Deus Não é Grande

Deus Não é Grande Christopher Hitchens




Resenhas - Deus não é grande


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Victor225 24/03/2024

Conheci Hitchens por meio dos seus debates, onde se revelava como um grande orador, de raciocínio e argumentos sempre afiados. Neste livro, Hitchens, mesclando suas experiências como jornalista e argumentos sólidos contra afirmações religiosas, combate a noção de que a religião é uma força para o bem no mundo, provando exatamente o contrário: ideias promovidas pela religião são, muitas vezes, as principais forças por trás do ódio tribal, do autoflagelo, da ignorância, da superstição e da rivalidade para com a livre-reflexão.
A religião, em princípio, já nasce corrompida. Garante à certo povo o cuidado e supervisão de um Deus todo poderoso, que, certamente, está do seu lado. Ao mesmo tempo, precisa lembrar constantemente da culpa e dívida de seus fiéis para com seu criador. O fiel é responsabilizado por "pecados" cometidos há muito por outros que não ele; é, como em um poema que cita, criado doente e ordenado a ser saudável. Se não seguir à risca as ordens de seu "amoroso mestre", sofre a punição e tortura eternas. Por causa da curiosidade e insatisfação dados por Deus à Eva, esta cai em erro. Por capricho divino, toda a humanidade paga o preço. Sem contar que, por meio da sua narrativa mitológica da criação, coloca a mulher como uma criação inferior. Quem é o culpado de tudo?

"Quanta vaidade precisa ser dissimulada [...] de modo a fingir que alguém é o objeto pessoal de um plano divino? Quanto amor-próprio precisa ser sacrificado para que alguém possa sofrer continuamente na consciência do próprio pecado?"

Hitchens enxerga, na religião, muitas similaridades com Estados totalitários. Suas vivências em Estados teocráticos o munem de exemplos. Chega a definir o sistema religioso como uma espécie de "Coreia do Norte celestial".

"Não apenas sabem, sabem tudo. Não apenas sabem que Deus existe e que criou e supervisiona toda a empreitada, mas também sabem o que "ele" exige de nós — de nossa dieta a nossas obrigações, passando por nossa moral sexual."

Também não é novidade, para qualquer pessoa sincera, o empecilho que a religião foi e é no adquirir do conhecimento humano. Hitchens relembra o quanto a Igreja anunciou, à época dos surtos, que a aids era uma punição divina contra os desvios sexuais, em especial contra o homossexualismo. Não faltam exemplos de sua sujeira. A insistência em negar que o Sol não orbita a Terra, e sua teimosia em afirmar ser a Terra o centro de tudo. A antiga, mas ainda presente condenação da masturbação, relacionando-a, em alguns casos, com a insanidade, distúrbios e doenças. A louca necessidade de controle da vida sexual de seus fiéis — já demonstrando a obsessão da religião com o sexo, vide a Virgem Maria — onde, em certo momento, o papa condenou o uso da camisinha. A negação da evolução, a crença na Terra de 6 mil anos, as Cruzadas, a Inquisição, as explicações imbecis e incorretas dos eventos naturais…
Tudo isso prova a natureza supersticiosa e irracional da religião. Sua importância no mundo moderno é nulo. Resume-se a poder, controle e dinheiro.

"Os fiéis estão dispensados disso: já não temos nenhuma necessidade de um deus para explicar o que não é mais misterioso."


O último apelo da religião é que, apesar de todo o mal causado, ela ainda impõe moral. Isso cai por terra pelos precisos exemplos citados anteriormentes. "Quanto mais devota uma pessoa, mais negociável o 7° mandamento", diz Hitchens. A vaidade dissimulada; as constantes discussões e guerras entre as diferentes tribos religiosas, que discordam sobre qual delas tem Deus encurralado; as contínuas discordâncias entre o que é literal e metafórico nas "Sagradas Escrituras"; o inconsciente ignorar de novas descobertas a fim de não abalar a fé. Conclui-se que, assim como a fé antecede a religião, a religião não torna ninguém moral, pois a moral a antecede. Ela é, por muitas vezes, não apenas amoral, mas imoral.
Um Deus que, vendo a falha de sua criação, não toma para si a responsabilidade, decidindo aniquilar tudo que é vivo em um — agora comprovadamente impossível — dilúvio global; um Deus que em Êxodo 21 ensina a compra e venda de escravos; um Deus que ordena explicitamente, em Números 15:32, o assassinato de um homem a pedradas. Um Deus impreciso, inconstante, destruidor, que, para provar a fé de um homem, o leva a quase assassinar seu filho; o derramento de sangue em seu nome; um Deus que adora tomar sacrifícios para si; um Deus cujo melhor plano de salvação de suas criaturas foi uma "partenogênese" em uma mulher cujo suposto filho seria torturado até a morte; um Deus de "revelações diretas" conflitantes para indivíduos semi analfabetos de regiões isoladas de uma única parte do globo.
Isso nos deixa duas possibilidades: ou Deus é imoral e digno de total desprezo, ou ele é uma criação humana, com muitas características nossas, o que, por conseguinte, nos livra do fardo de o adorar.


Que bem faz a religião ao mundo? E, como pergunta Hitchens, qual ação moral não posso realizar por ser ateu?


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Elton.Oliveira 19/10/2023

A religião envenena TUDO!
Um ótimo livro , para quem é cético e já foi mordido pela asquerosa serpente do conhecimento (ironia) !

Bem , já li alguns livros sobre ateísmo e sou , sem dúvida alguma , ateu ! Na linha de Dawkins, nosso querido Hitchens , aborda as falhas , hipocrisias , ironias e nos revela algumas histórias sombrias , sobre as várias religiões.

Eu apoiaria as religiões, se elas não tentassem acabar com meu direito de ser ateu , se elas combatessem os preconceitos sobre minorias e aceitassem o mundo como ele é ! Já erraram tanto no decorrer da história, hoje só vivem pedindo desculpas e cometendo novas barbaridades.....


Recomendo a leitura ! Infelizmente a religião vai continuar envenenando muito esse mundo , pois o fanatismo e as grandes massas , sempre serão muito tementes às deidades , não tendo coragem de romper esse forte elo passado por várias gerações!
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Santana 07/10/2023

Parece genial, mas só na primeira leitura
Para quem começa a vida de estudos na perspectiva racional, parece muito impressionante que as pessoas realmente acreditem nos relatos religiosos sem questionar nada. Virgens que concebem, cobras falantes, a humanidade inteira surgindo de um casal e aí entram os autores como Dawkins, Hitchens, Dennett e Harris. Eles entram falando o óbvio e você concorda com o que eles dizem. Passado um tempo, você nota que não é só a questão de negar as entidades espirituais, defender a ciência e racionalidade, ao contrário, existe toda uma agenda colada à defesa do ateísmo.
O capital crítico do ateísmo começou empostado de racional, lógico e científico, e terminou em um público de tolos apoiando pseudociências nas universidades, uma multidão de incapazes que não sabe distinguir macho de fêmea, o que cristãos sabem fazer muito bem.
Hitchens é bem incisivo, mas não é motivado por amor à ciência e à verdade. As lições bíblicas que ele recebeu da professora (que ele chama de velha tola) formaram a capacidade linguística dele para tratar de temas da literatura e cultura ocidental. Ele progressivamente foi absorvendo a crendice progressista e assumindo a defesa de agendas que fizeram os países europeus e da América mais fracos. Dificilmente você encontra um desses ateus que não seja ao mesmo tempo defensor das mesmas agendas políticas que tornaram o ocidente um esgoto a céu aberto. A religião então parece cumprir uma função social e se as manifestações atéias cresceram cúmplices de tantas farsas, elas também devem ser repensadas criticamente. Hitchens não é grande. Quando ele critica as religiões, critica como um todo, portanto quando usa a racionalidade, ele também deveria usar como um todo e contra as irracionalidades que os outros ateus defendem. Já cansei de ver ateu imbecil com tatuagem satânica e símbolos esotéricos. A maior parte disso que vocês vêem com ateísmo na verdade é só anticristianismo e tem uma agenda macumbeira por trás ou no mínimo conivente com pseudociências (a exemplo da falsa ciência de gênero - Judith Butler). Essa seria uma fórmula para descobrir qual agnóstico ou ateu está realmente preocupado em combater mentiras e qual não está, apenas quer atingir o cristianismo para fazer prevalecer outras correntes.
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Ana Ruppenthal 25/06/2023

Ótimo
"Atrocidades religiosas passadas e presentes ocorreram não porque somos maus, mas porque é um fato da natureza que a espécie humana seja, biologicamente, apenas em parte racional (...)" p. 22.

Esse livro não é uma crítica técnica, sociológica ou científica às mitologias modernas; é mais um convite à reflexão sobre os danos que elas trazem e o obscurantismo que propagam, num vocabulário quase jornalístico. Sendo assim, é inútil querer que uma obra que faz tais críticas se aprofunde nos fundamentos das superstições criticadas, como muitos (provavelmente crentes) trazem como crítica aqui.

Mas acho que se cabe uma crítica à obra é o fato de o autor ter se baseado na filosofia humanista como premissa para refutar as mitologias e se aproximar da razão e da ciência - quando, ironicamente, algumas das religiões modernas tem fundamento humanista. Por isso, nem o humanismo nem o obscurantismo são o caminho.

É uma lástima que este autor já não está mais entre nós, mas as suas obras são uma grande contribuição e espero que outras sejam trazidas à língua portuguesa.
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Carlos Davi 06/04/2023

O Conhecimento de Hitchens não é grande
Ao criticar a fé de maneira generalizada, o autor parece ter pesquisado muito pouco a respeito das particularidades e fundamentos dos exemplos que menciona. Torna-se justificável perguntar se a pesquisa foi feita corretamente.
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Lil penne 06/04/2023

O autor apresenta um argumento claro e conciso para o ateísmo e destaca as contradições e falhas presentes em diversas narrativas religiosas, o que eu achei interessante e informativo. Eu apreciei o fato de o livro discutir múltiplas perspectivas e crenças de várias religiões ao longo da história, o que tornou o argumento do ateísmo mais forte e convincente.

No entanto, há alguns aspectos do livro que considerei problemáticos. Por exemplo, o autor muitas vezes inclui anedotas pessoais, debates ou entrevistas com a mídia ao longo do livro. Embora eu aprecie essa abordagem e sinta que ela adiciona uma sensação de autenticidade e conexão entre o autor e o leitor, achei que o autor às vezes assume um certo nível de conhecimento prévio por parte do leitor ao introduzir certos eventos ou personagens. Isso fez com que o livro parecesse datado e limitado em profundidade, uma vez que algumas dessas referências podem não ser amplamente conhecidas ou relevantes para os leitores.

Uma passagem que me chamou particularmente a atenção foi quando o autor menciona uma citação do Dalai Lama, segundo a qual é permitido visitar uma prostituta desde que outra pessoa a pague. Ao pesquisar mais sobre essa citação, não consegui encontrar nenhuma explicação ou contexto para isso. É possível que o autor tenha incluído isso para efeito retórico, mas sem mais informações, é difícil dizer.

Apesar dessas preocupações, acredito que o livro ainda seja uma contribuição valiosa para o discurso em torno do ateísmo e das religiões. Ele apresenta fatos concretos e lança luz sobre tópicos que podem ser difíceis de encontrar informações precisas. Em geral, achei que foi uma leitura que valeu a pena e recomendo a outros interessados em explorar o assunto.
Débora 06/04/2023minha estante
Bela resenha, me deu vontade de ler.




Valesi 09/03/2023

Bem escrito mas pouco recheado
Christopher Hitchens é, sem sombra de dúvidas, um excelente escritor e um debatedor ainda melhor. Seus textos são claros, acessíveis e agradáveis de ler. Sua inteligência verbal é superior, e quando expõe seus argumentos, deixa pouco espaço para dúvidas (a não ser que você queira fazer várias manobras para contra-argumentar).
Neste livro ele ataca o que considera o grande Mal: as religiões organizadas, principalmente as três grandes religiões monoteístas. O início da obra é impecável; a utlização de exemplos pontuais serve apenas como ilustração, o que está em jogo é o próprio dogma em si.
Infelizmente, após um tanto da obra, acabamos caindo em uma repetição de fatos, e alguns argumentos soam como apenas implicância, sem grande profundidade.
De qualquer forma, é impossível terminar este livro e sentir-se da mesma maneira de quando o começou. Hitchens te faz pensar, e se esse não é o principal motivo para se escrever algo, eu não sei qual é.
Cristiano 18/04/2023minha estante
Mestre Valesi, excelente descrição do livro !!!




Gabriel Farias Martins 27/11/2022

"Entendo cada vez menos, sobre cada vez mais"
Achei uma leitura ácida em um bom sentido.
Hitchens tem uma ótima retórica, e apresenta diversos argumentos críticos à diversas religiões e suas manipulações ao longo da história.
É bom entender por onde se caminha, apesar de um livro polêmico e forte, achei de utilidade pública, caso queiramos evoluir como espécie um dia.
Entender a realidade é parte importante do processo
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Carina143 31/07/2022

Comecei a ler a obra por absoluto interesse na premissa. O Hitchens é um cara foda e o tema julgo importante. Nos primeiros capítulos eu estava extasiada - eram palmas atrás de palmas hahaha Mas lá pela metade começou a ficar um tanto massante. Alguns capítulos são um primor, simplesmente excelentes. Outros não foram assim, não pra mim.
Uma coisa pequena que me incomodou é, pelo menos na versão em português, a utilização de uma linguagem mais sofisticada, pois sendo o livro uma obra que deveria ser lida pela grande massa, a linguagem pode ser um obstáculo - acredito que tudo que queremos que chegue à todos deve ser dito de forma que todos entendam.
Um ótimo livro, que deixa um gosto para mais pesquisas e mais leituras, mas um pouco menos fabuloso do que eu esperava.
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Elton 08/11/2021

Livro que mostra o quanto as religiões fizeram (e ainda fazem) nações inteiras em verdadeiros retrocessos, o quanto são perversas e sem nenhuma piedade massacram qualquer um.
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Carla Verçoza 30/04/2021

O jornalista traz nesse livro fatos, vivências e opiniões sobre a nocividade das religiões no mundo todo. Com objetividade e acidez, não poupa nada, nem personalidades históricas bastante adoradas, como Madre Teresa, levanta assuntos que grande parte das pessoas finge ignorar. Livraço. O pensamento de Christopher Hitchens, que faleceu em 2011, faz falta.
Alguns trechos:
"Todas as posturas de submissão e rendição devem ser parte de nossa pré-história. (...) vida, inteligência e questionamento começam exatamente no ponto em que a fé termina"

"Não somos imunes à sedução do encanto, do mistério e do assombro: temos arte e achamos que os sérios dilemas éticos são mais bem abordados por Shakespeare, Tolstoi, Schiller, Dostoievski e George Eliot do que pelas histórias morais míticas dos livros sagrados."

"É certo que em todo o mundo outras pessoas inocentes e decentes irão morrer, de forma terrível e desnecessariamente, como resultado desse obscurantismo. A postura da religião em relação à medicina, assim como em relação à ciência, sempre é necessariamente problemática, e com muita frequência necessariamente hostil. Um crente moderno pode dizer, e até mesmo acreditar, que sua fé é totalmente compatível com a ciência e a medicina, mas o fato incômodo continuará a ser que as duas coisas tendem a quebrar o monopólio da religião, e frequentemente enfrentaram forte resistência por essa razão." (...) "Sabe-se há muito tempo que o papilomavírus humano (HPV) é uma infecção sexualmente transmitida que, no pior dos casos, pode causar câncer de colo de útero em mulheres. Já está disponível uma vacina? hoje as vacinas são desenvolvidas cada vez mais rapidamente?, não para curar a doença, para imunizar as mulheres contra ela. Mas há forças no governo que se opõem à adoção da medida com base em que ela não desencoraja o sexo antes do casamento. Aceitar a disseminação do câncer do colo do útero em nome de Deus não é diferente, moral ou intelectualmente, de sacrificar essas mulheres em um altar de pedra e agradecer à divindade por nos dar impulso sexual e então condená-lo."

"(...) cito Albert Einstein, muito mal representado, mais uma vez. Ele se dirige a um correspondente que está perturbado com mais uma daquelas muitas representações equivocadas: 'Foi, claro, uma mentira quando você leu sobre minhas convicções religiosas, uma mentira que está sendo sistematicamente repetida. Eu não acredito em um Deus pessoal, e nunca neguei isso; ao contrário, o disse claramente. Assim, se há algo em mim que possa ser chamado de religioso é a ilimitada admiração pela estrutura do mundo na medida em que nossa ciência possa revelá-la. (...) Eu não acredito na imortalidade do indivíduo, e considero que a ética é uma preocupação exclusivamente humana sem qualquer autoridade sobre-humana por trás dela'."
Vladimir.Pereira 04/07/2021minha estante
Harris é BEM ERRADO. Veja bem, sou ateu convicto. Mas não concordo com absolutamente nada da péssima argumentação de Harris.
1º: Ele está com a cabeça IMPREGNADA do Monoteísmo Ocidental. A ideia de que Religião se baseia na fé, que é distinta da Razão (Ciência). Na primeira você simplesmente crê e não pensa; na segunda você pensa. Certamente as "Religiões do Livro" são uma imensíssima minoria ao longo dos milhões de anos da história humana, e de todos os 5 continentes habitáveis.
A gigantesca maioria das Religiões, como as orientais e o paganismo, se baseia em uma pura reflexão de mundo, uma tentativa de raciocinar a partir de análises empíricas (ciência). Exemplo: o Platonismo é um religião? Sim, assim como Taoísmo etc. Mas ambos não têm um dedo de "creia: não pense", são tentativas de estabelecer uma Filosofia Ética a partir de uma meta-análise do mundo natural.
A Ciência pode dizer tudo sobre "o mundo natural", mas não pode dizer um pio sobre moralidade. É errado praticar estupro, eutanásia, infanticídio, fraticídio ou canibalismo? Bem, todas essas práticas são muito vistas no Reino Animal. São erradas? Há tantos sistemas éticos diferentes, seja de Kant, de Stuart Mill, dos árabes, dos indianos etc. No geral, a gigantesca maioria das "Religiões" pagãs e orientais são uma tentativa de definir soluções éticas para problemas a partir da análise racional natural, e a "Espiritualidade" nada mais é do que esse exercício da razão.
2º A Religião, no geral, é benéfica (evolutivamente). As Religiões reforçam os laços de sexo, as identidades étnicas, o que atua (beneficamente) na "Seleção de Parentesco" ("Seleção de Grupo" - étnico/racial). Ou seja, um hindu convicto reforça os seus laços com a etnia indiana, enquanto um "secularista"* teria menos apreço pelo reforço da identidade étnica. Evolutivamente, ajudar um outro indiano é melhor do que ajudar um português, por exemplo. Logo, é benéfica.
As Religiões também estimulam uma maior procriação do que os "secularistas"*. Nesse sentido, é benéfico pela Seleção Natural ("procriação dos mais aptos").
Ou seja, por esses dois pontos, a Religião tendeu a se perpetuar, ao longo dos milhões e milhões de anos dos dias de hoje. Até hoje, os árabes muito religiosos têm muito mais filhos do que os europeus "secularistas"*, o que evolutivamente é bom (nenhum Darwinista pode negar isso, sem dúvidas).
3º Se a Religião fosse maléfica, ela já teria sido eliminada. Ou mais: se um dia ela se tornar maléfica, ou "desatualizada", então, assim como o rabo nos seres humanos (que foi eliminado), o mesmo ocorrerá com a Religião. A Natureza sempre elimina tudo o que é nocivo ou ruim, pela Seleção Natural. Ou, no mínimo, essa é uma gigantesca tendência. Se a religião até ainda não foi, é porque continua sendo benéfica. Se um dia passar a ser ruim, será eliminada.
Lógico, você pode (corretamente), de maneira científica, realizar uma previsão ("eu acho que o apêndice deixará de existir": "eu acho que a Religião vai embora"). Ok, aí você está sendo Científico. Por outro lado, apenas "o que eu gostaria", aí não é ser científico, e sim "doxa" (ao invés de "epistème"). Talvez pudesse tomar umas aulinhas com o Mestre Platão.
Enfim, o "Livre Arbítrio" não existe (é algo profundamente "anti-científico"). Nós somos "meros joguetes da Natureza". Se quer Ciência, é sabido que Espinosa deixou isso claro (e todos os cientistas concordam). Enfatizar isso seria de crucial importância, para que houvesse justiça.



Vladimir.Pereira 04/07/2021minha estante
Você concorda (ao menos isso) que as ""reflexões"" que ele faz acerca das Religiões Orientais são péssimas?
Até mesmo a grande maioria dos escritores ateus (amantes do ateísmo), como Yuri Harari, defendem a meditação, defendem o Budismo, e tem práticas do tipo.





Daniele 03/03/2021

Esse livro é tão bom que nem sei por onde começar.

Uma vez ouvi o Pirula dizer que com a morte do Christopher Hitchens, o mundo ficava mais burro. Eu não poderia discordar.

Os capítulos são muito bem organizados, a acidez e clareza em cada parágrafo me fizeram, mesmo tendo entendido perfeitamente, voltar e ler outra vez, apenas para ter certeza de que não estava perdendo nada.
Ele demonstrou fatos, falou de experiências e argumentou de uma forma incrível sobre os males das religiões espalhadas pelo mundo. Uma ressalva para os capítulos voltados ao Oriente médio e ao islã, que gostei demais.

Infelizmente ele morreu há alguns anos, mas deixou um legado enorme. Que falta faz!

Um trecho que eu gostei muito:
"Somos filhos da história, e precisamos definir nossos próprios caminhos neste que é o mais diversificado e interessante dos universos concebíveis ? um que é indiferente ao nosso sofrimento, portanto nos oferece o máximo de liberdade para
prosperar, ou fracassar, da forma como escolhermos."
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Marcelo Marques 04/02/2021

??? ???? ????
O título e subtítulo do livro já são uma pequena amostra do que vamos encontrar em seu conteúdo. Além da óbvia estratégia de marketing para chamar atenção, e isso funciona bem, temos uma divertida antítese do famoso lema estampado na bandeira iraquiana onde é possível ler " Allah-u-Akbar", ou em traduções livres, "Alá é maior/ deus é grande". Partindo disto, Christopher Hitchens inaugura sua tese de como as religiões envenenam tudo, desde da vida privada até o funcionamento prático do Estado, prejudicando diversas vezes os avanços da nossa espécie e colocando milhões de vidas diretamente ou indiretamente em riscos. Tudo isso embasado em fatos e acontecimentos históricos.

Lendo as diversas críticas negativas do livro é possivel notar que um dos principais argumendo de Hitches se mostra verdadeiro; toda e qualquer manifestação que vá contra uma instituição religiosa gera uma onda de raiva pessoal, onde o indivíduo compra as dores do seu grupo e desconsidera totalmente o que está sendo revelado. O engraçado é que o autor não faz nenhuma tentativa de atacar deuses em particular, seu único alvo são puramente as instituições que dizem representar essas divindades e todas as ações realizadas em seus nomes. Nas suas próprias palavras :

"O que os crentes farão, agora que sua fé é opcional, privada e irrelevante, é problema deles. Não devemos nos preocupar, contanto que não façam mais tentativas de inculcar religião sob qualquer forma de coerção" (P.148)

Christopher, com sua experiência como correspondente de guerras no oriente, pode vivenciar as atrocidades que decorrem quando a religião ultrapassa as demarcações da atividade estatal, agindo como uma teocracia. Presenciou atos brutais que, para sua surpresa, eram justificados em nome de um deus todo-poderoso que mesmo assim ainda precisava de seus vassalos para agir na sua "breve" ausência. Depois de ver tais coisas, não é atoa que ficou conhecido pela sua agressividade argumentativa, pois já estava saturado de ver as mesmas aberrações travestidas de deuses com nomes diferentes.

Você, leitor, não deve esperar explicações científicas como as de Sagan, não é essa a proposta de Hitchens. Aqui temos um jornalista fazendo um compilado de informações que muitas vezes ignoramos ou preferimos não acreditar. Esteja preparado para absorver críticas sobre personalidades santificadas mundialmente como Gahdi ou Madre Teresa, rever conceitos religiosos e até mesmo repensar sobre a própria fé cega em organizações. Também se assuste em perceber como o nome de deus, à exemplo da bandeira iraquiana, ainda é usado por qualquer um que queria poder, basta lembrar do infeliz lema presidencial "deus acima de tudo...'.

"Ainda que as autoridades pudessem nos obrigar a comparecer às preces, não poderiam nós obrigar a rezar" (P.441)
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Ingrid 28/11/2020

Recomendo demais esse livro para crentes e não crentes. Leitura suave e entendivel, não necessitando de conhecimento prévio.
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Cristian 02/10/2020

Até onde a religião é capaz de ir?
Um ótimo livro para se ler e rever os conceitos que trazemos conosco a respeito das religiões. Christopher Hitchens foi muito feliz em trazer essa obra, que deveria ser lida por todas as pessoas - pelo bem da própria sociedade (mergulhada muitas vezes em ideias e ações movidas pela religião, direta ou indiretamente).

O livro é dividido em 19 capítulos, contendo títulos chamativos e que fazem uma breve alusão ao assunto que será tratado durante aquele capítulo em questão.
O Hitchens vem trazendo diversas críticas e refutações ao pensamento religioso no geral, mas com uma atenção especial ao Cristianismo, Judaísmo e Islamismo - mostrando como essas religiões estão correlacionadas, e como cada uma se usa de diversos meios para perpetuar suas ideias, muitas vezes absurdas, mesmo nos dias de hoje, com tantas experiências passadas na História com a religião tomando o pódio do poder na sociedade.
Muitas são as críticas que o autor traz, mostrando muitas contradições nos discursos religiosos e até mesmo nas suas "escrituras sagradas", mostrando como aqueles que estão imersos em uma ou outra religião sofreram uma grande influência externa - seja cultural, dos pais, de amigos, da própria sociedade - e estão reproduzindo essas ideias para as gerações posteriores, garantindo a perpetuação do domínio religioso frente ao bom senso e ideias irrefutáveis pela ciência, mas que por colocarem toda a estrutura religiosa em risco, são classificadas como "heresias" e inimigas da moral religiosa, que segundo muitos líderes e integrantes religiosos é a que deve mover a sociedade.
O autor, por fim, depois de mostrar diversos argumentos concretos de como a ideia de religião não passa de uma espécie de surto coletivo e imensa hipocrisia, fala da necessidade de um "novo Iluminismo" como solução para todo esse problema envolvendo as instituições religiosas.

Um livro com uma carga de ideias densa, uma escrita bem marcante e, apesar disso, muito envolvente. Não achei nada impossível, o livro só requer dedicação para a sua leitura (desde as suas primeiras páginas). Uma obra sensacional, digna de releitura posteriormente. Impossível sair dessa obra com os mesmos pensamentos de antes da sua leitura.
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