lançada por Rubem Cabral e aquilo que ela reserva ao leitor: “Até onde um livro poderia invadir a sua zona de conforto? Aqui: realidade. Lá: fantasia. Seria assim tão fácil? Você está mesmo tão seguro?”; “Um trabalho de escrita ousado, experimental e, ainda assim, acessível e divertido, que deseja definitivamente conquistar seus neurônios.” É isso! Então, pense bem antes de fazer pouco caso de um livro só por ele ser composto por contos. A explosão de criatividade emanada das páginas pode envolvê-lo e fazer você terminar a leitura com (como dizia minha mãe) cara de tacho, na linha tênue entre a incredulidade e o assombro.

site: http://sergiocarmach.blogspot.com.br/2017/01/resenha-linha-tenue.html
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Davenir - Diário de Anarres 20/07/2016

Surpresas metalinguísticas e todos os tipos de fantasia
A linha tênue (2014) é um livro de contos do autor brasileiro Rubem Cabral, lançado pela Editora Caligo. Os 29 contos curtos que o compõe abrangem gêneros da Ficção Científica, Fantástico, Terror, Sátiras, Steampunk e afins. Alguns oferecem doses de sangue, de erotismo, viagens insólitas e/ou de mistério. Falando assim pode parecer uma grande salada sem sentido mas não é nada disso. Existe uma característica predominante no livro são as "quebras de paredes" entre os personagens e o leitor. São pontos de vista inusitados, personagens que falam com leitores, personagens que sabem que são personagens podem aparecer sem aviso durante a leitura.

O grande barato da obra não é apenas encontrar contos ótimos em meio a uma seleção de criações do autor, mas a surpresa que se tem a cada nova estória que se começa. Os títulos - acredito que tenha sido proposital - não ajudam muito a prever sequer o gênero de estória que virá pela frente. Isso incrementa a experiência de leitura de cada conto e dá força ao conjunto como algo maior que a soma das partes.

A escrita de Rubem mostra domínio da história curta, pois não há rebarbas nas estorias, cada linha contribuí para o desfecho do conto. O ponto forte são os enredos surpreendentes e a qualidade da escrita mantém o equilíbrio do início ao fim.

Como são muitos contos, para comentar isoladamente, vou escolher meus cinco preferidos e quem já leu o livro pode comentar os seus também:

Revolta nas páginas 34, 35 e 36: Ao mostrar um príncipe genérico de estórias de Fantasia conversando com os "personagens secundários, os sem nomes, os esquecidos, que aparecemos e sumimos sem maiores explicações", que sabem que são personagens, dão uma amostra bem humorada da metalinguagem que pode aparecer em qualquer conto. Considerei uma crítica ao mais-do-mesmo na literatura de Fantasia, muito referenciada as culturas do norte do globo, mesmo quando feitas em terras brasileiras. É um ótimo conto para apresentar o livro a quem não o conhece.

Mil-folhas: Pessoas que escrevem sobre pessoas num única aflição. Grafias, bebidas e formas diferentes de colocar no papel a mesma dor. Este conto também usa a metalinguagem e a edição (ao colocar cores e grafias diferentes para cada personagem) contribuiu muito para o clima imersivo do conto.

A maloca de Jaçanã: aparenta ser uma estória de Samba mas que ganha contornos fantásticos. Destaco os personagens Adoniram Barbosa e os amigos que ele faz quando fica sem onde morar, pois são os que mais lamentei deixá-los quando o conto acabou.

O bom provedor: acreditei ser uma estória de aliens, bem ao gosto de ufologistas, mas me agradou bastante por tomar um rumo diferente sem querer dar explicações do tipo "eu quero acreditar". Um dos finais, mais impactantes sem usar da metalinguagem.

Palimpsesto: É aquele tipo de conto que de te passa a perna e deixa um sorriso de satisfação mesmo antes da conclusão da investigação da morte da família Mendes Martins.

A edição lida para a resenha é a da Editora Caligo que fez um trabalho muito bonito com a arte na capa pois é um desafio pensar uma imagem que expresse bem tamanha variedade de assuntos, e a raposa ganhando vida como que numa única pincelada ficou excelente. Alguns contos pela metalinguagem receberam o devido tratamento, principalmente no conto Mil-folhas que pedia várias grafias. Coisa que exige atenção ao trabalho do autor.

site: http://wilburdcontos.blogspot.com.br/2016/07/resenha-linha-tenue-rubem-cabral.html
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Euflauzino 12/02/2016

A razão na corda bamba

Este é o último livro de uma série de livros da Caligo Editora que recebi de presente de minha querida amiga Bia Machado. Quero dizer aqui que ele não me surpreendeu, muito pelo contrário. Fui brindado com um livro de qualidade superior, não menos que excelente. Já esperava por isso – capa e edição caprichados são lugares-comuns na editora, assim como autores criativos e originais.

O livro A linha tênue (Caligo, 264 páginas) de Rubem Cabral, inexplicavelmente, mexe com a gente: de religião à fantasia, do policial ao corriqueiro, do horror à FC. Tudo se resume ao prazer de se finalizar cada conto com um sorriso no rosto ou com uma interrogação enorme no semblante (pura provocação que aceito sem restrições).

Iniciei a leitura do livro pensando em comentar um pouco de cada um dos contos e me deparava com pérolas que me faziam retornar à infância:

“... Você encheu o balde de água e foi brincar nos fundos, perto do galinheiro... Não se importava com vermes nesta época, você saíra sem camisa, mas filtro solar também não existia. Crianças tinham lombrigas e tomavam purgante, se queimavam demais de Sol, viviam de joelhos esfolados e bochechas descascadas de tanto soltar pipa. Crianças eram crianças e não estas coisas pálidas e mimadas, que só conhecem a luz da TV e do computador...”

Putz... maior paulada não é mesmo? É difícil ler isso e não se emocionar ou se revoltar, principalmente se for da geração Z. E passeando lentamente por cada conto e cada verdade cheguei à conclusão que não conseguiria comentar um a um. Os contos eram tão instigantes e tão díspares que eu já estava escrevendo um outro livro só para explicá-los.

No momento estou boquiaberto. O prazer de ler contos desta natureza (e olha que tenho inúmeras restrições e dificuldades com contos, inclusive os do mestre Stephen King) não tem preço! Não fui cru em direção ao autor, já conhecia parte do trabalho organizado pelo mesmo na “Antologia de contos fantásticos” e fui novamente fisgado por suas palavras:

“— A meta da linguagem é a metalinguagem — pensou, em um último lampejo, já desconectado de qualquer sentido ou razão.”

São trechos e mais trechos que me faziam reler palavra por palavra para degluti-los melhor, como a tradução da ausência:

“Ainda nos primeiros dias em que fiquei só, uma dor forte no meu ombro esquerdo quase não me permitia levantar o braço. Logo descobri que a razão era a posição de deitar: que, inconscientemente, eu tentava abraçá-la e passava a noite com o corpo pesado sobre o braço. Meu corpo estranha a ausência dela.”

site: Leia mais em: http://www.lerparadivertir.com/2016/02/a-linha-tenue-rubem-cabral.html
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Rubem Cabral 25/06/2012

Entrevista - Território Gonçalense
http://www.territoriogoncalense.com/2012/06/entrevista-com-o-escritor-rubem-cabral.html
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Wilson 17/06/2012

Livro muito bom!!!! Recomendo.
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